quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Editorial - fim de ano - 2015 (vídeo)

Prezad@s amig@s,

Esta postagem é para agradecer a todos que colaboraram e acessaram o HN ao longo deste ano de 2015. Desejo a todos um Feliz Ano Novo e que em 2016 possamos contar mais histórias felizes sobre a relação entre os humanos e o mundo natural. 


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Hóspedes ilustres: os animais e o nascimento de Jesus

adoração dos pastores (1609) - Caravaggio
E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. Evangelho de Lucas 2:7

Entre os cristão a  história do nascimento de Jesus Cristo é central e motivo das comemorações de Natal. Ao longo do tempo, os mais deferentes artistas retrataram esse episódio tornando a estrebaria um lugar agradável e aconchegante. O post de hoje é para pensarmos na presença dos animais nessa cena tão emblemática para o cristianismo.

Assim como no quadro pintado por Caravaggio, a presença dos animais é pouco notada quando essa história é contada, afinal, devido não ter vaga na estalagem, Maria deu à luz na garagem do hotel, insto é, no estábulo, onde os hospedes guardavam os animais que lhes servia de transporte.

O relato bíblico é bem claro ao dizer que Jesus nasceu na manjedoura, local onde se colocava os alimentos dos animais. Então, foi na companhia de cavalos, burros e quem sabe bois (e outros animais que poderiam habitar o estábulo como insetos) que se passou um dos episódios mais importantes do cristianismo. Esses animais ocupavam um papel muito importante na palestina, pois serviam de transporte de carga e também de humanos. O estábulo os protegiam do frio e do ataque de animais ferozes.

A leitura atenta da Bíblia nos mostra a importância dos animais nos episódios que fundamentam a fé de milhões de cristãos. Uma pergunta que volta e meia me faço é em que momento, diferente de outras religiões como o hinduísmo, o cristianismo deixou de perceber a importância da Natureza ? Para mim, a descrição do nascimento de Jesus nos chama atenção para estarmos atentos a nossa interação com os animais, tratando com respeito as outras espécies. 

Ao contrário de tudo isso que escrevemos, o Natal se transformou em uma festa do consumismo, onde uma quantidade gigantesca de lixo é produzida. O capitalismo desvirtuou esse que poderia ser um evento para pensarmos nossa condição de moradores que compartilham o plante com outras espécies. Nossa leitura apressada muitas vezes não nos permitem perceber o burrinho no fundo da estrebaria. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Delimitações espaciais e a história ambiental: dossiê

Com prazer divulgamos o dossiê 'As delimitações espaciais na pesquisa em história ambiental' publicado na Revista de História Regional.

SUMÁRIO

Bacias hidrográficas, história ambiental e temporalidades
Gilmar Arruda

A Mata Atlântica e a Floresta Amazônica na construção do território brasileiro: estabelecendo um marco de análise
José Augusto Pádua

Paisagens através de outros olhares
Dora Shellard Corrêa

Fruto da terra e do trabalho humano”: paleoterritórios e diversidade da Mata Atlântica no Sudeste brasileiro 
Rogério Ribeiro de Oliveira

Florestas em territórios de fronteira: Sul do Brasil e Misiones na Argentina
Eunice Sueli Nodari

Problematizando as representações do mundo natural como delimitação espacial em História Ambiental: Entre a Araucarilandia e a Floresta Ombrófila Mista
Ely Bergo de Carvalho

A problemática espacial e a história ambiental
Haruf Salmen Espindola

Um conjunto de montanhas e de práticas culturais como escala de pesquisa em história ambiental
Alessandra Izabel de Carvalho

Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/rhr

sábado, 19 de dezembro de 2015

Vastos sertões: história e natureza na ciência e na literatura

Considero a organização desta coletânea muito bem-sucedida. Uma bem-aventurança, no sentido de que todos os autores contribuíram para o resultado final da obra. Procuraram esclarecer importantes perguntas comuns. Como podemos entender o sertão? E especialmente o Cerrado, que ocupa grande parte da obra e aparece em diálogo frequente com questões ambientais? Como a literatura e a historiografia ajudam a compreender o povoamento dessa região? Como podem ser interpretados os processos de expansão da fronteira Oeste na história mais ampla do Brasil? (Prefácio, por Sterling Evans).

Sumário

PARTE I
História e natureza na interpretação da ocupação dos sertões e do Oeste

A natureza na interpretação do Oeste: sertão e fronteira no pensamento brasileiro 
Lucia Lippi Oliveira

Da História da Fronteira à História do Oeste: fragmentação e crise na Western History norte-americana no século XX 
Arthur Lima de Avila

A construção simbólica do Oeste brasileiro (1930-1940) 
Sandro Dutra e Silva, Giovana Galvão Tavares,
Dominichi Miranda de Sá e José Luiz de Andrade Franco

A natureza nos conflitos da atividade de mineração do ouro nos sertões das Minas Gerais 
Carolina Marotta Capanema

Os outros são o atraso: populações rurais e modernização agrícola em Minas Gerais (1950-1960) 
Claiton Marcio da Silva

PARTE II
História e natureza na ciência na imensidão do Cerrado, a [in]domável natureza: sertão, fronteira e viajantes em Goiás na primeira metade do século XIX 
Fabíula Sevilha de Souza

Entre o mar e o sertão: a expedição biológica do belga Jean Massart ao Brasil, em 1922-23 
Alda Heizer

Capistrano de Abreu e Friedrich Ratzel na história da ocupação dos sertões brasileiros 
Ricardo Alexandre Santos de Sousa

A nova capital do Brasil: ciência e política nas comissões de estudos do Planalto Central
das décadas de 1940 e 1950 
Tamara Rangel Vieira e Nísia Trindade Lima

A ecologia do Planalto Central do Brasil: as pesquisas de Henrique Pimenta Veloso nos anos 1940 
Magali Romero Sá e Dominichi Miranda de Sá

A civilização da mandioca sob os cuidados da Nutrição: escritos sobre a alimentação da Amazônia 
Rômulo de Paula Andrade e Gilberto Hochman

PARTE III
História, natureza e literatura

O sertão ao redor do mundo: escritos portugueses do século XVI 
Victoria Saramago

A vida sertaneja entre a ficção e o testemunho: os “Quadros e Costumes do Nordeste” de Graciliano Ramos 
Thiago Mio Salla

“O ambiente perdido do distante sertão”: homem e natureza na prosa de Bernardo Élis 
Luciana Murari

Ermos sertões, distantes gerais: o Cerrado goiano na literatura de Bernardo Élis 
Sandro Dutra e Silva, Aurea Marchetti Bandeira e
Tálliton Túlio Rocha Leonel de Moura

Colonialismo no grande sertão: os jagunços de Bernardo Élis 
Wilma Martins de Mendonça e Thiago Fernandes Soares Ribeiro

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Salvaremos o planeta ? Chico Mendes, socialismo e ecologia

No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade
Chico Mendes
O post de hoje é para lembrar Chico Mendes, nascido em 15 de dezembro de 1944, em Xapuri - Acre. A frase acima destacada nos faz refletir sobre nossa incapacidade de salvar o planeta. Recentemente, em Paris, foi assinado um acordo para reverter o aquecimento global. O discurso dos diplomatas considera que esse acordo é histórico e salvará o mundo.

Chico Mendes já percebia que nossas ações ecológicas não poderiam salvar o planeta, mas sim a existência dos seres humanos. Mais uma espécie que habita a Terra. Outra marca deixada pelo sindicalista é a crítica ao capitalismo e a agressividade desse sistema diante das florestas. Para ele a devastação ambiental estava diretamente ligada a exploração do grande capital. Michael Löwy chama esse tipo de abordagem de: ecossocialismo.

