quarta-feira, 30 de outubro de 2013

ROESSLER: O homem que amava a natureza por Elenita Pereira

O livro ROESSLER: O homem que amava a natureza, escrito pela historiadora Elenita Malta Pereira, é a biografia histórica de Henrique Luiz Roessler, um porto-alegrense que atuou nos anos 1930-60 no Rio Grande do Sul pela proteção da natureza. O livro é fruto da dissertação de mestrado da autora, defendida em 2011 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A partir da perspectiva da história ambiental, Elenita percorre a trajetória de Roessler como Delegado do Serviço Florestal e Fiscal de Caça e Pesca, nos anos 1939-54 e, mais tarde, como fundador e único presidente da primeira entidade de proteção à natureza do RS, a União Protetora da Natureza (1955-63). A obra trata também da memória construída sobre Roessler, a partir de sua morte, em 1963.  

Abaixo, a apresentação que consta na “orelha” do livro:
“O livro de Elenita Malta Pereira é resultado de uma rigorosa pesquisa acadêmica, mas também é uma homenagem a Henrique Luiz Roessler, o “homem que amava a natureza”. Trata-se de uma obra inovadora que contribui para a consolidação de um tema emergente na historiografia brasileira, a história ambiental. Considerando que a pesquisa histórica sofre interferência das tensões políticas e culturais correntes do mundo atual, a publicação da biografia de um importante protecionista está em sintonia com as preocupações de diversos movimentos sociais com as relações sociedade-natureza.

As questões ambientais estão na ordem do dia, tanto no campo da educação como no campo das políticas públicas. Num sentido político, a análise da atuação de Roessler no Serviço Florestal é uma contribuição para o debate, e para a história, na medida em que revela as contradições e problemas no processo de colonização do Norte do Rio Grande do Sul. Na área educacional, as atividades da União Protetora da Natureza foram consideradas precursoras para muitas ações de entidades similares que se formariam posteriormente.

É um livro para ser lido por educadores, historiadores, ambientalistas e por todos que têm alguma preocupação com as questões ambientais”.

Paulo Zarth
Doutor em História (UFF)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Gravidade: o filme de Cuarón e a história ambiental

Uma das quatro forças fundamentais da natureza, a gravidade, força que os objetos com massa exercem atração uns sobre os outros, é também o título do mais novo filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón. A ficção conta coma a Dra. Ryan Stone, em sua primeira missão fora da Terra ao lado do astronauta Matt Kowalsky, na última missão de sua carreira, tiveram graves problemas. Durante uma caminhada em torno do ônibus espacial, eles são atacados por uma chuva de meteoros que os deixa sem contato com a base na Terra.

Ficção-científica, que é como o filme está indicado, nunca foi meu tipo predileto de história. Diante disso, tive muitas dúvidas se seria uma boa experiência assisti-lo. Qual foi minha surpresa, gostei muito e explico porque. O diretor teve o capricho de refletir sobre a existência dos seres humanos. Assim, enxerguei um convite para pensar sobre nossa dependência biofísica, quero dizer que necessitamos de oxigênio, gravidade e todas essas condições que a Terra nos dá.

Penso que muitos trabalhos acadêmicos de História, enquanto disciplina das ciências humanas, é escrita como se tratassem de humanos que não precisam sequer da gravidade para sobreviverem. O que quero dizer é que, assim como o filme de Cuarón, a história ambiental procuram lembra-nos que para a história existir é preciso de um mundo biofísico onde as pessoas e as coisas se movimentes, e sem elas não comunicação, reverberação de som, há um completo silêncio, logo não há história.

Para mim, o ponto auto do filme é o contato da protagonista com o mundo material. Não sei se foi proposito de Cuarón, de maneira poética fazer a dra. Ryan emergir da água, como um réptil sinalizado pelo sapo que nada junto com ela, e chega na beira do lago imitando os primeiros passos do homo sapiens - contado pelo evolucionismo. A garra com que a doutora segura a terra encharcada pode convidar meus nobres colegas historiadores a pensarem sobre a necessidade de incorporar o mundo biofísico em suas reflexões sobre o passado.

domingo, 20 de outubro de 2013

Questões e apontamentos para uma história da ciência ecológica no Brasil

O Laboratório de História e Ecologia - UFRJ apresenta a palestra do prof. Thomas Lewinsohn, Unicamp. com o título: "Questões e apontamentos para uma história da ciência ecológica no Brasil"

