quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A natureza no Museu Egípcio de Barcelona

O Museu Egípcio de Barcelona é uma joia que está próxima dos principais pontos turísticos da capital catalã. Com suas mais de mil peças que testemunham o tempo dos faraós, foi o primeiro museu a tratar dessa temática na Espanha. O post de hoje é sobre como os elementos do mundo natural estão presente na exposição permanente da referida instituição.

Antes de falarmos propriamente de como a natureza está representada na coleção, quero compartilhar o pensamento de como as nobres peças do Faraó mostram um sociedade bastante desigual e baseada no trabalho escravo. Todo ouro e trabalhos caros em madeira sempre me remetem a esse tipo de reflexão, no qual os mais ricos egípcios construíram suas fortunas explorando exaustivamente não apenas os recursos naturais, como também o trabalhos escravo.

Observamos peças que contam o cotidiano do uso de oferendas entre os anos 2040 e 1640 a.c. A imagem leva sobre a cabeça cestos sustentados pela mão esquerda. O artista teve o cuidado de representar ofertantes maquiadas, bem vestidas, penteadas e portando preciosas jóias, denotam que estas persianagens fossem de um grupo social abastado. A legenda nos conta que os patos eram uma das oferendas mais apreciadas e um requintado alimento, além de possuíram conotação sexual. Interessante pensar em como esse tipo de prática se perpetuou em outras civilizações, chegando até nossos dias. 


Um dos destaques da coleção é o sarcófago de íbis, construído de madeira, folhas de ouro e bronze. Provavelmente confeccionado no período Ptolomaico (302-30 a.C). A múmia do pássaro se encontra no interior do sarcófago. A funerária em formato do próprio íbis é apenas uma das muitas formas que guardam as múmias. A peça em exposição no Museu Egípcio de Barcelona se encontra na posição mais comum: patas e asas recolhidas, cabeça curvada e apoiada sobre o dorso, como se estivesse em posição de dormir.


Os móveis também foram construídos inspirados em animais. Vemos peças como tamboretes com pernas em forma de patas de leão. Cadeiras, camas e outros móveis apresentavam formas de animais em sua estrutura, principalmente felinas e bovinas. Acredita-se que uma das intenções era garantir qualidade selvagens como força, potência e robustez que seriam transmitidas magicamente aos objetos, beneficiando seu usuário. Certamente, esse tipo de prática revelava a boa condição econômica do proprietário desses móveis.

Assim, vemos a natureza influenciando diretamente não apenas as formas dos objetos, mas também a compreensão de mundo dos egípcios e todos os povos que entraram em contato com essa civilização.