 Dessa forma, Chico Mendes agiu além dos limites do sindicalismo e do ecologismo, propondo ações do Estado que levassem em consideração o contexto cultural e social das comunidades agrárias, sem deixar de lado a relação desses personagens com a floresta, como forma de garantir a existência não apenas dessas populações mas da humanidade como um todo.

Chico Mendes morreu buscando construir instrumentos de lutas políticas e sociais, utilizando argumentos sofisticados que questionavam o capitalismo e as consequências devastadores desse sistema para o meio ambiente. Assim, é preciso encontrar um outro caminho para a continuidade da espécie humana no planeta. 

domingo, 13 de dezembro de 2015

Da lama ao caos: música, história e natureza

Em 1994 a banda pernambucana Chico Science & Nação Zumbi lançava o álbum 'Da Lama ao Caos' misturando rock com maracatu. O grupo já chamava atenção para a relação desastrosa entre os humanos e o mundo natural. O posto de hoje é para lembrar esse registro musical e a tragédia ambiental provocada pela Vale no Rio Doce. 

A Nação Zumbi já chamava atenção para as transformações prejudiciais provocadas pelos humanos no ambiente habitado pelos aratus, caranguejos e chiés, especialmente nos manguezais. Além disso, a música 'Da Lama ao Caos" nos remete também a degradação social dos humanos em sua convivência urbana. Um trecho da canção:

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um caranguejo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Outros artistas também protestaram por meio de músicas e vídeo clips, podemos citar Michael Jackson, em Earth Song; O Rappa, em Tribunal e rua e tantos outros.  Vanessa da Mata, com a música Absurdo reclama:

Havia tanto pra respirar
Era tão fino
Naqueles rios a gente banhava

Recentemente o cantor Thiago Delegado lançou uma música que denuncia especificamente o que aconteceu com o Rio Doce:

Quem Vai Pagar o Que Não Tem Preço? (Thiago Delegado e Marcio Borges)

Quem vai dizer fim da esperança
essa herança irracional
que outros filhos terão
lama letal
lamaçal
água da gente beber
o dragão
arrastou na lama
quem vai pagar tão imenso mal
matou o rio afinal
o que era doce acabou
Antes da lama tocar meu blue
o verde vale era azul azul blue
a plantação queria dar
o peixe só queria
nadar
e eu também 
ser alguém feliz então 
cantar
Mas quem vai pagar o que não tem preço
me devolver o que não tem mais
quem vai virar o que está ao avesso
quem vai salvar o meu blue



 

Esse tipo de material pode ser aproveitado para introduzirmos esse tipo de discussão em sala de aula, utilizando a música para falar de um tema tão atual. Pensamos nessas sugestões que podem ser aproveitadas por professores de biologia, geografia e história para o debate sobre os problemas ambientais. 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Cores do Marajó

[por Mayra Biajante - SP]
Já faz um tempo que eu fui pro Pará.
E também faz um tempo que não escrevo para o HN. Tanta coisa acontecendo!
Mas como dizem, o tempo é rei, não é?
E esse tempo foi importante até pra poder falar dessas fotos.
Às vezes, um período é necessário pra gente poder digerir as coisas e enxergar o que ficou nas entrelinhas. Talvez seja a hora certa pra falar de lá!

Cores, sabores, arte, música, muito calor e aquela chuva linda no meio da tarde!
Conhecer o Pará foi uma mistura de experiências e sensações.
Açaí com peixe e farinha d’água, rio que parece mar, cachaça de jambu, tecnobrega, carimbó e guitarrada, búfalos na rua, mototáxi...égua! Tudo é tão diferente e tocante ao mesmo tempo.

E além de todas essas delícias, o que mais encantou o coração foi o jeito das pessoas. 
Próximas e atenciosas, os paraenses tem orgulho da sua cultura e tradição e te tratam com tanto carinho, como alguém da família. E eu achei isso lindo.


Eu conheci muita gente naqueles dias. Gente de lá e de outros lugares também.
Pessoas que viraram amigos e agora também fazem parte da minha vida. 
Pessoas que me falaram coisas importantes e sensíveis e que eu guardo até hoje dentro de mim. 
Pessoas que já reencontrei, que eu vejo quase toda semana e que quero muito ver de novo.
E isso é o que faz valer. Além das fotografias e recordações, eu trouxe comigo a amizade, que é tão valiosa.

Conheci alguns lugares no Pará, todos apaixonantes, mas escolhi mostrar o que me fez entrar em contato comigo mesma: Joanes, na Ilha de Marajó.
A Ilha de Marajó fica ao norte do Pará, distante 90 km de Belém, é o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, formado cerca de três mil ilhas e ilhotas, e uma área de proteção ambiental.
Joanes é distrito de Salvaterra, um dos 16 municípios que formam a Ilha de Marajó.
Há cerca de 4 séculos, os padres da Companhia de Jesus chegaram ao local e construíram a Igreja do Rosário para catequizar os índios da região, cujas ruínas podem ser visitadas até hoje.


Por estar hospedada em Soure, um município vizinho, fui a Joanes de mototáxi, junto com Marina, uma portuguesa que conheci em Belém. Sim, três na mesma moto. Foi uma aventura!
Passamos o dia encantadas com a beleza e peculiaridade do lugar.
Sentamos sob a sombras das árvores que ocupam toda a praia, aproveitamos a água daquele rio sem fim, tivemos conversas incríveis sobre a vida. Observamos os búfalos se banhando, caminhamos pela areia e, às vezes, um barquinho de pesca passava. Era um dia de semana e o lugar era só nosso!
Joanes tem uma energia incrível, transmite calma e paz. Uma serenidade que renova.

Bom , o Pará é maravilhoso! Quem vai pra lá se apaixona.
E agora, depois desse tempo que passou, sinto saudade e alegria por tudo que eu vivi alí. Ainda volto pra lá!

Mayra Biajante é colaboradora deste blog. Para saber mais sobre seu trabalho clique aqui.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Sustentabilidade na universidade: um diálogo transdisciplinar


O livro "Sustentabilidade na universidade: um diálogo transdisciplinar" trata sobre a questão da gestão ambiental em uma perspectiva do ensino superior. 


Os artigos discutem questões como a consciência ambiental e educação. Destaco o texto da prof. Dayana de Oliveira Formiga com o título "História ambiental: sobre o meio ambiente e a graduação em história". Outros autores desenvolvem reflexões sobre o ensino interdisciplinar tendo como referência o tema do meio ambiente.

Nesse sentido, o livro conta com debates sobre tecnolonia da informação, desenvolvimento sustentável, teologia, tradução e gerenciamento de resíduos químicos. Destaco também o texto "Contabilidade e meio ambiente", do professor Waggnoor Macieira Kettle, que aborda questões como a importância das ciências contábeis para os estudos de natureza ambiental.

O tema 'meio ambiente' guarda um potencial muito importante para discussões transdisciplinares. Esse livro é um exemplo de como isso é possível.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Cena de um seringal: a pintura de Antonieta Feio

O post de hoje apresenta um quadro da pintora Antonieta Feio adquirida pelo amigo e professor da Universidade Federal do Pará Flávio Nassar. Segundo ele, a obra foi encontrada em um antiquário em São Paulo e agora está em sua posse em Belém do Pará. Agradeço a confiança em poder publicar a imagem do quadro no HN.

