domingo, 30 de junho de 2013

O futuro da lavoura: um contraponto a crítica ambiental oitocentista no jornal “O vassourense” (1882-1884)"

Este post é para divulgar e disponibilizar a monografia de Adriano Figueiredo de Almeida apresentada na faculdade de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro com o título " O futuro da lavoura: um contraponto a crítica ambiental oitocentista no jornal “O vassourense” (1882-1884)". Leia o resumo a seguir:
Vassouras em 1859 - foto de Victor Frond

A transformação da natureza pela grande lavoura, de mata virgem a plantações de café, de descampados a solos inférteis, são fragmentos do debate agrícola no Brasil Império. O olhar utilitarista sobre a natureza, como possibilidade de exploração econômica e espaço de destruição, fez parte do debate de homens comprometidos com o progresso do país que no século XIX receavam os efeitos negativos da ação humana sobre o mundo natural tendo como vetor a herança colonial. Baseados em suas ideias e anseios diante dos problemas enfrentados, o projeto de construção de nação progressista e a conservação e a manutenção da produção, questões estruturais associadas ao escravismo, latifúndio e monocultura, desenvolveram suas críticas focando mudanças nas técnicas agrícolas, substituição da mão de obra, o fim gradual da escravidão e dos grandes latifúndios, com a introdução de uma agricultura moderna. A partir do periódico “O Vassourense” no período de 1882 a 1884, é possível observar um debate agrícola pautando medidas reformistas por parte de seus redatores ligados de certa forma a classe senhorial em Vassouras. Será possível analisar os pontos em que os artigos se aproximam ou refutam os pensamentos radicais, no caso, da corrente de críticos ambientais, dentro de um espaço de debate e construção de opinião pública visando reconstituir indícios de que as ideias e pensamentos tiveram repercussão no cenário político da região. Reconstituir esse debate em Vassouras no Vale do Paraíba a partir do jornal fazendo uma conexão entre seu papel como divulgador de ideias, o debate agrícola e o pensamento da corrente de críticos ambientais é o enfoque deste trabalho.

Baixe a monografia completa clicando aqui

quinta-feira, 27 de junho de 2013

II Jornada Gaúcha de História Ambiental

No próximo mês de Agosto acontecerá a II Jornada Gaúcha de História Ambiental, organizada em conjunto pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e GT História Ambiental Anpuh-RS. Temos a satisfação de divulgar em nosso blog esse evento que contará com estudantes de graduação e profissionais historiadores que discutem essa temática. Resta dizer que as atividades são abertas ao público em geral e a programação pode ser conhecida abaixo e nos links a seguir:

Data: 08 e 09 de agosto de 2013, na FURG.
Confira  os detalhes abaixo (clicando nelas você pode visualizar em tamanho maior)



quarta-feira, 26 de junho de 2013

História ambiental nos EUA: textos em "The journal of American History"

Este mês, a "The journal of American History" apresenta os textos de uma mesa redonda com a temática da história ambiental e uma reflexão sobre esse campo de estudo sob o título de "State of the Field: American Environmental History". Como sabemos, a leitura desses textos são pagos, mas nesse caso estão gratuitos. 

Uma espécie de balanço breve feito por Paul Sutter considera que a "história ambiental saiu do deserto e encontrou o seu caminho em quase todas as paisagens americanas. Embora os historiadores ambientais americanos tenham um interesse maior no poder do capitalismo para transformar o mundo natural, eles tem abordado novas formas de como acontecem as mudanças ambientais. Eles começaram a utilizar abordagens inovadoras para a saúde, doença e corpo; renovaram o seu interesse na agricultura, e tornaram-se muito mais a vontade na interpretação do mundo humano. Eles se envolveram com temas sobre raça, etnia, classe, gênero, sexualidade e outras categorias de análise, (...); fizeram das ciências ambientais assuntos próprios de investigação, (...) exploraram as ricas dimensões culturais das interações humano-ambientais".

Os autores e seus artigos são os seguintes:

Paul S. Sutter
The World with Us: The State of American Environmental History

David Igler
On Vital Areas, Categories, and New Opportunities

Christof Mauch
Which World Is with Us? A Tocquevillian View on American Environmental History

Gregg Mitman
Living in a Material World

Linda Nash
Furthering the Environmental Turn

Helen M. Rozwadowski
The Promise of Ocean History for Environmental History

Bron Taylor
“It's Not All about Us”: Reflections on the State of American Environmental History

Paul S. Sutter
Nature Is History

Para acessa-los click aqui ou procure o volume 100 da revista publicada em Junho de 2013.