Nesta quinta-feira, 24 de Outubro, às 14h00
Local: sala 312 - IFCS-UFRJ 

Thomas Lewinsohn é Professor Titular de Ecologia na Unicamp. É biólogo pela UFRJ e Mestre e Doutor em Ciências (Ecologia) pela Unicamp. Foi pesquisador visitante na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Sua pesquisa enfoca a estruturação de biodiversidade, principalmente em interações animais-plantas. Tem também desenvolvido trabalho e consultoria com políticas públicas relacionadas com biodiversidade. Paralelamente, interessa-se por história e filosofia de ciência e ministra disciplina de graduação sobre "Biologia e Sociedade" na Unicamp. É o atual presidente da ABECO - Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

NAEA 40 anos: políticas públicas, sustentabilidade e desenvolvimento regional na Amazônia



A revolução do leite

Na década de 1970, o arqueólogo Peter Bogucki estava escavando nas planícies férteis da região central da Polônia, quando ele se deparou com uma variedade de artefatos estranhos. As pessoas que viveram há cerca de 7.000 anos atrás, estavam entre os primeiros agricultores da Europa Central e que haviam deixado para trás fragmentos de cerâmica pontilhada com pequenos buracos.

Através da literatura arqueológica, Bogucki encontrou outros exemplos da mesma cerâmica perfurada. "Elas eram tão incomuns", diz Bogucki, agora na Universidade de Princeton, em Nova Jersey. Ele tinha visto algo semelhante na casa de um amigo que foi usado para esticar queijo, então ele especulou que a cerâmica podia ter conexões com a fabricação de queijo.

O que esse arqueólogo propõe é uma história dos produtos lácteos desde as atividades dos primeiros habitantes humanos na Europa. Sua pesquisa conclui que uma mutação no organismo humano criou condições para essa história.


Para conferir toda a discussão dessa pesquisa click aqui.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fragmentos de paixão: relâmpagos e a história

O Brasil é o campeão mundial em incidência de raios no mundo, atingido cerca de 50 milhões de vezes por ano. Isto causa, em média, 130 mortes e 500 ferimentos graves. É claro que intensas descargas elétricas vindas da atmosfera influenciariam, de alguma forma, a trajetória histórica do país. Foi pensando na relação entre os fenômenos naturais e o nosso passado que surgiu Fragmentos da Paixão, o primeiro documentário a tratar de raios aqui. Com lançamento marcado para o dia 11 de outubro, o filme pretende desmistificar a máxima de que um raio não pode cair duas vezes no mesmo lugar. Principalmente se for uma estátua como a do Cristo Redentor, que recebe cerca de 20 raios em cada verão.

“À época do Brasil Colônia, ter medo de fenômenos naturais era uma coisa normal, já que ainda não havia explicações científicas para tais acontecimentos”, contextualiza a historiadora Mary Del Priore. Isso incluía até os monarcas. D. João VI, um medroso confesso, escolheu morar na plana Quinta da Boa Vista ao invés de no Mosteiro de São Bento, que fica no alto de um morro do Rio de Janeiro. “Ele não foi o único. A princesa Leopoldina assumia igual fragilidade”, completa a professora.

Para a diretora do filme, Iara Cardoso, graças à ousadia do roteiro, encontrar quem acreditasse no projeto foi o maior desafio. Foram selecionadas seis pessoas comuns, seis vidas distintas afetadas por raios em diferentes ocasiões, para ancorar três blocos temáticos da narrativa: medo e paixão, tragédia e sucesso, guerra e paz. “Estamos inovando no conteúdo e no formato, misturando linguagem telejornalística e cinematográfica”, explica a diretora, que aponta esta característica como a de maior aproximação com o público.

A produção durou cerca de três anos e teve orçamento de R$ 500 mil. Segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Osmar Pinto Junior, diversas bibliotecas e arquivos públicos foram fontes importantes para a pesquisa, como a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional. “Foram pesquisados mais de mil livros, todos publicados do século XVI para cá”, comenta o coordenador do Elat.

“Essa relação entre homem e natureza está presente em todas as situações relacionadas ao mundo biofísico. E pode ser explicada de maneira mítica, religiosa ou científica, empiricamente mesmo”, sugere o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, José Augusto Pádua, que conclui chamando a atenção para a profunda associação entre o meio e o imaginário popular. “Quando temos um problema, não falamos ‘raios que me partam’? A nossa linguagem é construída através da interação com a realidade de um mundo de sabores, odores, ruídos, sons e experiências. É aí que a vida humana acontece”.

domingo, 13 de outubro de 2013

Barões do Café e sistema agrário escravagista por João Fragoso

Divulgo aqui o lançamento do livro ” Barões do Café e sistema agrário escravagista. Paraíba do Sul/Rio de Janeiro (1830-1888)” do Professor João Fragoso (UFRJ), que acontecerá no dia 18 de outubro de 2013, sexta-feira, a partir das 17:30h, na Livraria da Travessa, Rua Sete de Setembro, 54, Centro do Rio de Janeiro.

Sinopse
Paraíba do Sul foi durante o século XIX, mais precisamente de 1830 a 1888, um dos municípios mais populosos e com a maior concentração de escravos da região agrária do Médio Vale do Paraíba. Os investimentos que propiciaram o cultivo de café na região tiveram origem principalmente nas fortunas dos comerciantes do Rio de Janeiro, então a principal praça mercantil do Atlântico Sul. A opção desses negociantes pelo estabelecimento de plantations escravistas, atividade menos lucrativa que o comércio, sugere a lógica de um modelo pré-industrial, em que a ascensão social estava diretamente ligada à conquista de prestígio e posições de mando. Esse intenso aporte de capital com orgiem no comércio possibilitou o rápido estabelecimento da atividade cafeeira em grande escala na região, além de assegurar para esses novos senhores de terras e escravos os meios de apropriação do sobretrabalho produzido por aquela sociedade.

Analisando documentos seriados como inventários, escrituras públicas e livros de batismo, João Fragoso oferece uma importante contribuição à historiografia do sistema agrário escravista brasileiro ao identificar os mecanismos econômicos dos barões do café do Médio Vale do Paraíba, de sua origem mercantil até sua decadência, marcada principalmente pelo processo de abolição da escravatura no país.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Novos ângulos da história da agricultura no Brasil

Este livro tenta resgatar um pouco de uma história rica, variada e muitas vezes de difícil acesso ao aluno de agricultura de áreas correlatas.

Entender um pouco mais da história da agricultura brasileira não é algo que normalmente atrai a atenção do estudante de ciências agrárias e ambientais, seja de nível técnico ou superior.

Os excelentes livros disponíveis sobre o assunto, como a História Geral da Agricultura Brasileira, de Luis Amaral, dão uma visão detalhada da evolução da agricultura, mas se concentram nos grandes ciclos, são difíceis de serem encontrados, exigem leitura cuidadosa pela extensão e complexidade com que os temas são tratados, não atraem a atenção da geração internet e acabam por serem lidos por poucos. Muito poucos. Por isso e com isso todos perdemos e perde o Brasil.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Laboratória de História e Ecologia - programação

A seguir você confere a programação do Laboratória de História e Ecologia da UFRJ, coordenado pelos professores doutores José Augusto Pádua e Lise Sedrez. Os encontros acontecem às 14h00 no IFCS. A programação está sujeita a alterações.

10 de outubro

Nossa discussão esta semana vai ser sobre o vídeo do Globo Ecologia sobre as enchentes da Serra Fluminense. Sem um texto específico. Aguardem mais detalhes. Até lá!

17 de outubro

Introdução de Virginia Acosta sobre HIstória dos Desastres Ambientais na América Latina (texto a ser distribuído).

24 de outubro

Enchentes em Petrópolis na virada do século XX (provisório), com graduanda Lorena Lopes Baptista. (texto a ser distribuido)

31 outubro

Discussão do texto “The Monster Swallows You“ Disaster Memory and Risk Culture in Western Europe, 1500 - 2000, por Christian Pfister. RCC Perspectives 1, 2011. (em inglês)

7 de novembro

Dra. Marina MIraglia, Universidade de Buenos Aires, ainda sem texto.

14 de novembro

Lise Sedrez, Enchentes urbanas, ainda sem texto.

21 de novembro - encerramento

Dr. Manuel Gonzalez de Molina Navarro, professor do Departamento de História Contemporânea na Universidade Pablo de Olavide (Sevilha), AInda sem texto.