Nosso pedido para publicar a imagem se justifica por termos nos impressionado com a cena do seringal registrando a densidade da floresta imediatamente após o plano em que os trabalhadores foram retratados, cercados pela natureza amazônica.

Diante disso, a professora doutora Caroline Fernandes, a convite do historiaenatureza.com escreveu o texto a seguir no qual nos brinda com seus comentários a respeito do trabalho de Antonieta Feio. 


A cena do seringal e o trabalho de Antonieta Feio
por Caroline Fernandes

Antonieta Santos Feio (1897-1980) foi uma pintora bastante atuante no cenário artístico paraense. Desde quando retornou a Belém dos seus primeiros anos de estudo na Itália, em 1917, participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, salões de arte organizados tanto por iniciativa pública quanto privada; foi professora de desenho e pintura no Instituto de Educação do Pará, além de ministrar aulas particulares. Seu nome aparece ainda ligado aos debates de diferentes grupos independentes de artistas, como a Associação Artística Paraense e a Sociedade Artística Internacional. Antonieta recebia ainda encomendas da elite local, especialmente de retratos (gênero de pintura que marca fortemente os estudos sobre sua obra) não somente por se tratar da especialidade da pintora, mas também porque os retratos somam o montante de trabalhos disponíveis à consulta pública nos acervos institucionais. Na capital paraense, para termos uma ideia, há exemplares no Museu de Arte de Belém, no Museu Histórico do Estado do Pará, na Escola de Música Carlos Gomes, no Arcebispado de Belém, na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, entre outros. Contudo, o conjunto da obra da artista é bem mais abrangente; seguindo o exemplo de seus professores italianos, Giuseppe Rossi (1876-1952) e Jacopo Olivotto (1873-1956), Antonieta também se dedicou à pintura de paisagens, naturezas mortas e cenas de gênero, como essa que retrata um seringal.

Sobre o quadro

No primeiro plano, à direita, dois meninos despejam a seiva da seringueira num recipiente deitado ao chão. Depois de levado ao fogo, o líquido deve ganhar a consistência das bolas de borracha dispostas à esquerda, aos pés do homem que acompanha o trabalho dos jovens, provavelmente um seringueiro, vestido com calça e camisa claras, gastas pelo tempo e pelo uso cotidiano, cabeça coberta por um tipo de boina. Apoiado numa das pernas, braço esquerdo descansando na cintura, o homem carrega na mão direita um lampião. No segundo plano, por trás dos meninos, há uma cabana de palha que sugere o acampamento dos seringueiros; é possível ver alguns vestígios de que outras pessoas habitam o interior da cabana, mas a ausência de luz não permite ao espectador conhecer o que se passa do lado de dentro. Esse acabamento escuro do interior do alojamento, por sua vez, cria um contraste com o branco da camisa do menino e da seiva ainda líquida sendo derramada, o que chama atenção para o movimento que acontece no primeiro plano. Já o plano secundário é dividido em dois: de um lado a cabana, de outro a mata verde. O clarão criado pelo acamamento contrasta ainda com a mata densa que se prolonga por trás do seringueiro até o horizonte. No recorte da cena proposta pela artista, o céu aparece em pequenas frações nos cantos superiores da tela, chamando atenção para a dimensão monumental da floresta que toma conta da paisagem.

Nesse trabalho, a palheta da pintora varia entre tons de verde e ocre; a iluminação, mais fria, sugere um momento como fim de tarde, pouco antes de escurecer. Como em outras cenas de gênero pintadas por Antonieta, as figuras humanas são apresentadas de maneira mais esquemáticas, no sentido oposto ao detalhamento e precisão característicos de alguns de seus retratos. De toda forma, essa tela retoma um tema caro a sua pintura: o trabalho. O tema aparece em vários outras telas, inclusive nos retratos de grande dimensão que estão no Museu de Arte de Belém, são eles a Vendedora de Tacacá (1937), a Vendedora de Cheiro (1947), as quais retomam o tema do trabalho urbano de mulheres cujo sustento provém de uma atividade desenvolvida nas ruas; além da Mendiga (1953), que trás uma alusão ao não-trabalho, considerando que se trata de uma mulher pobre que vive de esmolas.

Nesse sentido, a tela do seringal, embora marcada por soluções plásticas mais próprias da sua pintura de gênero, atravessa a temática corrente do trabalho e da representação de tipos regionais, que aparece nos retratos mencionados, datados de três décadas diferentes. O acampamento seringueiro, pois, é mais uma das atividades que caracteriza o dia-a-dia dos trabalhadores na região Amazônica, especialmente quando se fala de um momento em que a extração do látex havia sido retomada com vigor, por incentivo do governo federal, no contexto da participação do Brasil na Segunda Grande Guerra. Antonieta fez parte de uma geração que presenciou os dois grandes conflitos bélicos de dimensões mundiais; seus famosos retratos de mulheres em situação de trabalho (e não trabalho), por um lado, deixam ver que a artista estava bastante atenta ao ambiente social em que vivia, e encontrava nos problemas do presente motivos para suas telas. Portanto, a cena do seringal não só apresenta elementos caros para se pensar sobre a sociedade da época, como aponta para outras possibilidades de enfrentamento do próprio conjunto da obra da artista.


O moderno em aberto: o mundo das artes em Belém do Pará e a pintura de Antonieta Feia

Autora: Caroline Fernandes

O livro pode ser adquirido nos seguintes locais:
Museu de Arte de Belém (MABE)
Fox Vídeo Locadora  (Belém-PA)
Centro de Memória da Amazônia (CMA)
LABHOI-UFF (laboratório de história oral e imagem- Niterói-RJ)

domingo, 8 de novembro de 2015

II Seminário de História das Ciências na Amazônia

O II Seminário de História das Ciências na Amazônia - "O Conhecimento entre o Local e o Global" será realizado nos próximos dias 11 e 12 de novembro, no Auditório do Centro de Capacitação (Capacit) da UFPA. O evento está sendo organizado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém-PA), Universidade Federal do Pará (Belém-PA) e Instituto Leônidas e Maria Deane/Fiocruz (Manaus-AM). O público alvo são pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, organizações governamentais e não governamentais interessadas em ciência e em política científica e tecnológica.  Veja AQUI a Programação Completa. 

Programação - Estão previstas a realização de quatro mesas-redondas e duas sessões de comunicações de alunos do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Pará (PPHIST). Ao todo, serão apresentados 30 trabalhos. Entre os participantes de outros estados, estão alguns dos principais historiadores da ciência brasileiros, como Jaime Benchimol (Fiocruz-RJ), André Felipe Cândido da Silva (Fiocruz-RJ), Dominichi Miranda de Sá (Fiocruz-RJ), Rômulo de Paula Andrade (Fiocruz-RJ), Júlio Cesar Schweickardt (Fiocruz-AM) e Peter Schröder (UFPE).

Fonte: http://ifch.ufpa.br

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Humboldt e a invenção da natureza, por Adrea Wulf

Alexander von Humboldt foi uma importante figura do seu tempo. Contemporâneos o consideravam tão famoso quanto Napoleão. Muitas espécies e lugares americanos foram nomeados por ele: cidades, rios, montanhas, baías, cachoeiras, plantas e animais. Há uma geleira e até um asteróide com seu nome. Ao largo da costa do Peru e do Chile, há uma lula gigante chamada de Humboldt, que nada na corrente de Humboldt, e até mesmo na lua há uma área chamada Mare Humboldtianum. Darwin chamou-o de "o maior viajante científico que já existiu."

