segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O engenho dos engenheiros: ciência e política na fronteira meridional da América portuguesa (1750-1760)

No dia 15 de julho de 2015, às 14 horas,  foi realizada a defesa da dissertação de Millena Souza Farias pelo PPGH da Universidade Federal Fluminense que tratou das discussões envolvendo as demarcações de limites no Estado do Brasil setecentista.

A banca examinadora contou com os seguintes membros:
Prof. Dr. Guilherme Pereira das Neves (UFF) – Orientador
Prof.ª Dr.ª Heloisa Meireles Gesteira (MAST/UNIRIO/PUC-RJ)
Prof. Dr. Jorge Victor de Araújo Souza (UFRJ)

Título: O engenho dos engenheiros: ciência e política na fronteira meridional da América portuguesa (1750-1760)

Resumo:

O presente trabalho trata de algumas questões decorrentes das demarcações do Tratado de Madrid, selado entre Portugal e Espanha em 1750. O objeto de análise é a atuação dos engenheiros militares durante as viagens à América meridional para a demarcação das novas fronteiras acordadas pelo tratado. As fontes que incluem os diários das três partidas de demarcação – disponíveis no acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro –, entre outros documentos produzidos ao longo da demarcação, permitem-nos explorar a relação geopolítica da coroa portuguesa com seus domínios americanos. Consideramos que, durante o processo demarcatório, o processo de expansão territorial foi estabelecido, na década de 1750, por duas dimensões: a política, onde as relações de poder legitimavam a posse das conquistas, e a científica, onde a produção cartográfica circunscrevia o espaço através dos conhecimentos de engenharia, astronomia e cartografia. Para isso, buscamos um diálogo com a História das Ciências, a qual fornece o aporte necessário para a compreensão das técnicas e dos discursos empregados pelos demarcadores, em especial, os engenheiros militares. Esta dissertação busca dar ênfase ao engenho – saber praticado pelos engenheiros militares nos trabalhos de campo, onde se destacam os atos de observar, mensurar, desenhar e registrar. Tal saber caracteriza a produção descritiva dos acontecimentos que compõem os diários das partidas de demarcação da América meridional.

Palavras-chave: Brasil Colônia; Tratado de Madrid; Ciência; Fronteira; Engenharia militar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Rock e natureza: o metal reciclável da banda Gojira

Este fim de semana a banda francesa Gojira abriu a noite de shows no palco mundo do Rock in Rio apresentando apresentando seu heavy metal para um número considerável de fans e outros tantos que ainda não conheciam os músicos. A postagem de hoje é sobre essa banda porque escolheram discutir questões ecológicas em suas entrevistas e músicas.

Em suas letras, a banda liderada pelo vocalista Joe Duplantier, utiliza largamente símbolos do mundo natural para demostrar as inquietações diante do mundo opressor, consumista e descomprometido com a sustentabilidade. Mais que isso, a identidade visual da banda faz referência à plantas e animais. Podemos ver isso nas capas de seus álbuns e nos cartazes de propaganda de suas apresentações pelo mundo. Os vídeo clips também usam essa mesma temática.


Os membros da banda cresceram em Bayonne, uma cidade localizada no sudoeste da França, onde há belas paisagens com a natureza exuberante dos Pirineus. Há quem diga que essa influência acabou por levá-los a buscar os temas do meio ambiente. Eles também colaboram ativamente com os projetos da Sea Shepherd Conservation Society, que se preocupa com a proteção de animais marinhos, especialmente os golfinhos, tubarões e baleias. A associação vende alguns produtos durantes os shows do Gojira para angariar fundos.

Por conta conta disso, a figura da baleia ganha destaque nos produtos da banda, que disponibiliza uma série de fundos de tela para computador com temas do mundo natural sem perder os traços sombrios que agradam os roqueiros. 


As questões envolvendo o meio ambiente se tornaram tão importantes que influenciam decisivamente trabalhos musicais até mesmo de bandas de heavy metal. É claro que essa escolha do Gojira os diferencia das demais bandas de rock, sem perder a paulera peculiar, suas ações se apresentam responsáveis com os problemas ecológicos. Um metal reciclável. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A cidade não para, a cidade só cresce

Urban Development, 2004. Pen and ink, 6 x 12"
Disponível em: 
http://www.lesyeuxdumonde.com

por Bruno Capilé*

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. (Marina Colasanti- Eu sei, mas não devia. 1996).

