segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Brasil é um grande formigueiro: território, ecologia e a história ambiental da América portuguesa

Na próxima segunda-feira, dia 25/11, o prof. Diogo Cabral dará uma palestra na Escola Nacional de Ciências Estatísticas, que é a unidade acadêmica do IBGE (o endereço é Rua André Cavalcanti, 106 - sala 306 – Santa Teresa - Rio de Janeiro). Está marcada para as 16hs. O título é "O Brasil é um grande formigueiro: território, ecologia e a história ambiental da América portuguesa", e o resumo está a seguir abaixo. 

Resumo: 
Nesta comunicação, proponho uma leitura não-antropocêntrica da história territorial brasileira. Em primeiro lugar, procuro reconstruir teoricamente o conceito de território de modo a incluir e ‘subjetificar’ toda e qualquer coisa terrena, no domínio da agência histórica. Para evitar o espacialismo abstrato (geométrico) de muitas das geografias tradicionais, sugiro abordar o território como um campo vital contínuo (i.e., sem ‘buracos’), diversificado e todo-abrangente de que os humanos participam, como condição necessária de sua existência terrena. Desenvolvida essa teoria, passo a utilizá-la para a construção de uma breve narrativa acerca do encontro e das adaptações recíprocas entre florestas costeiras, ameríndios, colonos neoeuropeus e formigas cortadeiras, durante a colonização portuguesa. A título de conclusão, ressalto o contraste entre a atitude ‘dialogal’ e a atitude ‘colonial’ com que ameríndios e neoeuropeus, respectivamente, participavam dos encontros ecológicos, mais-do-que-humanos, que proponho chamar de territórios

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Revista Cantareira: chamada para dossiê 'história e meio ambiente'

Chamada para publicação na 19ª edição da Revista Cantareira

É com muita satisfação que a Revista Cantareira, publicação discente do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (ISSN 1677-7794), passa a receber propostas de artigos para compor o dossiê "História e meio ambiente” a ser publicado no primeiro semestre de 2014.

A partir de uma abordagem interdisciplinar as pesquisas que investigam as relações entre a História e a natureza, em seu sentido mais amplo, ganharam força nos últimos anos. Motivada por esse impulso a Revista Cantareira esta aberta a receber contribuições nessa área.

Desde o final do século XIX e princípios do século XX, o chamado “determinismo geográfico” era uma corrente científica influente em vários países da Europa, com repercussões também no Brasil. “Os Sertões” (1902) de Euclides da Cunha talvez seja o exemplo mais marcante dessa influência entre os intelectuais brasileiros. Nas primeiras décadas do século XX esse determinismo também começava a ser revisto. Os estudiosos fizeram uma releitura passando a destacar não como o meio determinava o desenvolvimento das sociedades, mas o quanto ele influenciava. A publicação de “O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II” de Fernand Braudel em 1946 foi um passo importante nessa releitura, mas antes dele Marc Bloch e Lucien Febvre já haviam dado contribuições nesse sentido. Mais uma vez, os historiadores brasileiros acompanhariam de perto esse processo ainda que, neste momento, não se possa estabelecer uma relação direta entre a produção intelectual na França e no Brasil. Gilberto Freyre com “Nordeste” (1937) tratava do impacto da cana de açúcar na destruição do meio ambiente e suas implicações sociais, assim como Sérgio Buarque de Holanda alguns anos mais tarde abordaria com “Monções” (1945), como a expansão das bandeiras paulistas também esteve condicionada aos regimes fluviais.

A partir de meados do século XX as investigações sobre o tema ganharam grande sofisticação com os trabalhos de Emmanuel Le Roy Ladurie – “L’Histoire du climat depuis l’na mil” (1967) – na França e de Keith Thomas – “O homem e o mundo natural” (1983) – na Inglaterra. O historiador francês procurou relacionar o surgimento das doenças, como pestes, e as transformações de ordem natural, enquanto Thomas demonstrou o surgimento de novas sensibilidades do homem em relação as plantas e os animais na época moderna.

Ainda relacionada a esta temática é preciso se referir ao livro “A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira” (1996) de Warren Dean que tratou da história das relações entre o homem e a Mata Atlântica e da devastação desse ecossistema único no mundo.

Trata-se, portanto, de um campo que continua a florescer e, assim, a Cantareira tem em vista receber trabalhos originais na área.

Além das contribuições para o dossiê, a revista aceitará também artigos livres, resenhas e transcrições comentadas sobre temas diversos. Os interessados devem seguir as normas de publicação disponíveis em: http://www.historia.uff.br/cantareira.