No entanto, hoje, fora da América Latina e da Alemanha (terra natal de Humboldt)  o seu nome é pouco lembrado. Suas idéias foram incorporadas de tal maneira pela ciência moderna que elas já não podem parecer surpreendentes. O jornal The New York Times destaca esse argumentos retirados do livro de  Andrea Wulf,  "The Invention of Nature: Alexander von Humboldt's New World".

A viagem de Humboldt a América é o objeto central do livro de Wulf. Em 1799,  ele partiu para o Novo Mundo com um botânico, Aimé Bonpland, aportando no que hoje é a Venezuela. Navegando pelos rios dessa região conheceram a riqueza botânica das florestas tropicais, chegando ao Alto Orinoco.

Para Wulf, o feito de Humboldt estava menos na descoberta geográfica que nos insights que a viagem provocou. Ela também é autora de "Chasing Venus" e "Founding Gardener: the Revolutionary Generation, Nature and the Shaping of the American Nation,". Em "The invention of nature" ela busca sobretudo demonstrar a relevância de Humboldt em nossos dias. Segundo Wulf, o alemão foi perspicaz em perceber as alterações do nível da água caindo no Lago de Valencia, fazendo conexões com a derrubadas das florestas circundantes e a utilização do lago para irrigação de lavouras. 

Segundo Wulf, Humboldt "foi o primeiro a explicar as funções fundamentais da floresta para o ecossistema e clima: a capacidade das árvores para armazenar água e para enriquecer o ambiente com umidade, a proteção do solo, e seu efeito de resfriamento. Ele também falou sobre o impacto de árvores sobre o clima através de sua liberação de oxigênio e os efeitos das intervenções humanas no mundo natural insistindo nas consequências catastróficas.

Humboldt chegou a sua epifania, nas encostas do Monte Chimborazo, no Equador de hoje, uma montanha considerado então o mais alto do mundo. Escalada para mais de 19.000 pés, ele atingiu um recorde de alpinismo insuperável por 30 anos e olhou com admiração para a vasta paisagem . Aqui, Wulf afirma, ele teve a convicção de que o mundo era um organismo interligado e único.

Fonte: http://www.nytimes.com/

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente

Durante o Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente, que acontecerá em Anápolis entre os dias 27 a 30 de outubro, será realizada uma reunião do Grupo de Trabalho em História Ambiental da ANPUH-GO. A reunião será coordenada pela Drª Samira Perutti Moreto, da Universidade Estadual de Goiás, e representante do GT Nacional de História Ambiental da ANPUH.


Dia: 29 de Outubro

Horário: 10:00 às 12:00hs
Local: Centro Universitário de Anápolis UniEVANGELICA
Sala 316 - Bloco E
Contato: samirapm@gmail.com; sandrodutr@hotmail.com

Aproveitamos para divulgar a Mesa Redonda "Colonização, Agricultura e Meio Ambiente" 
com José Augusto Drummond (UnB), Stephen Bell (UCLA-USA), Sterling Evans (Oklahoma University - USA), Gerd Kohlhepp (Tübingen University - Alemanha) e João Klug (UFSC). 

Dia: 29 de Outubro
Horário: 19:00 às 22:00hs
Local: Centro Universitário de Anápolis UniEVANGELICA
Auditório Richard Senn

Maiores Informações:
http://mestrado.unievangelica.edu.br/sncma/2015

domingo, 11 de outubro de 2015

Elefantes e reis: uma história ambiental


O post de hoje é sobre um trabalho extraordinário de Thomas Trautmann, professor emérito da Universidade de Michigan - conhecido na Índia e mais conhecido ainda em Tamil Nadu por sua pesquisa sobre a vida e obra de Francis W. Ellis. Trata-se da análise da relação entre elefantes e reis na Índia. O texto encaminha o leitor para perceber como essa relação ajudou a preservar tanto a espécie como o ambiente. O autor diz: "O antigo reino indiano foi amarrado à floresta pela instituição do elefante de guerra", uma observação muito importante, especialmente na perspectiva sofisticada da História Ambiental.

Os reis usaram o elefante como um símbolo de poder e, por causa de seu tamanho, tornou-se um objeto de admiração e glória. Ao mesmo tempo que não era economicamente viável criá-los desde o nascimento. Apenas na idade adulta se tornariam úteis. Para domesticá-los, os reis indianos os capturavam já adultos selvagens e os treinou. Isso ajudou a preservação das florestas como foi nas florestas que os elefantes. Assim, o estudo assume uma perspectiva da história ambiental. Capturar esses animais não era uma tarefa fácil, exigindo grande mão de obra só podendo ser custeada pelos monarcas. Trautmann traça a história da relação entre elefantes e reis indianos e de outros países orientais.

Assim, o estudo conecta o papel dos elefantes na dimensão militar, política e cultural desse período, não esquecendo da relação com as florestas e seus moradores. É nesse contexto que esses humanos e as florestas foram protegidos. Em uma observação interessante, Trautmann explica como a Índia tem chegou ao número de 31 reservas florestais. Ele começa a partir de Arthasastra e passa pelo A'in Akbari (1598), onde há uma grande quantidade de informação disponível sobre esses animais, investigando citações dos relatos de viajantes europeus.

Ele cita bastante a literatura sânscrita - especialmente os épicos Ramayana e Mahabharata - que falam sobre elefantes de guerra. A história que impressiona é quando Rama pergunta de seu irmão Bharata sobre o bem-estar dos elefantes e da floresta. O elefante de guerra ideal deveria ser um macho com grandes presas, no auge de sua força e com sessenta anos de idade. Aqui entendemos que os elefantes tinham um grande valor para os reis, como consta nos versículos em sânscrito, que um elefante de 60 anos de idade estava entre os presentes mais ricos.

Os textos védicos levam a conclusão de que os elefantes se colocavam como elementos de importância religiosa. O autor ainda compara com os usos dos carros e cavalos nesse contexto de conquistas do mundo indiano antigo. 

Ele termina de maneira otimista, dizendo que "a julgar pelo aumento do número de elefantes selvagens na Índia, parece que o Estado-nação pode garantir o futuro dos elefantes". Outro poto auto as imagens que comparam elefantes de diferentes áreas. Esse livro uni a história dos reis e dos animais. Um trunfo para a biblioteca dos amantes de animais e do meio ambiente.

Fonte: www.thehindu.com

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Um olhar estrangeiro sobre minhas memórias

por Rafael Zagratzki*

Começo esse texto com o desafio de me tornar outro. O desafio de ter o olhar de um estrangeiro diante de um lugar que faz tão parte de mim. Sou um homem cujas memórias são divididas ao meio. Metade lá, metade cá. O desafio nasceu a partir do texto “Belém de Parreiras” da historiadora Moema Bacelar, colunista do Portal ORM, que falava sobre o olhar estrangeiro da cidade de Belém pelo pintor fluminense Antônio Parreiras, no início do século XX.
O texto termina com o seguinte trecho: E ao ver essas telas não posso deixar de fazer digressões e me perguntar: que lugares Parreiras pintaria hoje? Qual Belém e de que forma a deixaria registrada para ser, daqui a algum tempo, a cara de Belém das primeiras décadas do século XXI?
Pronto...foi lançado um exercício criativo. Se eu fosse um estrangeiro, ou mesmo se eu fosse Antônio Parreiras, o que eu pintaria hoje? Penso que mudamos os séculos, as tecnologias, as formas de expressão, a velocidade das informações, a liberdade e possibilidade de criar, e então imagino que eu poderia ser Parreiras e pintar a minha visão de uma nova Belém.
A principio pensei em algumas paisagens atualmente típicas, como o complexo Feliz Lusitânia, ou um túnel de mangueiras mostrando a natureza sempre exuberante, ou ainda os traços urbanos  e o caos de uma cidade cosmopolita. Talvez essa visão mais urbana seja a que mais me chame atenção, pois lembro quando cheguei a Belém, quando criança, a cidade sem tantos arranha-céus, a área da Doca de Souza Franco cujo único destaque era um grande supermercado, hoje possui uma paisagem emoldurada por grandes edifícios, que para mim, hoje representam o que é a cidade de Belém.