Esse trecho segue o lamento de como nos acostumamos com aspectos ruins de nossas vidas, em particular o cotidiano de uma vida urbana desgastada, que se perde nas horas diárias nos engarrafamentos, na falta do horizonte entre os prédios, na nossa falta de contato com as centenas de pessoas que passam ao nosso lado. É na cidade onde o esforço humano de transformar o próprio ambiente se confunde com as diferentes maneiras do homem reconstruir a si mesmo. As vicissitudes humanas e urbanas moldam-se mutuamente, e somos facilmente levados a crer que a cidade não tem mais natureza. Assim torna-se mais comum associarmos de maneira óbvia muitas das atividades de nossa espécie como sinônimo de destruição ambiental, sendo o território urbano o maior símbolo de impacto humano na natureza. Quais seriam as vantagens de embasar nossos pensamentos e atitudes segundo uma dicotomia natureza-sociedade? Será que se buscarmos apagar tal polaridade poderíamos ter uma perspectiva mais justa ambientalmente e socialmente?
Talvez a própria ideia de natureza tenha auxiliado o pensamento ocidental a definir o que seria o humano, o civilizado. Esta autodefinição por meio do Outro tem sido um padrão desse raciocínio totalitário – por exemplo a noção de Ocidental em contraposição do Oriental. A necessidade de nos sentirmos diferentes caminhou junto com a necessidade de dominar o Outro. Da mesma maneira que americanos, africanos e asiáticos foram colonizados, também os seus ambientes o foram.
A cidade mantém este mesmo raciocínio com seu Outro, o campo. Moldando esta relação, que sempre foi assimétrica, com mais investimentos na urbe. Hoje, esse campo mais próximo da cidade foi engolido pela mesma, enquanto o mais afastado foi engolido pela agricultura industrial. O quadro abaixo, do suíço Christophe Vorlet, mostra um campo que não existe mais, uma outra releitura do englobamento urbano.
Vorlet possivelmente não imaginou que esta obra, Urban Development de 2004, seria apropriada e ressignificada com outro nome nas redes sociais brasileiras: Vidas Secas. A alusão à obra de Graciliano Ramos é uma ligação óbvia com a paisagem desolada. O cenário ao fundo, de açude dessecado, como uma consequência natural, se transforma lentamente conforme nossos olhos percolam as rachaduras até a parte inferior do quadro: uma área altamente urbanizada. Num loop interminável de causa e consequência nos perguntamos: como as cidades cresceram tanto assim? Será por causa da crise ambiental rural, ou será o crescimento da cidade a causa da devastação no campo? Certamente ambos acontecimentos estão tão - misturados que, como no quadro, fica difícil perceber quando começa um e termina o outro. De repente, talvez, devêssemos tentar superar a polaridade de pensarmos causas e consequências como coisas separadas, e até mesmo antagônicas. Talvez uma nova visão nos ajude a superar a antiga dicotomia natureza-sociedade.
Será que faz sentido interpretar o sucesso da sociedade a partir do fracasso da natureza, ou até mesmo aceitar a destruição da natureza como consequência do progresso da sociedade? Vamos reconsiderar, mesmo que por um momento, a presença da natureza na sociedade. Vamos pensar em como fazemos parte da natureza e como ela faz parte de nós. Ou seja, como um ambiente urbano – por exemplo um rio extremamente poluído – se faz presente em nossa corporalidade, e como nossos atos afetam este ambiente. E se, em vez de pensarmos na degradação, ou destruição, deste rio, considerássemos a perda das características e relações ecológicas que o faziam belo: seu cheiro, seus peixes, suas mudanças naturais. Dessa maneira, teríamos que pensar também nas mudanças das características do rio urbano, principalmente o maior aporte de matéria orgânica, e de poluentes químicos. A vida ainda se mantem neste rio, agora rica em microorganismos patológicos ao homem. Entender como somos afetados por tudo isso permite ver a complexidade e riqueza de nossas interações. Lidar com isso de maneira clara, com o auxílio de um vocabulário mais preciso, faz com que nossas narrativas se tornem mais justas. Pois daí não veríamos um rio morto somente: e sim um rio extremamente poluído por nós mesmos, que afeta nossa saúde pública de uma maneira também injusta e assimétrica.

