E hoje eu descobri,/ O quanto eu te quero,
Ursinho de dormir,/ Vem que eu te espero assim,
Eu hei de conquistar,/ Teu coração durão demais,
Que não quis pagar pra ver,/ Nem dá o braço a torcer.
No reggae acima transcrito o autor, Armandinho, se refere a garota como um bichinho de pelúcia, o título da música é "
Ursinho de dormir". Temos uma historicidade nessa declaração de amor. Me refiro ao fato de o urso, como animal selvagem, ter adquirido esse valor "fofinho" que tem hoje, haja vista ser um bicho não dócil, predador. Por isso, o post de hoje procura pensar quando foi forjada essa amizade o homem e os ursos.
Este post surgiu depois de assistir dois filmes: Intocáveis e Ted. Apesar de serem muito diferentes, ambos discutem a amizade. Na opinião trazem o argumento de que a amizade é uma escolha, você seleciona quem serão seus amigos. Mas, para além dessa questão, me atenho ao filme Ted, no qual um ursinho de pelúcia é o protagonista. Nos faz pensar como a figura do urso faz parte do imaginário estadunidense.
Conta-se que o presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt, é o por dar ao ursinho de pelúcia o nome de Teddy. Em 14 de novembro de 1902, Roosevelt estava envolvido nas disputas de fronteira entre o Mississippi e Louisiana. Durante seu tempo livre, ele trartou de participar da caça ao urso nas florestas do Mississippi. Durante a caçada, Roosevelt teria encontrado um urso jovem ferido por outros caçadores e fora convidado a atirar no animal. O presidente teria se recusado de fazê-lo mas, diante da condição debilitada do urso, ordenou que o matassem não ficar sofrendo.
O jornal Washington Post, tomando do conhecimento da história, publicou uma ilustração criada pelo cartunista político Clifford K. Berryman sobre ocorrido. O cartoon foi chamado de "Drawing the Line no Mississipi" (Desenhando a fronteira do Mississípi). Primeiro Berryman havia desenhado o urso com um aspecto feroz e assassino de cães, mas depois redesenhou como um filhote fofinho. Em um ano o urso Teddy tornou-se um brinquedo de pelúcia para crianças nos Estados Unidos.
Esse episódio nos permite acessar, por meio de uma figura pouco usual, uma história do contato entre os seres humanos e os ursos nos Estados Unidos. Como o mundo natural serve de plataforma para histórias de heroísmo e coragem. Conhecemos também a história das demarcações de fronteiras no interior dos Estados Unidos. E o que nos chama mais atenção o relato da prática de caça aos ursos nas florestas estadunidenses no início do século XX, como prática recreativa, uma interação com o mundo natural onde estão envolvidos cães, homens, ursos e todos os outros seres vivos.
Nesse período, início do seculo XX os Estados Unidos estão promovendo os animais empalhados nos museus - fato que , ao meu ver, tem uma relação com a ideia da criação do ursinho de pelúcia como brinquedo infantil (que não discorrerei para não cansá-los). Uma série de imagens foram publicadas desse episódio, algumas delas colocamos aqui, mas você pode encontrar muitas outras.
Pena que os humanos escolheram enche-los de pelúcia, alterar seu habitat e fazê-los desenhos animados para contarem suas histórias. Quisemos também demonstrar como a figura de um animal pode ser um acesso interessante para contarmos a história de um lugar.