        
Aí comecei a pensar melhor, e constatei que, apesar de ser uma grande característica atual, essa paisagem urbana não me causa surpresa já que estamos supondo um olhar estrangeiro. Arranha-céus e caos têm em toda grande cidade (ou cidade grande – não vou me focar nas definições desses termos).
                Então pensei na natureza, e aqui não tive como separar o olhar estrangeiro do prazer de uma memória afetiva: o banho de chuva. Em minhas memórias de infância me vejo na praça Batista Campos, rodeado de verde e tomando um super banho de chuva, certas vezes intencional, certas vezes não, porém inevitável. Ainda que a chuva faça parte de uma memória afetiva mesmo assim me surpreende. Belém é o único lugar (de meu conhecimento e de minha vivência) que tem a chuva como fator cultural e determinante. A chuva decide o seu “ir e vir”. Os encontros são marcados (e desmarcados!) em função da chuva!
                Outra coisa que comecei a perceber, e para isso precisei de um afastamento, é que Belém é uma cidade colorida, seja pelas pessoas, pelo vestuário, pela arquitetura ou por elementos imateriais (paisagem, pôr-do-sol, fauna, flora, culinária, etc). Belém é colorida! Talvez quem conviva no dia-a-dia não perceba isso, mas de fato é!
                Então, após esses pensamentos, cheguei a conclusão de que, como estrangeiro, pintaria a chuva e as cores de Belém. A arquitetura e a paisagem já foram documentadas e exploradas em fotografias e outras pinturas, mesmo que o tempo dê novas características a esses elementos, esses não serão novidade e não despertarão uma nova percepção. Portando-me como tal pintor imaginário, gostaria de retratar o imaterial, o cultural, o que tem valor para o povo e o que é tão característico e que nem sempre é percebido.
                Quando digo que não é percebido, falo de uma experiência pessoal. Se pararmos para avaliar a paleta de cores do vestuário carioca, teremos brancos, pretos, cinzas, azuis claríssimos ou escuros, amarelos fracos, verde musgo ou em resumo:  cores discretas. Quando vemos nas ruas cores berrantes, pensamos logo: ih, turistas. E de fato são.
                Voltando ao foco: após definir que, como pintor estrangeiro, eu pintaria as cores e a chuva de Belém, coincidentemente, navegando pelos afluentes virtuais, achei um perfil com imagens interessantíssimas sobre a minha visão estrangeira da cidade. O perfil de Pedro Cunha Neto possui imagens muito coloridas sobre a cidade. Algumas coloridas e chuvosas. Penso que Pedro Neto conseguiu captar exatamente a minha visão “parreireana” sobre Belém.
                Perceba que as imagens que mostram as gotas de chuva em primeiro plano, mostram um padrão colorido em segundo plano, seja pelo vestuário ou arquitetura.


Essa é parte da minha admiração estrangeira para o dia-a-dia paraense.  Em outros estados e em outras culturas, a chuva seria convidativa ao preto, ao cinza, a tons muito mais fechados.
Desviando um pouco da chuva e me direcionando mais para um objeto, devemos parar para pensar no Guarda-chuva como objeto coringa em uma cidade onde o sol e a chuva convivem de forma tão harmoniosa. No momento da chuva ele se chama guarda-chuva, no momento do sol extremo, ele se chama “sombrinha”, no entanto é sempre o mesmo objeto. E o que ele tem em comum nesses dois momentos? Eles são coloridos! Rosas, vermelhos, azuis, pequenos ou grandes, esse objetos dialogam com a paisagem, fazendo com que o vai e vem dos paraenses se torne multicolorido.


Saindo um pouco das roupas e dos objetos, podemos observar pela arquitetura da cidade alguns prédios e casas com combinações surpreendentes e incomuns:



Depois de ver essas imagens consegui expressar com mais facilidade o meu olhar sobre o que eu pintaria de Belém. As cores são a expressão de um povo mergulhado na natureza, influenciados pela bandeira vermelha (seja do estado ou do açaí das esquinas), pelo pôr-do-sol laranja, pelo sol do meio dia amarelo refletido nos carros vermelhos, nos guarda-chuvas amarelos, nos prédios azuis, nos postes laranjas, nos ônibus amarelos ou em toda a cor que dança pela cidade.
Belém é uma ode as cores, que nem a chuva cinza consegue apagar.

(*O autor é graduado em desenho industrial pela UEPA e especialista em patrimônio cultural pela UFPA)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O engenho dos engenheiros: ciência e política na fronteira meridional da América portuguesa (1750-1760)

No dia 15 de julho de 2015, às 14 horas,  foi realizada a defesa da dissertação de Millena Souza Farias pelo PPGH da Universidade Federal Fluminense que tratou das discussões envolvendo as demarcações de limites no Estado do Brasil setecentista.

A banca examinadora contou com os seguintes membros:
Prof. Dr. Guilherme Pereira das Neves (UFF) – Orientador
Prof.ª Dr.ª Heloisa Meireles Gesteira (MAST/UNIRIO/PUC-RJ)
Prof. Dr. Jorge Victor de Araújo Souza (UFRJ)

Título: O engenho dos engenheiros: ciência e política na fronteira meridional da América portuguesa (1750-1760)

Resumo:

O presente trabalho trata de algumas questões decorrentes das demarcações do Tratado de Madrid, selado entre Portugal e Espanha em 1750. O objeto de análise é a atuação dos engenheiros militares durante as viagens à América meridional para a demarcação das novas fronteiras acordadas pelo tratado. As fontes que incluem os diários das três partidas de demarcação – disponíveis no acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro –, entre outros documentos produzidos ao longo da demarcação, permitem-nos explorar a relação geopolítica da coroa portuguesa com seus domínios americanos. Consideramos que, durante o processo demarcatório, o processo de expansão territorial foi estabelecido, na década de 1750, por duas dimensões: a política, onde as relações de poder legitimavam a posse das conquistas, e a científica, onde a produção cartográfica circunscrevia o espaço através dos conhecimentos de engenharia, astronomia e cartografia. Para isso, buscamos um diálogo com a História das Ciências, a qual fornece o aporte necessário para a compreensão das técnicas e dos discursos empregados pelos demarcadores, em especial, os engenheiros militares. Esta dissertação busca dar ênfase ao engenho – saber praticado pelos engenheiros militares nos trabalhos de campo, onde se destacam os atos de observar, mensurar, desenhar e registrar. Tal saber caracteriza a produção descritiva dos acontecimentos que compõem os diários das partidas de demarcação da América meridional.

Palavras-chave: Brasil Colônia; Tratado de Madrid; Ciência; Fronteira; Engenharia militar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Rock e natureza: o metal reciclável da banda Gojira

Este fim de semana a banda francesa Gojira abriu a noite de shows no palco mundo do Rock in Rio apresentando apresentando seu heavy metal para um número considerável de fans e outros tantos que ainda não conheciam os músicos. A postagem de hoje é sobre essa banda porque escolheram discutir questões ecológicas em suas entrevistas e músicas.