A maneira como olhamos para o Outro diz muito sobre como queremos ser percebidos. Proponho incluir este Outro em nós mesmos, não somente ao nosso lado, mas dentro do coletivo de tudo isso. As palavras que determinam um ambiente degradado (feio, doente, insustentável) possuem em seus antônimos os meios que podem colaborar para um ambiente não-degradado (bonito, sadio, sustentável). E assim, ao incluir o social no natural, delineamos de maneira mais eficaz nosso senso de justiça ambiental e social.

* O autor é doutorando em História Social no PPGHIS-UFRJ, onde desenvolve pesquisa sobre a relação entre História e Natureza com destaque para o tema dos rios.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pensando a devastação: a gênese histórica do primeiro Código Florestal Brasileiro (1900-1934)

Olá amig@s do HN, a postagem de hoje é para dar notícia da defesa de dissertação de Tayla Gabrieli Rodrigues Antunes que ocorreu no dia 14 de agosto de 2015 às 14:00 na sala de reuniões do Programa de pós-gradução em História Social da UFRJ. A pesquisa foi aprovada com distinção e em breve estará on line.

A banca examinadora conto com os seguintes membros:
José Augusto Pádua (orientador)
Lise Sedrez (UFRJ)
Lucia Lippi Oliveira (FGV - CPDOC)

Título: Pensando a devastação: a gênese histórica do primeiro Código Florestal Brasileiro (1900-1934)

Resumo:
A pesquisa tem como objeto principal de análise o debate político-científico que levou à criação do Código Florestal Brasileiro, editado em 1934, primeiro Decreto Federal (nº. 23.793) que instituiu a proteção às florestas no Brasil. A investigação focaliza a participação científica de alguns dos principais intelectuais da época que tanto propagaram ideias preservacionistas e conservacionistas da natureza, quanto promoveram o amplo debate da questão florestal, sobremaneira ligada à construção da nação brasileira. Para tanto, serão analisados escritos político-científicos de professores, políticos, botânicos, naturalistas, biólogos que se institucionalizaram e ocuparam postos de relevo, chegando a ter forte influência no campo político nacional. Paralelamente, examina-se, também, o próprio documento que resultou, em muito, desse movimento, o Código Florestal Brasileiro, buscando perceber em que medida o ideal nacionalista constituiu-o, bem como o tipo de proteção florestal a que se propôs. Considera-se como marco fundamental para a institucionalização e a politização científica, a criação do Ministério de Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC), em 1909. A partir de então, muitos dos escritos científicos ligados às questões ambientais ganharam maior visibilidade, alcançando, inclusive, publicações oficiais. A investigação irá se dedicar, portanto, ao período entre 1900 – quando a questão ambiental e, mais especificamente, a florestal se amplia com presença direta no campo político nacional da discussão – até o surgimento do Código Florestal Brasileiro, no primeiro governo de Getúlio Vargas, em 1934.

Palavras-chave: Código Florestal Brasileiro (1934); ideias de proteção à natureza; nacionalismo; atuação científica.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Brasil: uma biografia

O Programa de pós-graduação em sociologia e antropologia – ifcs / ufrj  convida para "encontros de sociologia e antropologia": Lilia Schwarcz & Heloisa Starling


As autoras da obra BRASIL: UM BIOGRAFIA apresentam uma biografia, as historiadoras Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling reúnem vasta documentação original e rica iconografia para propor uma nova (e pouco convencional) história do Brasil. Se debruçam não somente sobre a “grande história” mas também sobre o cotidiano, a expressão artística e a cultura, as minorias, os ciclos econômicos e os conflitos sociais, mantendo diálogo constante com aqueles autores que, antes delas, buscaram interpretar o Brasil.

DEBATEDOR: JOÃO MARCELO EHLERT MAIA (CPDOC/GFV) 
DIA: 16/9/2015 
HORÁRIO: 17H 
LOCAL: SALA 109 – EVARISTO DE MORAES FILHO – IFCS/UFRJ 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA – IFCS / UFRJ Largo de São Francisco de Paula, 1/sala 420 – Rio de Janeiro, RJ – 20051-070 – Tel:(5521)2224-8965 – E-mail: ppgsa@ifcs.ufrj.br

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Dossiê História, Saúde e Meio Ambiente

Damos a notícia de que está disponível a nova Edição da Revista Fronteiras Journal of Social, Tecnological and Environmental Science, v. 4, n. 1 (2015).
Essa Edição conta com Dossiê História, Saúde e Meio Ambiente, coordenado pelos professores Paulo Henrique Martinez (Unesp) e Sônia Maria de Magalhães (UFG).