terça-feira, 25 de junho de 2013

'O grande Gatsby': natureza e consumismo na obra de F. S. Fitzgerald

Assim que fiquei sabendo que 'O Grande Gatsby' de F. Scott Fitzgerald entraria em cartaz, fui à livraria para saber quanto custaria o livro. Qual fui minha surpresa, encontrei uma ótima edição com um preço também muito bom. Comprei e li antes de assistir o filme.
Capa da 1a. edição

O texto de Fitzgeral conta a história de Nick Carraway e seu grande grande fascínio por seu vizinho, o misterioso Jay Gatsby. Após ser convidado pelo milionário para uma festa incrível, o relacionamento de ambos torna-se uma forte amizade. Quando Nick descobre que seu amigo tem uma antiga paixão por sua prima Daisy Buchanan, ele aceita reaproximar os dois, esquecendo o fato dela ser casada com seu velho amigo dos tempos de faculdade, o também endinheirado Tom Buchanan.

O Grande Gatsby,  publicado pela primeira vez em 10 de abril de 1925, é sobretudo uma crítica ao "Sonho Americano" e os exageros de uma classe consumista desse período que experimentou grande prosperidade econômica na década de 1920.  O materialismo sem limites e a falta de moral, que traziam consigo uma certa decadência, é apresentada com ótima qualidade literária.

Além disse, alguns pontos me chamaram atenção. A ostentação e a riqueza quando são relatadas passam pela descrição da paisagem, a baía em frente a casa de Gatsby e a organização do jardim italiano que decorava a frente da casa do milionário, assim como o gosto pelo cavalo e o golfe. 

Cena do filme 'O grande Gatsby'

Recomendo o filme pela qualidade em apresentar tudo isso que li, além de deixar mais viva as mudanças de paisagem entre a classe alta e os trabalhadores das carvoarias que sustentavam a luxúria em Long Island. Pode ser que Fitzgerald não teve a pretensão específica de retratar a natureza daquele mundo milionário conhecido por Jay Gatsby, mas quisemos pensar um pouco como essa narrativa nos permite refletir sobre a relação entre o materialismo, natureza e até mesmo a moralidade. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Protestos contra o vandalismo estatal

Diante das manifestações da população de várias cidades brasileiras contra os estado de coisas que estamos vivendo, a precariedade do serviço público oferecido aos contribuintes que teve como estopim o aumento das passagens de ônibus, fiquei paralisado e acabei postergando esta próxima postagem.

Minha opinião sobre os últimos acontecimentos é que tudo demorou demais para acontecer. Quantos políticos ficaram ricos enquanto estávamos diante da tv sendo embebedados por uma programação inútil. Foi então que a internet tornou possível a opinião de cada indivíduo circular e movimentar o pensamento dos brasileiros contra os governos inoperantes. O Facebook parece ter prestado grande serviço para nos unir e fazer com que levantássemos do sofá e tomássemos as ruas.
Rosto de Erdogan vira bomba de gás lacrimogêneo chutado por um jovem no parque


Sobre o vandalismo, penso que somos vandalizados a todo instante quando o Estado não nos entrega o serviço que contratamos e pagamos, além de nos fazer de trochas todos os dias. A revolta contra isso nem sempre é pacífica. A impressa percebe que  não é mais a única detentora da informação. Agora eu posso dizer o que penso e ser lido por milhares de pessoas.


O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, é retratado cortando uma árvore na praça Taksim, em Istambul; derrubada de árvores para construção de shopping foi estopim de protestos na cidade.

Sobre os manifestantes que tem rejeitado bandeiras políticas, penso que é uma resposta aos partidos ditos puros e honestos que na ultima eleição aceitaram apoio das velhas raposas da política brasileira.

As imagens que acompanham estas palavras são cartoon de Carlos Latuff. As escolhi porque alguns posts atrás desejei que fossem plantas jovens turcos nas ruas brasileiras. Nasceram. Inspiração? Não sei. Só sei que estamos vivendo protesto que são realmente históricos. Desejo que tomemos gosto pelos atos de protesto.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

As hiper mulheres: música, oralidade e natureza

'As hiper mulheres' é um filme pra se divertir enquanto somos convidados a refletir sobre o cotidiano de uma outra cultura. Um excelente trabalho dos diretores Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro que foram além de uma narrativa interessante, para nós que não conhecemos a vida dos indíginas a funda, é sobretudo um filme revelador.

O filme conta a história de um velho que, temendo a morte da esposa idosa, pede a seu sobrinho que realize o maior ritual feminino do Alto Xingu, para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente. 
Enquanto isso, a narrativa apresenta o processo de perpetuação dos cantos sagrados (o ritual feminino do Jamurikumalu) aos mais novos. Mas Kanu, aquela que realmente conhece todos os cantos, está doente, e trazer de outra aldeia alguém capaz de exercer a função é inviável. Sem exageros, o sexo é tratado de maneira simples, com uma sensualidade divertida.