Em suas letras, a banda liderada pelo vocalista Joe Duplantier, utiliza largamente símbolos do mundo natural para demostrar as inquietações diante do mundo opressor, consumista e descomprometido com a sustentabilidade. Mais que isso, a identidade visual da banda faz referência à plantas e animais. Podemos ver isso nas capas de seus álbuns e nos cartazes de propaganda de suas apresentações pelo mundo. Os vídeo clips também usam essa mesma temática.


Os membros da banda cresceram em Bayonne, uma cidade localizada no sudoeste da França, onde há belas paisagens com a natureza exuberante dos Pirineus. Há quem diga que essa influência acabou por levá-los a buscar os temas do meio ambiente. Eles também colaboram ativamente com os projetos da Sea Shepherd Conservation Society, que se preocupa com a proteção de animais marinhos, especialmente os golfinhos, tubarões e baleias. A associação vende alguns produtos durantes os shows do Gojira para angariar fundos.

Por conta conta disso, a figura da baleia ganha destaque nos produtos da banda, que disponibiliza uma série de fundos de tela para computador com temas do mundo natural sem perder os traços sombrios que agradam os roqueiros. 


As questões envolvendo o meio ambiente se tornaram tão importantes que influenciam decisivamente trabalhos musicais até mesmo de bandas de heavy metal. É claro que essa escolha do Gojira os diferencia das demais bandas de rock, sem perder a paulera peculiar, suas ações se apresentam responsáveis com os problemas ecológicos. Um metal reciclável. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A cidade não para, a cidade só cresce

Urban Development, 2004. Pen and ink, 6 x 12"
Disponível em: 
http://www.lesyeuxdumonde.com

por Bruno Capilé*

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. (Marina Colasanti- Eu sei, mas não devia. 1996).

Esse trecho segue o lamento de como nos acostumamos com aspectos ruins de nossas vidas, em particular o cotidiano de uma vida urbana desgastada, que se perde nas horas diárias nos engarrafamentos, na falta do horizonte entre os prédios, na nossa falta de contato com as centenas de pessoas que passam ao nosso lado. É na cidade onde o esforço humano de transformar o próprio ambiente se confunde com as diferentes maneiras do homem reconstruir a si mesmo. As vicissitudes humanas e urbanas moldam-se mutuamente, e somos facilmente levados a crer que a cidade não tem mais natureza. Assim torna-se mais comum associarmos de maneira óbvia muitas das atividades de nossa espécie como sinônimo de destruição ambiental, sendo o território urbano o maior símbolo de impacto humano na natureza. Quais seriam as vantagens de embasar nossos pensamentos e atitudes segundo uma dicotomia natureza-sociedade? Será que se buscarmos apagar tal polaridade poderíamos ter uma perspectiva mais justa ambientalmente e socialmente?
Talvez a própria ideia de natureza tenha auxiliado o pensamento ocidental a definir o que seria o humano, o civilizado. Esta autodefinição por meio do Outro tem sido um padrão desse raciocínio totalitário – por exemplo a noção de Ocidental em contraposição do Oriental. A necessidade de nos sentirmos diferentes caminhou junto com a necessidade de dominar o Outro. Da mesma maneira que americanos, africanos e asiáticos foram colonizados, também os seus ambientes o foram.
A cidade mantém este mesmo raciocínio com seu Outro, o campo. Moldando esta relação, que sempre foi assimétrica, com mais investimentos na urbe. Hoje, esse campo mais próximo da cidade foi engolido pela mesma, enquanto o mais afastado foi engolido pela agricultura industrial. O quadro abaixo, do suíço Christophe Vorlet, mostra um campo que não existe mais, uma outra releitura do englobamento urbano.
Vorlet possivelmente não imaginou que esta obra, Urban Development de 2004, seria apropriada e ressignificada com outro nome nas redes sociais brasileiras: Vidas Secas. A alusão à obra de Graciliano Ramos é uma ligação óbvia com a paisagem desolada. O cenário ao fundo, de açude dessecado, como uma consequência natural, se transforma lentamente conforme nossos olhos percolam as rachaduras até a parte inferior do quadro: uma área altamente urbanizada. Num loop interminável de causa e consequência nos perguntamos: como as cidades cresceram tanto assim? Será por causa da crise ambiental rural, ou será o crescimento da cidade a causa da devastação no campo? Certamente ambos acontecimentos estão tão - misturados que, como no quadro, fica difícil perceber quando começa um e termina o outro. De repente, talvez, devêssemos tentar superar a polaridade de pensarmos causas e consequências como coisas separadas, e até mesmo antagônicas. Talvez uma nova visão nos ajude a superar a antiga dicotomia natureza-sociedade.
Será que faz sentido interpretar o sucesso da sociedade a partir do fracasso da natureza, ou até mesmo aceitar a destruição da natureza como consequência do progresso da sociedade? Vamos reconsiderar, mesmo que por um momento, a presença da natureza na sociedade. Vamos pensar em como fazemos parte da natureza e como ela faz parte de nós. Ou seja, como um ambiente urbano – por exemplo um rio extremamente poluído – se faz presente em nossa corporalidade, e como nossos atos afetam este ambiente. E se, em vez de pensarmos na degradação, ou destruição, deste rio, considerássemos a perda das características e relações ecológicas que o faziam belo: seu cheiro, seus peixes, suas mudanças naturais. Dessa maneira, teríamos que pensar também nas mudanças das características do rio urbano, principalmente o maior aporte de matéria orgânica, e de poluentes químicos. A vida ainda se mantem neste rio, agora rica em microorganismos patológicos ao homem. Entender como somos afetados por tudo isso permite ver a complexidade e riqueza de nossas interações. Lidar com isso de maneira clara, com o auxílio de um vocabulário mais preciso, faz com que nossas narrativas se tornem mais justas. Pois daí não veríamos um rio morto somente: e sim um rio extremamente poluído por nós mesmos, que afeta nossa saúde pública de uma maneira também injusta e assimétrica.

A maneira como olhamos para o Outro diz muito sobre como queremos ser percebidos. Proponho incluir este Outro em nós mesmos, não somente ao nosso lado, mas dentro do coletivo de tudo isso. As palavras que determinam um ambiente degradado (feio, doente, insustentável) possuem em seus antônimos os meios que podem colaborar para um ambiente não-degradado (bonito, sadio, sustentável). E assim, ao incluir o social no natural, delineamos de maneira mais eficaz nosso senso de justiça ambiental e social.

* O autor é doutorando em História Social no PPGHIS-UFRJ, onde desenvolve pesquisa sobre a relação entre História e Natureza com destaque para o tema dos rios.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pensando a devastação: a gênese histórica do primeiro Código Florestal Brasileiro (1900-1934)

Olá amig@s do HN, a postagem de hoje é para dar notícia da defesa de dissertação de Tayla Gabrieli Rodrigues Antunes que ocorreu no dia 14 de agosto de 2015 às 14:00 na sala de reuniões do Programa de pós-gradução em História Social da UFRJ. A pesquisa foi aprovada com distinção e em breve estará on line.

A banca examinadora conto com os seguintes membros:
José Augusto Pádua (orientador)
Lise Sedrez (UFRJ)
Lucia Lippi Oliveira (FGV - CPDOC)

Título: Pensando a devastação: a gênese histórica do primeiro Código Florestal Brasileiro (1900-1934)

Resumo:
A pesquisa tem como objeto principal de análise o debate político-científico que levou à criação do Código Florestal Brasileiro, editado em 1934, primeiro Decreto Federal (nº. 23.793) que instituiu a proteção às florestas no Brasil. A investigação focaliza a participação científica de alguns dos principais intelectuais da época que tanto propagaram ideias preservacionistas e conservacionistas da natureza, quanto promoveram o amplo debate da questão florestal, sobremaneira ligada à construção da nação brasileira. Para tanto, serão analisados escritos político-científicos de professores, políticos, botânicos, naturalistas, biólogos que se institucionalizaram e ocuparam postos de relevo, chegando a ter forte influência no campo político nacional. Paralelamente, examina-se, também, o próprio documento que resultou, em muito, desse movimento, o Código Florestal Brasileiro, buscando perceber em que medida o ideal nacionalista constituiu-o, bem como o tipo de proteção florestal a que se propôs. Considera-se como marco fundamental para a institucionalização e a politização científica, a criação do Ministério de Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC), em 1909. A partir de então, muitos dos escritos científicos ligados às questões ambientais ganharam maior visibilidade, alcançando, inclusive, publicações oficiais. A investigação irá se dedicar, portanto, ao período entre 1900 – quando a questão ambiental e, mais especificamente, a florestal se amplia com presença direta no campo político nacional da discussão – até o surgimento do Código Florestal Brasileiro, no primeiro governo de Getúlio Vargas, em 1934.

Palavras-chave: Código Florestal Brasileiro (1934); ideias de proteção à natureza; nacionalismo; atuação científica.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Brasil: uma biografia

O Programa de pós-graduação em sociologia e antropologia – ifcs / ufrj  convida para "encontros de sociologia e antropologia": Lilia Schwarcz & Heloisa Starling


As autoras da obra BRASIL: UM BIOGRAFIA apresentam uma biografia, as historiadoras Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling reúnem vasta documentação original e rica iconografia para propor uma nova (e pouco convencional) história do Brasil. Se debruçam não somente sobre a “grande história” mas também sobre o cotidiano, a expressão artística e a cultura, as minorias, os ciclos econômicos e os conflitos sociais, mantendo diálogo constante com aqueles autores que, antes delas, buscaram interpretar o Brasil.

DEBATEDOR: JOÃO MARCELO EHLERT MAIA (CPDOC/GFV) 
DIA: 16/9/2015 
HORÁRIO: 17H 
LOCAL: SALA 109 – EVARISTO DE MORAES FILHO – IFCS/UFRJ 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA – IFCS / UFRJ Largo de São Francisco de Paula, 1/sala 420 – Rio de Janeiro, RJ – 20051-070 – Tel:(5521)2224-8965 – E-mail: ppgsa@ifcs.ufrj.br

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Dossiê História, Saúde e Meio Ambiente

Damos a notícia de que está disponível a nova Edição da Revista Fronteiras Journal of Social, Tecnological and Environmental Science, v. 4, n. 1 (2015).
Essa Edição conta com Dossiê História, Saúde e Meio Ambiente, coordenado pelos professores Paulo Henrique Martinez (Unesp) e Sônia Maria de Magalhães (UFG).

A REVISTA FRONTEIRAS: JOURNAL OF SOCIAL, TECHNOLOGICAL AND ENVIRONMENTAL SCIENCE  é uma publicação semestral com arbitragem por pares, do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente do Centro Universitário de Anápolis (PPSTMA/UniEVANGÉLICA). “Fronteiras” é uma revista multidisciplinar, de acesso livre, impulsionada pela crença de que todos os tipos de conhecimento devem ser globalmente disponíveis.  A revista envolve discussões giram em torno de quatro grandes eixos temáticos: Sociedade, Tecnologia, Meio Ambiente e Saúde. Embora a revista seja relativamente nova, estamos trabalhando para torná-la uma publicação de prestígio e internacionalmente reconhecida no campo multidisciplinar. Para tanto novas indexações foram feitas além das já existentes. Atualmente a revista contava com indexações nas bases Latindex, Sumarios.org, e-revistas. E mais recentemente foi indexada nas bases IBICT SEER – Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas e no Portal de Periódicos da CAPES.

Para acessar a revista:
http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/issue/current




quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Comunidades pesqueiras no Espírito Santo: reunião do Laboratório de História e Natureza

As as reuniões do Laboratório de História e Natureza (UFRJ) 2015 -  2º semestre serão retomadas na próxima semana.  A primeira reunião será no dia 17/9, quinta, 14:00-16:00.   Será mantido o horário tradicional nas tardes de quinta-feira. As reuniões, em princípio, serão quinzenais.

A primeira apresentação será da Profª. Aline Trigueiro, da Universidade Federal do Espírito Santo, que está participando do Laboratório nesse semestre.  O título da apresentação será "Grandes projetos de desenvolvimento e impactos socioambientais em comunidades pesqueiras no ES".  

Case tenhamos mais informações daremos notícia aqui.

Obs: O Laboratório realiza suas atividades no prédio do IFCS-UFRJ no Largo de São Francisco, Rio de Janeiro-RJ.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Paisagens e expedições no Brasil Oitocentista: história, natureza e arte

No dia 26 de maio de 2015 foi defendida a  tese de Ana Marcela França pelo PPGHIS- UFRJ. A banca foi composta por Lise Sedrez (UFRJ), Andrea Casa Nova (UFRJ), Vera Beatriz Siqueira (UERJ), Rogério Oliveira (PUC-Rio) e José Augusto Pádua.

"Palmeiras denominadas Buriti, desenhadas
em Quilombo, distrito de Chapada", ano: 1827.
Por 
Aimé- Adrien Taunay
Ana Marcela França considerou gratificante ver o retorno de leitores consagrados sobre as problemáticas que sua tese propôs levantar. A banca se mostrou interessada sobre o assunto e fez considerações que de fato irão contribuir para um livro que poderá ser futuramente lançado. A autora ainda destaca a satisfação em ver que a banca compreendeu a proposta da tese de trabalhar as imagens enquanto documentos primários, na intenção de ser melhor compreendida a visão dos estrangeiros sobre a diversidade paisagística brasileira. Depois de quatro anos de trabalho nada melhor do que sentir-se satisfeita por tê-la realizado!

Título: A diversidade paisagística brasileira nas iconografias da Expedição Langsdorff e da Missão Austráca: um diálogo entre a História Ambiental e a História da Arte.

Resumo:
A vinda das missões e expedições na primeira metade do século XIX para o Brasil produziu conhecimento científico e imagens artísticas sobre a diversidade de sua extensão natural. Na verdade, essa produção ajudou a construir a própria representação do território nacional brasileiro a partir de seu conjunto vegetacional. Ao adentrarem nas florestas e savanas os viajantes buscavam descrever e catalogar a fauna, a flora, os usos e os costumes das diferentes regiões do Brasil. Era parte fundamental das viagens a produção e a elaboração de imagens que registrassem as paisagens avistadas, juntamente às informações obtidas ao longo da viagem. A partir das iconografias de paisagem e dos relatos feitos pelos artistas-viajantes que compuseram a Missão Austríaca, incluindo o botânico Carl F. von Martius, e a Expedição Langsdorf buscarei analisar a maneira como se construiu a imagem de um território diversificado, que hoje se expressa na ideia dos biomas brasileiros. Assim, o presente trabalho analisa a produção iconográfica, feita na época, relativa aos biomas Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Animais em 4 dimensões: esculturas indianas


A postagem de hoje é sobre o livro de Stella Snead: "Animals in four worlds". E gosto muito da cultura indiana, e no museu de Nova Delhi me deparei com essa obra que destaca o papel fundamental dessas figuras na cultura indiana.

Os animais participam ativamente na tarefa de contribuir com os fiéis no acesso ao sobrenatural, fazendo-se presentes em todos os lugares, expressando as ideias da religião. As fotografias que compõem a obra apresenta esculturas animais desde a antiguidade até o século XVIII. Podemos citar os os gatos, pavões, tamanduás, vacas, hienas e tigres, bem como as criaturas fantásticas como leões bicorpóreos e elefantes com caudas de peixe. Coletadas de todas as áreas da Índia, estas fotografias incluem imagens de famosos monumentos indianos e coleções do museu, bem como imagens de locais remotos, alguns dos quais nunca foram publicados.

O ensaio de Wendy Doniger analisa o que ele chama de "quatro mundos" ou dimensões que os animais ocupam no pensamento indiano: natureza, o mundo humano, o mundo divino  eo mundo de fantasia. George Michell analisa as esculturas de animais indianos em seu contexto histórico e arquitetônico. Sua pesquisa cronológica identifica o local e o tema dos animais fotografados e descreve a atividade artística das regiões e período a partir do qual as fotografias são tiradas.

O livro agrada os interessados em estudos asiáticos, arte, arquitetura, e animais, e para aqueles atraídos por fotografias , que captura tanto os pequenos detalhes quanto o grande movimento de símbolos cósmicos. Para nós que buscamos compreender a relação entre história e natureza é uma obra extraordinária.

sábado, 29 de agosto de 2015

SIMPÓSIO NACIONAL DE CIÊNCIA E MEIO AMBIENTE


O Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente (PPSTMA/UniEVANGELICA) convida a todos os pesquisadores a apresentarem trabalhos no Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente, que acontecerá na cidade de Anápolis, Goiás, entre os dias 27 a 30 de outubro de 2015. O evento terá uma ampla programação, com Mesas Redondas, Mini-Cursos e Simpósios Temáticos, que estão com inscrições abertas para apresentação de trabalhos.

Maiores informações

http://mestrado.unievangelica.edu.br/sncma/2015/index.php?pg=home

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Frida Kahlo: animais, jardins e arte

As obras produzidas pela artista mexicana Frida Kahlo sempre me chamaram atenção pela influência das plantas e animais que fazem parte de suas pinturas. O posto de hoje é para destacar o amor que ela tinha por seu jardim e como isso está presente em seus quadros.

O Jardim Botânico de Nova Iorque teve a sensibilidade de perceber essa conexão entre Frida e a Natureza e montou a exposição "Frida Kahlo: art, garden, life" que estará em exibição até o 01 de Novembro de 2015. Como em seu auto-retrato, a presença de vegetação e animais é abundante. Vale lembrar que seu estúdio contavam com muitas plantas.

Sua mistura de cores, animais, plantas e flores é uma festa para nossos olhos. Esse registro da Natureza está em exposição no Jardim Botânico de NY em 14 pinturas e desenhos. Ali podemos observar também a reprodução do jardim da casa de Frida.

A exposição parece ser uma extraordinária oportunidade de os visitantes perceberem o apreço de Frida Kahlo no que se refere a variedade de espécies do mundo natural. Ao mesmo tempo, destaca-se como o mundo material influenciou essa incrível artista mexicana. Outras obras, como 'Paraíso de macacos' reforçam essa presença da Natureza em suas pinturas.



quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Belém no tempo das demarcações: relatos sobre a "cidade do Pará" (1750-1799)

Prospecto da Cidade de S. Maria de Belém do Graõ Pará, 1784. Fonte: Forum Landi

O Centro de Memória da Amazônia convida a comunidade acadêmica a prestigiar a palestra "Belém no tempo das demarcações: relatos sobre a 'Cidade do Pará' (1750-1799)", com o professor Wesley Kettle, doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A palestra faz parte do ciclo de atividades "Belém 400 anos".

Data: 28 de agosto de 2015 (sexta-feira)
Horário: 14h30
Local: Centro de Memória da Amazônia (travessa Rui Barbosa, 491 - esquina com Ó de Almeida)

Haverá emissão de certificado para os participantes.
Entrada franca.

Resumo da tese do professor Wesley Kettle: http://ow.ly/R6M0j 

Resumo da palestra

Em 1753, desembarcaram no Grão-Pará os comissários demarcadores de limites vindo da Europa contratados para realizarem medições para o estabelecimento das fronteiras entre os domínios de Espanha e Portugal no Vale Amazônico. Nesse contexto, Belém se tornou o ponto central para os planos das “expedições reaes de limites” que percorreram os sertões amazônicos. Esta apresentação pretende discutir como a “cidade do Pará” foi representada nos relatos visuais e textuais elaborados pelos personagens que se envolveram com o projeto de ocupação portuguesa no Vale, destacando as representações de Natureza dessa região. Discutiremos ainda como a chegada desses homens de ciência contribuiu para uma série de transformações na cidade ao longo de toda segunda metade do século XVIII.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Seminário Internacional do LIPAC: patrimônios, construções participativas e multivocais


Convidamos todos os interessados para participarem das atividades do I Seminário Internacional: Patrimônios, Construções Participativas e Multivocais.

Data: 23 e 24 de setembro de 2015 (Palestras e Oficinas).

Local: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)/UNICAMP.

Maiores informações serão fornecidas no site: https://1seminariolipac.wordpress.com/ 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Visões de Natureza na Amazônia colonial: tese de doutorado defendida por Wesley Kettle

A postagem de hoje é para dar notícia de minha defesa da tese de doutorado que aconteceu no dia 29 de maio de 2015 (14 horas) e contou com a presença de amigos e familiares na assistência. Foram quatros anos pesquisando sobre as ideias de Natureza dos envolvidos com o processo de ocupação portuguesa na Amazônio durante a segunda metade do século XVIII. 

Quero agradecer todos que de uma forma ou de outra se envolveram nessa tarefa, conversando, discutindo e apoiando. Não se faz uma tese sozinho, portanto, minha aprovação é compartilhada. Fiquei feliz com o resultado da narrativa, dando conta de uma parte importante da História da Amazônia.

A banca examinadora foi formada por:
Prof. Dr. José Augusto Pádua (UFRJ) - Orientador
Prof. Dr. Mauro Cezar Coelho (UFPA)
Profa. Dra. Moema de Rezende Vergara (MAST)
Profa. Dra. Lise Fernanda Sedrez (UFRJ)
Profa. Dra. Magali Romero Sá (Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ)

Título: Ciclopes e profetas no Vale Amazônico: visões de Natureza no tempo das demarcações

Resumo
Este trabalho tem como objeto de estudo os relatos elaborados pelos homens de ciência, administradores coloniais e missionários envolvidos com as demarcações de limites que percorreram o Vale Amazônico durante a segunda metade do século XVIII. Essa produção de conhecimento tem sido compreendida pela historiografia como um reflexo das determinações da Coroa portuguesa, em meio ao contexto intelectual Ilustrado, tendo como referência a história natural. A partir da perspectiva da história ambiental, esta tese analisa essas visões de Natureza como um desdobramento da experiência concreta desses personagens no Vale Amazônico. Portanto, são descrições elaboradas a partir da interação de seus autores com o mundo natural amazônico e não apenas conteúdos produzidos diante das determinações do governo português. A tese também buscou apresentar a Natureza do Vale como um elemento que gerou inflexões no processo de ocupação portuguesa no Vale, reorganizando os planos dos agentes da Coroa, recusando considerá-la como cenário estático e passivo diante das interferências humanas. Dessa forma, o estudo evidencia que a vida vivida no Vale foi determinante para a elaboração dos relatos sobre a Natureza no tempo das demarcações.