A REVISTA FRONTEIRAS: JOURNAL OF SOCIAL, TECHNOLOGICAL AND ENVIRONMENTAL SCIENCE  é uma publicação semestral com arbitragem por pares, do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente do Centro Universitário de Anápolis (PPSTMA/UniEVANGÉLICA). “Fronteiras” é uma revista multidisciplinar, de acesso livre, impulsionada pela crença de que todos os tipos de conhecimento devem ser globalmente disponíveis.  A revista envolve discussões giram em torno de quatro grandes eixos temáticos: Sociedade, Tecnologia, Meio Ambiente e Saúde. Embora a revista seja relativamente nova, estamos trabalhando para torná-la uma publicação de prestígio e internacionalmente reconhecida no campo multidisciplinar. Para tanto novas indexações foram feitas além das já existentes. Atualmente a revista contava com indexações nas bases Latindex, Sumarios.org, e-revistas. E mais recentemente foi indexada nas bases IBICT SEER – Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas e no Portal de Periódicos da CAPES.

Para acessar a revista:
http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/issue/current




quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Comunidades pesqueiras no Espírito Santo: reunião do Laboratório de História e Natureza

As as reuniões do Laboratório de História e Natureza (UFRJ) 2015 -  2º semestre serão retomadas na próxima semana.  A primeira reunião será no dia 17/9, quinta, 14:00-16:00.   Será mantido o horário tradicional nas tardes de quinta-feira. As reuniões, em princípio, serão quinzenais.

A primeira apresentação será da Profª. Aline Trigueiro, da Universidade Federal do Espírito Santo, que está participando do Laboratório nesse semestre.  O título da apresentação será "Grandes projetos de desenvolvimento e impactos socioambientais em comunidades pesqueiras no ES".  

Case tenhamos mais informações daremos notícia aqui.

Obs: O Laboratório realiza suas atividades no prédio do IFCS-UFRJ no Largo de São Francisco, Rio de Janeiro-RJ.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Paisagens e expedições no Brasil Oitocentista: história, natureza e arte

No dia 26 de maio de 2015 foi defendida a  tese de Ana Marcela França pelo PPGHIS- UFRJ. A banca foi composta por Lise Sedrez (UFRJ), Andrea Casa Nova (UFRJ), Vera Beatriz Siqueira (UERJ), Rogério Oliveira (PUC-Rio) e José Augusto Pádua.

"Palmeiras denominadas Buriti, desenhadas
em Quilombo, distrito de Chapada", ano: 1827.
Por 
Aimé- Adrien Taunay
Ana Marcela França considerou gratificante ver o retorno de leitores consagrados sobre as problemáticas que sua tese propôs levantar. A banca se mostrou interessada sobre o assunto e fez considerações que de fato irão contribuir para um livro que poderá ser futuramente lançado. A autora ainda destaca a satisfação em ver que a banca compreendeu a proposta da tese de trabalhar as imagens enquanto documentos primários, na intenção de ser melhor compreendida a visão dos estrangeiros sobre a diversidade paisagística brasileira. Depois de quatro anos de trabalho nada melhor do que sentir-se satisfeita por tê-la realizado!

Título: A diversidade paisagística brasileira nas iconografias da Expedição Langsdorff e da Missão Austráca: um diálogo entre a História Ambiental e a História da Arte.

Resumo:
A vinda das missões e expedições na primeira metade do século XIX para o Brasil produziu conhecimento científico e imagens artísticas sobre a diversidade de sua extensão natural. Na verdade, essa produção ajudou a construir a própria representação do território nacional brasileiro a partir de seu conjunto vegetacional. Ao adentrarem nas florestas e savanas os viajantes buscavam descrever e catalogar a fauna, a flora, os usos e os costumes das diferentes regiões do Brasil. Era parte fundamental das viagens a produção e a elaboração de imagens que registrassem as paisagens avistadas, juntamente às informações obtidas ao longo da viagem. A partir das iconografias de paisagem e dos relatos feitos pelos artistas-viajantes que compuseram a Missão Austríaca, incluindo o botânico Carl F. von Martius, e a Expedição Langsdorf buscarei analisar a maneira como se construiu a imagem de um território diversificado, que hoje se expressa na ideia dos biomas brasileiros. Assim, o presente trabalho analisa a produção iconográfica, feita na época, relativa aos biomas Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia.