terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Serra do funil: fotografia

[Mayra Biajante - São Paulo] A fotografia deste mês foi feita na Serra do Funil, no caminho para a Cachoeira Água Vermelha, com direito a guia especial durante toda a caminhada.
A Serra do Funil é uma comunidade com cerca de 400 habitantes, distrito do município de Rio Preto, Minas Gerais.
No século XVIII, Rio Preto foi a cidade do Marquês de Valença, sendo o principal aldeamento dos índios Coroados, com cerca de 1.400 pessoas.
Foi largamente utilizada para o contrabando de ouro, apesar de todo o esforço por parte da Coroa no sentido de exercer um controle sobre a região. Após essa época teve como principal fator econômico, o cultivo de café e cana-de açúcar.
O local possui cavernas, cachoeiras e grutas de quartzo e tem esse nome porque o Ribeirão Sant'Ana, que nela passa, some misteriosamente dentro das pedras e reaparece 50 metros à frente.
Além disso, possui lindos vales de montanhas típicos de Minas e, ao anoitecer, um céu estrelado maravilhoso.

A fotografia é de autoria de Mayra Biajante, fotógrafa e colaboradora deste blog.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Isla de aves: nuestra huella en el Caribe


Viernes 21, a las 4:00 pm., En la sala 5 se inaugurará la exposición “Isla de Aves. Nuestra huella en el Caribe”.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

O Estado imperial e o desflorestamento na Corte (1850-1889)

Título: Colinas outrora verdejantes: o Estado imperial e a questão do desflorestamento na Corte e na província fluminense (1850-1889)

Autor: Pedro de Moraes Trovão Reis (UFRJ)

Resumo

Vale do Paraíba
Este trabalho tem como objetivo analisar o posicionamento e a atuação de membros do Estado imperial brasileiro em relação à questão do desflorestamento, especificamente na Corte e na província do Rio de Janeiro. Para este fim, foram investigadas principalmente fontes primárias oficiais, sendo estas em sua maior parte relatórios elaborados por membros do poder Executivo central e provincial. A destruição florestal era entendida por estes atores sociais como um problema na medida em que provocava a destruição de recursos econômicos vegetais valiosos, representados pelas madeiras de construção da rica fauna nacional, e também porque provocava alterações no meio ambiente prejudiciais para a vida e as atividades humanas, como a diminuição das chuvas e do volume dos mananciais.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

História ambiental: debates interdisciplinares (e-book)


A editora Edufpe ddisponibilizaon line o livro "Historia Ambiental: Debates Interdisciplinas", organizado por Patrícia Pinheiro de Melo. 


Esta publicação reúne mais de quarenta artigos dedicados à temática ambiental que é tratada a partir da perspectiva de diversas disciplinas, todas convergindo para o mesmo objetivo, esse grande encontro de pesquisa e extensão.

Acesse o link do e-book


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Seminário Internacional Sociedade-Natureza e Desenvolvimento



Nos próximos dias 27 e 28 de novembro acontecerá o Seminário Internacional Sociedade-Natureza e Desenvolvimento / Séminaire International Société- Nature- Développement, organizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, por intermédio da Cátedra UNESCO de Desenvolvimento Durável/ Chaire UNESCO du Développement Durable, do Programa EICOS-UFRJ.

O Seminário conta com o apoio do Consulado da França, no Rio de Janeiro.

Pré-inscrições no Seminário Internacional Sociedade Natureza e Desenvolvimento podem ser feitas no link:


Informações e programação no blog do Laboratório:

                         

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel de barros, de águas, de flor e de passarinhos

Quando Ariano Suassuna faleceu, eu pensei em escrever um post sobre as formas como esse pernambucano insubstituível utilizou a natureza em sua produção artística - especialmente em "A Pedra do Reino" e a comparação do homem como um piolho no lombo de uma onça. Desisti do posto porque tive a certeza de não dar conta do tamanho da importância de Suassuna neste blog e do vazio que tomou conta da minha alma no instante que li a notícia de sua morte.

Hoje morreu Manoel de Barros, e pensei a mesma coisa, apesar de nunca ter assistido esse poeta do Mato-Grosso pessoalmente. Suas poesias sempre me tocaram muito pelo fato de o valor que os animais, plantas, rios e tudo mais desse tipo ganham em seus poemas. 

Diante disso, minha homenagem será publicar aqui a poesia que eu mais gosto e que sempre falo por aí, trata-se dos versos em que ele explica como os conceitos enfeiam as coisas. Você já pensou nisso ? Como nomear plantas, rios ou animais esvazia de poesia tudo isso ? Você sabia que cada vez que usa a nomenclatura de Lineu muitas plantas murcham e muitos pássaros deixam de voar se espatifando no chão ?

Mas, deixemos falar Manoel de Barros isso que sentimos em nosso coração:

"O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa
era a imagem de um vidro mole...

Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...

Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem".

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A natureza em Alessandro Cervellati: arte e polêmica

Estive pesquisando na Biblioteca Comunale dell' Archiginnasio em Bolonha, em meados deste ano, em busca de documentos históricos referentes as questões de limites do Vale Amazônico no Século XVIII, pois alguns homens de ciência como Antonio Landi e Angelo Brunelli viveram nessa cidade italiana antes de viajarem para América. Nessa biblioteca encontrei uma exposição do trabalho de Alessandro Cervellati (1892-1974), eis o tema do post de hoje. 