O prazo para recebimento de artigos do dossiê e das diferentes seções da Revista encerra-se em 16 de dezembro de 2013.
http://www.historia.uff.br/cantareira
www.historia.uff.br

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

La Historia Ambiental, la Geografía y los Sistemas de Información Geográfica aplicados en los estudios territoriales

Gostaria de convidar a todos para a apresentação da Dra. Marina MIraglia, no dia 7 de novembro de 2013, às 14 horas, na sala 312 no IFCS-UFRJ.

O tema da palestra será: 

La Historia Ambiental, la Geografía y los Sistemas de Información Geográfica aplicados en los estudios territoriales.

Marina Miraglia es doctora en Filosofía y Letras con Orientación en Geografía (Universidad Nacional de Buenos Aires. Docente de Historia Ambiental en la Universidad Nacional de Buenos Aires y de Sistemas de Información Geográfica en la Universidad Nacional de General Sarmiento; Investigadora en temas vinculados a las aplicaciones territoriales de los Sistemas de información geográfica. Directora de la Tecnicatura Superior en Sistemas de Información Geográfica en modalidades presencial y a distancia y Coordinadora del Laboratorio de Sistemas de Información Geográfica de la Universidad Nacional de General Sarmiento (2002-2011).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

5º Encontro Internacional de História Colonial EIHC

5º Encontro Internacional de História Colonial EIHC – 19 a 22 de Agosto de 2014

Criado em 2006, na Capitania da Paraíba, o Encontro Nordestino de História Colonial tinha como pressuposto discutir as temáticas concernentes à experiência colonial em suas mais diversas localidades americanas e, por que não dizer, africanas e asiáticas na Época Moderna.

Realizado a cada dois anos, em 2008, o mesmo já estava na Capitania do Rio Grande Norte, local onde se tornou Internacional por sua vasta abrangência de temáticas e, sobretudo, pela grande participação de pesquisadores e professores de outros países. Tal feito não só consolidou no território nacional a atividade de extensão, como tornou-se um ponto de parada obrigatória de toda nau estrangeira que visava  atracar nos estudos coloniais da modernidade.

De lá para cá, o EIHC já passou pelas capitanias de Pernambuco e pelo antigo Estado do Maranhão e Grão-Pará, mas especificamente na Capitania do Pará. Divulgando pesquisas, trocando experiências, promovendo debates científicos e, mais do que isso, consolidando os estudos sobre o mundo colonial, este evento, em 2014, retorna à Capitania de Pernambuco! No entanto, por conta de sua vastidão, a localidade escolhida para este momento era aquela denominada de “as parte do sul” ou, a partir de 1712, a Comarca das Alagoas.

A criação desta nova jurisdição somente atestava a especificidade e a diferença que as localidades do “sul da Capitania de Pernambuco” tinham em relação às Vilas de Olinda e Recife. Assim, dentro da comarca três vilas se destacam: a Vila de São Francisco de Penedo, considerada pelos agentes coloniais a mais “selvagem”; a Vila de Porto Calvo, com características similares ao mundo açucareiro da sede da capitania; e a Vila de Santa Maria Magdalena Alagoas do Sul, considerada importante por sua centralidade e pelos portos do Francês e Jaraguá escoarem a produção local.

Fora justamente nesta última vila que se sediou a “cabeça da Comarca”, hegemonizando o território e nomeando o que, em 1817, após a insurreição pernambucana, se convencionou chamar de Capitania/Província das Alagoas. Se foi traíra naquele momento à causa dos insubordinados pernambucanos, pouco importa! O que se destaca, naquele episódio, é a concretização da demarcação de um espaço diferenciado dentro da capitania, com vida própria,  com atividades camaristas específicas, com economia consolidada e com súditos portugueses que já não se afinavam com a sede da Capitania de Pernambuco!

Enfim, é neste espaço reconhecidamente lembrado pelo banquete feito pelos índios caétes ao Bispo Fernandes Sardinha, pelo celebre personagem de Calabar no período flamengo e pelos habitantes Mocambos de Palmares que ocorrerá o V ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA COLONIAL. Por conta disso, a temática proposta não podia ser diferente: CULTURA, ESCRAVIDÃO E PODER NA EXPANSÃO ULTRAMARINA (SÉCULOS XVI AO XIX).

Por tudo isso, sintam-se convidados a desbravar a terra dos caetés, a terra dos quilombolas, a terra das aguardentes, dos açúcares, do fumo, dos peixes e dos gados, e, agora a terra do EIHC-2014.