Os atores pertencem a etnia Kuikuro, do Alto Xingu, e nos permitem conhecer como a música tem papel indispensável não apenas para a construção histórica desse povo mas para acessar o mundo espiritual do presente. Em várias cenas é possível se deliciar com belos panoramas e perceber como essa comunidade mescla diversas culturas e tradições, inclusive dos brancos.

A cultura material também está presente nas cenas de 'As hiper mulheres', o solo, a floresta, a caça aos peixes e os instrumentos também revelam como a natureza faz parte de um cotidiano que parece não ter abusado dos recursos disponível no mundo. O mundo natural compõe ão apenas as música, mas também a memória dos Kuikuro. Uma sociedade em que as mulheres tem papel diferente daquele  que nós conhecemos. Mas, sobretudo, é um outro tipo de cinema que também diverte e nos faz refletir. Recomendo!

terça-feira, 11 de junho de 2013

As árvores de Gazi Tarkisim

O vídeo que acompanha essas palavras motivou o post de hoje nos convidando a refletir como a censura e a falta de diálogo com a sociedade devem ser condenados pelos que gozam da liberdade. A primeira cena é a derruba das árvores do Parque Gazi Tarkisim, localizado na turquia, e já explica o porque de publicarmos aqui.

A defesa do parque como refúgio na cidade foi escolhida como motivo inicial das reações dos jovens turcos para questionar não só a presença das árvores mas como a derrubada dos vegetais simboliza essa invasão do cimento proposto pelo capitalismo sem limites. É possível mais árvores e menos shopping center? A atitude dos manifestante é mais do que isso. O plantio das árvores é uma forma de questionar o caminho que os empresário e o governo tem tomado, isto é, o consumismo desenfreado tem provocados grandes problemas ao nosso planeta. 

Com a Copa e as Olimpíadas vindo para o Brasil muitas árvores tem sido derrubadas sem que nos tenhamos dado conta. É preciso plantar árvores nos parques Gazi Tarkisim espalhados pelo mundo.Vamos plantas jovens turcos nos parques brasileiros? Assista o vídeo e pense sobre isso!

 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um Django Livre no Distrito Federal: faroeste caboclo e o sujeito histórico

Passado em Brasília, 'Faroeste Caboclo' é um filme baseado na música, com mesmo título, de Renato Russo que para além de cumprir o papel de divertir, pode ser entendida como um relato sobre o cotidiano da década de 1980 na capital brasileira e suas conexões com outras regiões do país.

João, o protagonista da trama, decidi (ou a vida faz assim) se mudar de Santo Cristo, suposta cidade baiana, para Salvador. Ali fica sabendo das oportunidades que o Distrito Federal poderia lhe proporcionar. É uma crônica do mundo urbano brasileiro e o impacto que ele causa na vida de um jovem vindo do interior com o cuidado de tratar os personagens como sujeito de sua própria história.

O diretor do filme, René Sampaio, fez sua estreia em grande estilo. Apesar de cometer alguns erros para acelerar as passagens de tempo no início da película, é extremamente feliz quando decidi dar um tom de Django Livre para seu filme, isto é, assumi tomadas típicas de histórias do faroeste americano, contando o complexo mundo das drogas, as diferenças e preconceitos sociais, as continuidades entre campo e cidade e outros temas mais.

O ponto alto do filme é a independência de João do Santo Cristo na trama. Ele é um sujeito histórico, isto é, não é passivo no contexto que vive, ao contrário, faz escolha. Herói quase indestrutível, que não se comprava no final, combatendo SEUS vilões apenas a partir de seus próprios interesses. Como todos nós somos e  como alguns historiadores insistem em  não aceitar em suas narrativas que constroem personagens heróis até o fim ou indivíduos altruístas que lutariam por uma causa sem pretensões. Vale a pena assistir!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Conferencias de historia ambiental latinoamericana, 4, 6 y 7 de junio


Martes 4 de junio, 4-6 pm
¿Control y vigilancia? Parques nacionales en América Latina
Claudia Leal, Universidad de Los Andes
Jueves 6 de junio,  4-6 pm
Ciencia, imperialismo y ambiente en América Latina
Nicolás Cuvi, FLACSO-Ecuador

Viernes 7 de junio, 4-6 pm
Historia social e historia ambiental: reflexiones a propósito del
libro Culturas bananeras
John Soluri, Carnegie Mellon University, Pittsburgh

Lugar: Universidad de los Andes, Bogotá, Colombia.

Entrada libre. 

Las tres conferencias se realizarán con el apoyo de la Universidad Nacional de Colombia y del Rachel Carson Center for Environment and Society, y parte de la programación de la Primera escuela de Posgrado de la Sociedad Latinoamericana y Caribeña de Historia Ambiental SOLCHA, a celebrarse del 3 al 7 de junio de este año.