Alessandro Cervellati concluiu seus estudos de arte no Instituto de Belas Artes de Bolonha, em 1919. Com alguns amigos, fundou um periódico que satirizava questões do cotidiano por meio de xilogravuras e ilustrações. A exposição, acima referida, conta que ele foi colunista e cartunista da "Pug Evening". Publicou ao longo de sua carreira de ilustrador uma série de polêmicas atrevidas sobre acontecimentos da sociedade italiana.

Muitas de suas metáfora utilizaram a figura de animais. Dessa forma, ficava subtendido quem ele queria realmente atacar. A fauna comumente tem servido para esse fim ilustrativo, sendo atribuído aos animais características ou personalidades que nem sempre eles possuem. Meu objetivo aqui foi mais apresentar alguns desenhos desse italiano e como ele utilizou peixes, cavalos, porcos e outros seres vivos em seu trabalho.

Não só por conta do espírito polêmico quisemos mostrar no post de hoje, mas simplesmente alguns desenhos desse autor e como ele representou a Natureza. Além de seus animais servirem de metáfora, também podemos percebê-los como sendo ícones usados com inteligência, peixes transformados em símbolos, porcos enviando mensagens e críticas.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Relatos selvagens: crônicas de vingança

O post de hoje é sobre o filme argentino "Relatos Selvagens". Os filmes em que Ricardo Darín participa sempre me deixam curioso, e este não foi diferente. Trata-se de seis histórias sem conexões diretas, mas que se tornam coerentes sob o mesmo título pelo fato de serem crônicas de vingança, abordando como esse sentimento é tão visceral, que de tão humano torna-se animal (não que os humanos não sejam animas).  

A abertura do filme já dá pistas das intenções do  diretor  Damián Szifron.. Ao apresentar o nome dos produtores, diretores e elenco, as imagens são de animais: zebras, chipanzés, elevantes, tigres, relacionando de maneira muito bem humorada a equipe com os bichos das fotos. 

Foi apenas quando terminou o filme que pensei: "Claro! Vou escrever um post sobre isso". 

Você já pensou como a "vingança" e os considerados ruins estão de alguma maneira relacionados com as espécies não humanas. Expressões como "virar bicho" confirmam isso.

Além das seis histórias serem muito boas, fiquei pensando como quando somos verdadeiros somos bichos, logo, o que caracteriza nossa espécie é a falsidade. Todos os personagens da película são selvagens porque expressam o desejo de vingar, sem medir as consequências. 

O filme acaba evidenciando essa interpretação de nossa sociedade: são os animais (espécies não humanas) que se vingam, matam e destroem. Quando na verdade os relatos mostram o quanto somos selvagens, o quanto isso faz parte de nossa vida. 

Recomendo "Relatos Selvagens". Você vai se divertir e pensar quanto de bicho há nas suas atitudes, quanto de selva existe na cidade e como essa ideia de que ser civilizado passa pela atitude de negar nossas vontades.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Ilha Grande: história e Ramos


[Mayra Biajante - São Paulo] A fotografia do post de hoje registra um instante da história da Ilha Grande,  sudeste do Rio de Janeiro, no município de Angra dos Reis.

O nome realmente faz jus ao tamanho da ilha. Ela é a maior do litoral da cidade, com 193 quilômetros quadrados e é preciso alguns dias e bastante fôlego para poder percorrer toda a sua extensão e conhecer as belezas que ela oferece (ou voltar algumas vezes, como eu pretendo fazer). 

Além das praias lindas, a Ilha já foi palco de dois presídios. Um deles, na Vila de Dois Rios, encarcerou o escritor Graciliano Ramos. E depois de algum tempo ele até escreveu um livro baseado na experiência que viveu naquele lugar, o Memórias do Cárcere.

Hoje existem somente escombros e histórias sobre essa época, que podem ser vistos no museu construído no local.

Mas voltando á fotografia, o Arqueduto da Vila de Abraão foi construído na época imperial, em 1893.

Considerado uma das construções mais importantes da época, era responsável pelo abastecimento de água do Lazareto, uma casa de quarentena para onde eram levados os passageiros doentes que chegavam de navio ao Brasil.

Construído com pedra e óleo de baleia, o imponente Arqueduto tem 30 metros de altura e 140 metros de comprimento. Um artefato que atravessado por várias histórias, e que a natureza destrói ao mesmo tempo em que preserva.

Vale a pena conhecer a Ilha e fazer a trilha para lá, que é bem curtinha, cerca de 20 minutos saindo da Vila do Abraão.

* Um obrigada especial para o Victor, que me acompanhou na aventura e também está na foto :)

(O texto é de Mayra Biajante, fotógrafa e colaboradora deste blog, conheça seu trabalho clicando aqui)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Simpósio latino-americano de História Ambiental 2014

Na semana passada estive na cidade argentina de Quilmes participando da sétima edição do Simpósio da Sociedade Latino Americana e Caribenha de História Ambiental (SOLCHA) que aconteceu entre os dias 15 e 17 de outubro. O evento contou com a participação de alunos e professores que desenvolvem suas pesquisas tendo em comum o tema da relação entre história e natureza.


A organização reuniu as comunicações em mesas temáticas. Destaco a mesa sobre rios que contou com pesquisas de investigadores brasileiros e colombianos, contando a história das sociedades tendo como referência os rios. Outro ponto alto foi a mesa organizada por José Arturo Jiménez Viña da Universidade Nacional da Colômbia com o título "Historias animales en latinoamérica: Una perspectiva cultural y ambiental" que contou com pesquisas sobre o passado a partir do jaguar, dos pássaros, dos mosquitos e dos galos, encerrando com um panorama de estudos desse tipo na América Latina.

Houve três conferências muito instigantes durante o evento. Destaco a excelente palestra da professora Regina Horta (UFMG) sob o tema “Historia Ambiental Latinoamericana: ¿hacia dónde, desde aquí?” que fez referência a Sherazade e As mil e uma Noites.


O encontro foi muito importante para conhecer novos colegas e estabelecermos contatos para trabalhos em conjunto. Verificamos como nossa historiografia desconhece a história de nossos vizinhos, como estamos distantes dos trabalhos desenvolvidos na América Latina e Caribe. Ao mesmo tempo gostaria de registrar a importância de nos esforçarmos para aumentar o diálogo com esses países, contribuindo até para compararmos com os acontecimentos que constituíram a história brasileira, como por exemplo a experiência de colonização na América espanhola ou o processo de urbanização dessas regiões.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Religião e ambientalismo nos Estados Unidos

O ambientalismo americano tem uma inesperada "história oculta" - a religião tem, em quase todos os pontos, influenciado profundamente suas origens, evolução, e até mesmo o seu futuro. Nascido com o calvinismo, que obteve o seu programa e adquiriu o seu poder moral próprio das denominações calvinistas congregacionalistas e  do presbiterianismo. Praticamente todos os seus fundadores no século XIX cresceram Congregacionalistas. Progressistas Presbiterianos estavam envolvidos em causas nacionais de conservação, parques e florestas  Presbiterianos tradicionais se envolveram com a ascensão pós-guerra do ambientalismo. Nas últimas décadas, outras denominações, nomeadamente batistas, católicos e judeus, assumiram a liderança ambiental. Como cada denominação baseou sua hora no palco ambiental e saiu para dar lugar as preocupações e objetivos do próximo, o ambientalismo se transformou. Esta palestra explora por que isso aconteceu e que isso significa isso tem para o passado, bem como para o futuro do ambientalismo americano.

Palestra com professor Mark Stoll
30 de outubro, 14h00 no PPGHIS-UFRJ (Largo de São Francisco - Rio de Janeiro)
Laboratória de História e Natureza


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Natureza e história na Amazônia Colonial no laboratório de história e ecologia

As atividades do Laboratório de História e Ecologia - UFRJ do II semestre iniciam no próximo dia 02 de Outubro às 14h00 com o tema "Natureza e história na Amazônia colonial: o tempo das demarcações de limites (1750-1799)" por Wesley Kettle. Apresentarei algumas reflexões resultantes da pesquisa que desenvolvo sob a orientação do professor doutor José Augusto Pádua.

Mais informações, inclusive um texto que preparei como base para discussão, podes encontrar no website do laboratório clicando aqui

Resumo da apresentação

Em 1750, foi assinado pelos reis espanhol e português o Tratado de Madri com o objetivo de resolver os problemas envolvendo as fronteiras de seus domínios na América. Foram contratados e enviados para esse território homens de ciências capazes de realizar os trabalhos das demarcações de limites. Nossa pesquisa tem como objetivo investigar as visões de natureza dos personagens que participaram dessa tarefa, como astrônomos, desenhadores, engenheiros, clérigos, ouvidores, secretários, entre outros que percorreram a bacia hidrográfica do Amazonas como membros de expedições, descimento de índios ou mesmo coleta de drogas do sertão. Nesta apresentação pretendemos analisar esse contexto na perspectiva da história ambiental, percebendo esses sujeitos em interação com o mundo natural do Vale Amazônico.

Calendário do Laboratório

16 de outubro - SOLCHA - NÃO HAVERÁ REUNIÃO

30 de outubro - Mark Stoll (título a combinar)

13 de novembro - José Augusto Pádua - O Dilema do Berço Esplêndido: o Brasil na História do Antropoceno

27 de novembro - Felipe Süssekind (PUC-Rio/ CAPES/FAPERJ)  Os Desaparecidos do Antropoceno,

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Descendo o morro da vó Salvelina: taca-lhe pau Marcos!

Pedrinho, o personagem de Monteiro Lobato, conheceu o Reino das Águas Claras no terreno de sua Vó, a Dona Benta. Foi descalço, correndo pra lá e pra cá que vivia incríveis aventuras com Emília e o Visconde de Sabugosa. O post de hoje é inspirado em um dos vídeos mais acessas das ultimas semanas, que você pode ver aqui abaixo. Trata-se de uma narração empolgada e empolgante da performance do piloto Marco descendo o morro da vó Salvelina.



Leandro e Marcos Martinelli, os protagonistas do vídeo, me fizeram pensar como é bom e saudável brincar no campo e como isso tem sido mais raro diante de tanto eletroeletrônicos invadindo as residências. As aventuras de Pedrinho e Narizinho também aconteceram descendo morros, com os pés sujos de barros, rolando pela grama.

É o carrinho de madeira que me fez escrever o posto de hoje. Parece-me uma cena contra tudo o que conhecemos nas grandes cidades. Meninos brincando ao ar livre, carros livres de congestionamentos e divertindo gente, brinquedos rústicos e o até o som de passarinhos ao fundo. É aí que encontramos a felicidade, nas coisas simples, na interação com a natureza, ao ar livre.

Marcos, Leandro, Pedrinho, Dona Benta e a vó Salvelina estão cada vez mais raros em nosso dia-a-dia. Deixamos de experimentar essas aventuras em alta velocidade muito pela falta do contato com esse chão de terra. Outro lado dessa história é que a indústria automobilística já contratou Leandro para participar de comerciais vendendo seus infinitos carros que mal podem trafegar pelos engarrafamentos.

Quis dividir convosco essa saudade de descer correndo um barranco, imaginar aventuras incríveis com os pés sujos de barro. Por menos tablets, aparelhos celulares, menos televisão e computadores. A criatividade está na contemplação do horizontes, em construir brinquedos mágicos que nos levem aonde nossa imaginação permitir! Taca-lhe pau marcos! Taca-lhe pau!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"A natureza invade a cidade": onde estão as plantas e animais?


O que se quer no fim do dia é terminar esparramado em uma grama falando dos sonhos. Pois bem, o fim da tarde foi quase assim. Terminei esparramado em um tapete verde que imitava grama. Fui assistir a instalação audiovisual montada pelos artistas Ygor Marotta e Ceci Soloaga na Caixa Cultural (RJ) com o título "A natureza invade a cidade", que fica em cartaz até o dia 28 de setembro.

A instalação conta a trajetória de uma menina e seu gato que fora vagando pela cidade se deparam com pensamentos que nos levam a refletir sobre a escassez de plantas e animais nos espaços públicos dos grandes centros urbanos. A dupla destaca os elementos que infelizmente compõem o cotidiano dos moradores das cidades: policiais, bandidos, carros, desigualdade social e a tv que muitas vezes nos distrai para pensar sobre essa realidade.

A menina e seu gato vagueiam por outras dimensões encontrando elementos que faltam a cidade, como árvores, lagos, indígenas, pássaros, a espiritualidade, cores, e tudo que realmente tornaria o cinza das cidades menos agressiva e opressiva. Uma instalação com poesia visual e uma discussão de fundo bastante pertinente hoje. Vale a pena conferir!!!

domingo, 7 de setembro de 2014

Animais divinos no Louvre: natureza no Egito Antigo

Todos que visitam o Museu do Louvre, em Paris, sabem que é muito difícil dar conta de tudo. Comigo não foi diferente. Decidi não visitar a parte das esculturas (olha que eu cheguei cedo). De todas as secções, a que apresenta os artefatos da mesopotâmia foi o que mais gostei. O post de hoje é sobre a sala dedicada ao animais de caráter divino - que quando eu visitei (jul-2014) estava em formação.

A relação dos egípcios com o mundo animal é no mínimo curiosa. Eles se alimentavam de gado, aves, peixes e caçavam animais silvestre ao passos que veneravam os representantes destas mesmas espécies. O carneiro, o crocodilo, o cachorro, o gato e outros tantos outros animais representavam divindades na vida religiosa do Egito desde os primeiros Faraós, como Nagda III e Ramsés.


O museu Louvre teve a sensibilidade de perceber quão importante eram os animais não apenas da dimensão espiritual, mas também como amigos dos moradores do Egito. Os gatos embalsamados são muito interessantes, a quantidade surpreende. Digo isso pelo fato de muitas das descrições das obras de arte ignorarem completamente a presença de animais nas pinturas.

Até mesmo crocodilos eram mumificados depois de serem oferecidos como oferendas nos templos, cenas que chamaram muito a atenção dos gregos e romanos. Fiquem pensando em que momento nossa sociedade perdeu esse respeito com os animais. Em que momento o cristianismo, por exemplo, virou as costas, para o mundo animal.


São inúmeros os monumentos, holocaustos, esculturas, histórias que envolvem os animais no Egito Antigo. As múmias de vários animais expostas no Louvre testemunham de uma sociedade que considerava os animais quando pensava no mundo sobrenatural. Nos ajuda também a pensar sobre as técnicas desenvolvidas no que se refere a mumificação desses bichos.

Não podemos pensar a história do Egito antigo sem levarmos em consideração os animais que faziam parte da alimentação, transporte e no caso do assunto aqui tratado, a religiosidade daquela civilização. A sala do Louvre , ao dedicá-la aos animais divinizados chama total atenção para essa parte indispensável da história do Egito no tempo dos Faraós.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Do Lyceu ao Foyer: exposições de arte e gosto no Pará (fins do XIX e início do XX)

A dissertação de Moema Alves, Do Lyceu ao Foyer: exposições de arte e gosto no Pará da virada do século XIX para o século XX, defendida no Programa de Pós Graduação da Universidade Federal Fluminense em abril do ano de 2013, em maio deste ano recebeu o primeiro prêmio Roberto Santos, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

O prêmio, entregue 05 de maio, data em que o Instituto Histórico e Geográfico completou 114 anos, consistiu na entrega de um diploma do Prêmio e na publicação da dissertação - que ainda está em andamento.

Para fazer o download da dissertação click aqui


Resultado do Concurso

Prêmio Eidorfe Moreira: Não houve inscritos.

Prêmio Arthur Napoleão Figueiredo:

Premiada: Anna Maria Alves Linhares, com o trabalho: "De caco a espetáculo: a produção cerâmica de Cachoeira do Arari, ilha do Marajó, Pará".

Prêmio Roberto Santos:

Premiada: Moema de Barcelar Alves, com o trabalho: "Do Lyceu ao Foyer: exposições de arte e gosto no Pará da virada do século XIX para o séulo XX".

Menção Honrosa: Domingos Sávio de Castro Oliveira, com o trabalho: "Capela Pombo, Belém/Pa: interpretações e perspectivas".

domingo, 31 de agosto de 2014

Luminária: fotografia por Mayra Biajante

O post de hoje é sobretudo visual, o texto é da própria fotógrafa, Mayra Biajante, confira: 

A fotografia “Luminária” foi premiada na Exposição Olhar: Uma Visão de Edifícios, Obras e Transportes Terrestres sob a Ótica das Lentes.
Realizada pela Fatec Victor Civita, a exposição envolveu os cursos de Processos Fotográficos e Comunicação Visual de seis ETECs da capital paulista.
Ao todo, foram 240 imagens inspiradas em edifícios, obras e transportes terrestres.

A ETEC de Carapicuíba escolheu mostrar a arquitetura da Aldeia de Carapicuíba, patrimônio histórico da cidade e fundada em 1580.
O local, formado por pequenas casas geminadas feitas em taipa de mão, foi tombado em 1974 e, segundo a história oficial, era utilizado para catequizar os índios e protege-los da escravidão.

Atualmente conta com uma igreja, um centro cultural, um teatro de arena e o moto-clube do Maluco Beleza, local onde a fotografia foi feita.
Foi num final de tarde, o moto-clube havia acabado de abrir as portas e estava praticamente vazio.
Ao caminhar por ali, gostei muito do desenho que a luz da luminária fazia na parede e, ao observar um pouco mais, notei que a mesma luz se refletia numa mesa de madeira, molhada por causa da chuva, e registrei a cena.

Mayra Biajante


sábado, 30 de agosto de 2014

História Ambiental na China: professora Shen Hou

prof. Shen Hou
Shen Hou é professora de História da Universidade Renmin, de Pequim, a pesquisadora esteve no Rio para o simpósio Diálogo em História Ambiental: Brics. A entrevista é de FLÁVIA MILHORANCE

“Tenho 37 anos e cursei História na China. Na faculdade, li um livro de Donald Worster traduzido pela minha mãe sobre a história ambiental dos EUA. Fiquei fascinada de saber que a História poderia ser escrita de uma forma totalmente diferente. Por isso, inscrevi-me e fui aceita para estudar em sua equipe no Kansas”

Conte algo que não sei.

Existe um mito de que a China — assim como civilizações antigas em geral — tinha uma relação harmoniosa com a natureza no passado. Os próprios chineses gostam de se enganar sobre isso, dizendo que os problemas ambientais foram causados pela influência do Ocidente e da industrialização, mas não é verdade. A China tem uma longa tradição de esgotar seus recursos naturais.

Pode citar um exemplo?

Na Dinastia Tang (618-907), a capital era Chang'an, que está a oeste. Depois mudou-se para Luoyang, a leste. A razão principal foi buscar uma parte menos explorada do país. Todas as florestas foram cortadas, o que levou à erosão do solo e às frequentes inundações. Também já não havia plantações suficientes, e era preciso trazer alimentos de outras partes do país. Ou seja, mesmo no século VII a China vivia uma crise ambiental.

Isso seria por causa do tamanho da população?

Certamente é um dos fatores. A população chinesa sempre foi muito grande. No final do século XIX, já eram 400 milhões de pessoas. E a população é uma grande razão para todos os tipos de problemas ambientais.

A China é um dos países com altos níveis de poluição, exploração de recursos naturais e da biodiversidade etc. Você, como chinesa, sente cobrança internacional sobre esse panorama?

Considero boas as críticas. A China precisa delas. É por causa delas que o governo vem dando mais ênfase em regulação ambiental. Mas a China é a fábrica do mundo, produz bens não só para si, mas para diversos países. Não podemos culpá-la por todos os problemas ambientais, é injusto com a população chinesa.

Quando os chineses começaram a ter maior consciência ambiental?

Principalmente no século XXI. Os Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, tiveram um papel muito importante. Quando a China soube que seria sede, alguns anos antes, a poluição em Pequim já era uma questão alarmante para a comunidade internacional. O governo chinês teve que tomar medidas, e o slogan se tornou “Olimpíadas verdes”. A questão ambiental ganhou então maior importância na sociedade. O poder da internet intensificou isso, porque o governo chinês não poderia mais cobrir os problemas. Essa parte se tornou mais transparente. Ainda há muita coisa encoberta, mas o governo hoje promove o debate.

Em abril, foi aprovada uma nova lei de proteção ambiental para combater a poluição. O país está encontrando o seu caminho?


A China tem leis ambientais perfeitas se fossem comparadas a qualquer país. O problema é implementá-las. O governo federal aprova as leis, mas os governos locais têm sua própria estratégia e se preocupam mais com interesses econômicos.

É possível, no caso chinês, pôr na mesma frase “crescimento econômico” e “sustentabilidade”?

Essa não é só uma preocupação chinesa, mas da maioria dos países. Não acredito que qualquer país possa realmente fazer isso. É preciso sacrificar um lado: ou o crescimento econômico ou o meio ambiente.

Conhecendo o passado ambiental chinês, qual é sua visão do seu futuro?

Sou essencialmente pessimista (risos). Claro que há aumento da consciência, e este simpósio no Rio é um exemplo. Mas não sei se teremos tempo para implementar mudanças. Acredito que vamos encontrar novas fontes de energia, ter regulação para frear a poluição, mas não sei se podemos lidar com a tendência de extinção da biodiversidade, da destruição da paisagem natural. E não queremos viver num mundo com um aspecto desolador, sem natureza, não queremos algo totalmente criado ou controlado pelo homem.

Fonte: O globo

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Diálogo BRICS: abertura

Começou hoje, no Rio de Janeiro, o Simpósio Diálogo em História Ambiental: BRICS. Um solenidade envolvendo representantes das instituições apoiadores do evento discursaram dando boas-vindas a todos os participantes.

Todos os professores participantes do BRICS

Os professores William Beinart e Ravi Rajan dissertaram sobre a proposta que é o motivo do encontro: o Diálogo entre as diferentes histórias e historiografias. Beinart destacou as diferenças entre os países e como as semelhanças podem compor um rico panorama para escrever a história.


palestra do prof. William Beinart

Muito bem humorado, o professor Ravi Rajan falou sobre o conceito de  BRICS, seu nascimento e as possibilidades para a história desse grupo de países. Destacou as relações entre Brasil, Índia, China e África do Sul no que se refere a geopolítica e como essa "aliança" se encerra no campos do comércio. A noite contou com a tradução para o português da Professora Lise Sedrez. O seminário prossegue nos dois dias seguintes.

Prof. Ravi Rajan palestrando


Agradeço ao apoio fotográfico de Jason Castro.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Diálogo em História Ambiental: BRICS (programação)

A Fundação Casa de Rui Barbosa, o Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde (COC/Fiocruz) e o Rachel Carson Center for Environment and Society (Munique, Alemanha) organizam entre 27 e 29 de agosto o Simpósio Diálogo em História Ambiental: BRICS. O evento, com entrada franca, acontece em duas instituições: dia 27/8 - UFRJ - na sala do Trono (sala 200) do prédio IH/IFCS (UFRJ - Instituto de História - Largo de São Francisco de Paula, 1 - Centro - Rio de Janeiro)- e dias 28 e 29/8 - e no auditório da Fundação Casa de Rui Barbosa (Rua São Clemente, 134 – Botafogo, Rio de Janeiro).

As nações BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – enfrentam o duplo desafio de expandir suas economias e enfrentar o consequente custo ambiental, com implicações significativas para seus cidadãos. Com base nos dados disponíveis, as projeções indicam prováveis crises de recursos naturais, crescente poluição e problemas crônicos de saúde, além do imenso desafio representado pela urbanização. Se e como esses países vão lidar com isso dependerá da capacidade de seus estados para administrar essas questões e de quão vibrantes e capazes são suas sociedades civis. 

O propósito deste simpósio é explorar essas dinâmicas com uma perspectiva histórica. O seminário congregará 16 pesquisadores nacionais e estrangeiros das nações BRICS com o objetivo de discutir como a historiografia, o Estado e a sociedade civil destas nações têm entendido e transformado historicamente as relações entre sociedade e meio ambiente. O encontro dará a estudantes e pesquisadores brasileiros uma oportunidade única para interagir com pesquisadores de ponta em todo o mundo, e em especial com historiadores de regiões com pouca tradição de debate com a historiografia brasileira.

Mais informações no site do evento: brics-he.historia.ufrj.br/ 

:: Inscrições: Para painéis de manhã e tarde dos dias 28 e 29 de agosto, diante da limitação do espaço, haverá a necessidade de inscrição prévia. Os inscritos receberão um certificado de que assistiram ao simpósio e poderão participar dos espaços de debate contidos nos painéis. Para garantir a vaga, escrever para Bruno Capilé brcapile@gmail.com e Natascha Otoya nataschaotoya@gmail.com

:: Dia 27 de agosto
19h - Abertura Sala do Trono (sala 200) do prédio IH/IFCS, UFRJ – Presença dos representantes das instituições participantes: Manolo Florentino (Casa de Rui Barbosa), Magali Sá (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz), Monica Grin (Programa de Pós-graduação em História Social/UFRJ) e Christof Mauch (Rachel Carson Center).

20h30 - Encerramento do primeiro dia

:: Dia 28 de agosto:
10h - Primeira Sessão - Historiografia
Brasil: “História Ambiental no Brasil: aventurando-se entre o novo e o velho” – Lise Sedrez e Eunice Nodari
Russia: “História Ambiental da Rússia” - Julia Lajus
Índia: “Escrevendo Histórias Ambientais do Sul Asiático na Época do Antropoceno” – Rohan D'Souza
China: “História Ambiental da China” - Hou Shen

12h10 - Almoço

13h30 - Segunda Sessão – Historiografia
Africa do Sul: “Os historiadores do leão - História ambiental no Sul da África.”
Debate sobre historiografia.

15h20 - Terceira Sessão – Estado
África do Sul: “Estado, Apartheid e meio ambiente na África do Sul” – William Beinart
China: “O papel dos estados da China na proteção ambiental” - Mei Xueqin
Índia: “O estado na história ambiental da Índia” - Ravi Rajan
Rússia: “O Estado e a transformação da natureza na Rússia do século XX” - Paul Robert Josephson

17h30 - Encerramento do segundo dia

:: Dia 29 de agosto
10h - Primeira Sessão – Estado
Brasil: “Estado e meio ambiente no Brasil” – Regina Horta
Debate sobre Estado.

11h15 - Segunda Sessão – Sociedade Civil
Brasil: “Sociedade civil e meio ambiente no Brasil” – José Augusto Pádua
Índia: “Sociedades civis: diversidade cultural e ambiental na Índia” - Shiv Viswanathan

12h - Almoço

13h30 - Terceira Sessão – Sociedade Civil
China: “Sociedade civil e movimento ambientalista chinês: uma perspectiva histórica” - Fei Sheng
Russia: “Sociedade civil na história ambiental da Rússia contemporânea” – Nikolay Dronin 
África do Sul: “Sociedade civil, raça e meio ambiente na África do Sul” – Farieda Khan

16h - Quarta Sessão – Sociedade Civil
Debate sobre Sociedade Civil.

17h - Plenária final 
Moderadores: Ravi Rajan e Lise Sedrez

19h - Encerramento do Simpósio

Fonte: http://www.casaruibarbosa.gov.br

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Natureza e urbanismo com Gareth Doherty: palestra na PUC-RJ

Gareth Doherty é Professor da Harvard University Graduate School of Design. Doutor em Projeto pela Harvard University em 2010. Sua pesquisa foca em epistemologia do projeto de paisagismo e urbanismo. Próximos livros incluem: "Is Landscape...? Contemporary Essays on the Identity of Landscape", editado por Charles Waldheim (Routledge, 2015), e "Landscape as a Way of Life: Lectures by Roberto Burle Marx" (Lars Müller Publishers, 2015). 

É editor fundador do periódico "New Geographies" e editor chefe do "New Geographies 3: Urbanisms of Color" (2011). É co-diretor do projeto de pesquisa "Sustainable Future for Exuma" com Mohsen Mostafavi, com quem editou "Ecological Urbanism" (2010), recenetemente traduzido para o chinês, espanhol e português e editado pela Gustavo Gili (2014).

Nos últimos anos, esteve envolvido em projetos que aliam ecologia com urbanismo. Ecologia é empregada como uma maneira de transformar o urbanismo com o argumento de que se para atingir a sustentabilidade as cidades devem, na verdade, possuir uma visão ecológica muito mais abrangente do que a usual, incluindo aspectos ambientais, sociais e estéticos. 

O que essa abordagem significa em termos de projeto? A palestra apresenta um trabalho em andamento, adaptado da antropologia, na qual arquitetos e urbanistas podem se engajar em múltiplas ecologias simultaneamente para projetar e planejar arquiteturas, paisagens e cidades mais bem sucedidas.
A palestra conta com os seguintes apoios:

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura (PPGArq/PUC-Rio)

Instituto de Pesquisas em Infraestrutura Verde e Ecologia Urbana (INVERDE)

Associação Nacional de Paisagismo (ANP)

Iniciativa Latinoamericana del Paisaje (LALI)

Society for Urban Ecology (SURE)

Data: 13.08.14
Horário: 19:00 às 20:30
Local: PUC-Rio, Campus Gávea - auditório B8, Edifício Frings, 8o. andar 
Informações: gradarq@puc-rio.br

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O que o HSBC pensa sobre natureza ?

Não há nada nesse mundo tão lucrativo quanto os Bancos. Essas empresas que nos taxam e sobretaxam. Cobram juros como lhe parecerem por bem. O governo brasileiro é uma grande mãe para seus sócios. O post de hoje é para expressar minha indignação com as propaganda do HSBC.

Já faz tempo que eu queria escrever isso, mas pensava que iria dar muito cartaz pro HSBC, até que estive no aeroporto de Londres e fiquei impressionado com a quantidaaade de propaganda por toda parte. Mas era anúncios de muuuito mal gosto. Vejam o slogan: "In the future, nature and technology will work as one", e completam dizendo que está surgindo um novo mundo.

O que o sistema capitalista tem proporcionado é exatamente o contrário. Os humanos, por meio da tecnologia, tem cada vez mais se colocado de costas para a natureza, explorando-a sem responsabilidade, como se ela fosse inesgotável. 

São muitos os anúncios do HSBC nessa mesma perspectiva. Para mim, soa como um cinismo, como se não percebêssemos que os bancos fazem parte desse grande sistema que esgota os recursos naturais. Aqui colocamos dois anúncios, curiosamente um deles é com uma abelha, que tem tido mutos problemas pelo mundo.

Já não gostava do HSBC por conta de suas altas taxas, com essa campanha aumentou minha repulsa. Colocar código de barra em um peixe é de muito mal gosto. O cinismo do HSBC pode ser interpretado também como uma tentativa de criar a sensação de que o tipo de modelo exploratório capitalista está criando um futuro sustentável, o que sabemos não ser verdade. O que empresas como o HSBC tem contribuído é com projetos que cada vez mais afastam o mundo natural do humano - o que sabemos não ser possível, já que nossa existência depende de uma certa harmonia pois somos parte da natureza.

Você pode ver as propagandas que citei neste link http://datacide.c8.com/what-is-this-future/

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dossiê "História Ambiental" na revista Historia 2.0

A sétima edição (2014) da revista Historia 2.0 apresenta um dossiê sobre História Ambiental, com destaque para o passado hispano americano. Um resumo apresentado pela revista diz assim:

"El universo, el tiempo, las partículas más pequeñas y las galaxias, son partes del mundo natural con las que nos relacionamos inevitablemente y sin ningún tipo de agencia, pues tan sólo quedan a nuestro alcance por la cognición; pero a su vez nos enfrentamos a otros innumerables elementos, de igual forma inevitablemente, ante los cuales tenemos diferente magnitud de agencia, entre ellos podríamos enumerar los más obvios: animales, plantas, minerales, océanos, paisajes, etc. Entre aquella suerte cosmiquista y esta otra histórica nuestra especie, nuestras sociedades y nuestros individuos se desenvuelven, en este sentido la historiografía así como la historia natural trata la relación del hombre –sin más– con la naturaleza, es decir lo que no es producto de su creación, manufactura o industria. Lo anterior me recuerda las palabras de un célebre historiador latinoamericano, para quién una historia que narraré las relaciones del hombre con el mundo natural podría convertirse en la historia general de la humanidad".

A revista está on line e pode ser acessa em: http://historia2.0.historiaabierta.org/index.php/revista/issue/view/7

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A I Guerra Mundial e a Natureza



Hoje completamos 100 da I Guerra Mundial. Logo, pensamos em relembrar um estudo que se atem em destacar a relação do mundo natural com os conflitos bélicos.

Trata-se de "Guerra e Natureza", de Edmund Russel. Nele o autor se propoe a discutir a relação entre tecnologia, natureza, e guerra para explicar o impacto dos confrontos bélicos sobre a natureza e vice-versa. Enquanto as tradições culturais e acadêmicas nos levaram a pensar em guerra e controle da natureza como algo separado, este livro de 2001 usa a história da guerra química e controle de pragas como estudo de caso para mostrar que a guerra e o controle da natureza foram desenvolvidas conjuntamente.

 Ideologicamente, institucionalmente, e tecnologicamente, os caminhos da guerra química e controle de pragas se cruzaram repetidamente no século XX. Essas interseções nos ajudam a entender não só o desenvolvimento da I grande guerra como a ascensão do movimento ambientalista moderno.

domingo, 13 de julho de 2014

#tevecopa

E não é que teve a tal copa? Sim. Teve. E dizem por aí que foi a copa das copas. Mas quem debochou dos cartazes de manifestantes que traziam escrito #nãovaitercopa na verdade não entendei o espírito da coisa. Essas três palavras queriam dizer que o povo estava insatisfeito com os poderes públicos que provaram ser capazes de se mobilizarem para a realização de qualquer evento que beneficiem seus interesses e do grande capital.

E não é que teve a copa? E o José Maria Marín, que deveria estar preso pelos crimes cometidos na nos anos de chumbo, apresentou-se com destaque entre os outros membros não menos problemáticos da FIFA. 

Aqueles que debocharam do #nãovaitercopa provavelmente não moram naquelas ruas cheias de mato e sem saneamento básico que se enfeitaram para nas semi-finais sofrem aquele vexame contra a Alemanha. Alemanha esta que se sagrou campeã frente a Argentina que mostrou como se joga honradamente diante de uma equipe superior.

Amanhã, as aquelas ruas que se enfeitaram para a copa continuarão com mato, esgoto correndo a céu aberto e desconhecendo qualquer legado do campeonato da FIFA. Já na Alemanha as coisas serão bem diferentes. As vaias a Dilma foram mais para o que ele representa do que para ela como pessoa física. 

Teve copa. E amanhã voltaremos para casa naquele ônibus lotado.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

BRICS: Diálogo em História Ambiental


Durante os dias 27, 28 e 29 de Agosto de 2014, historiadores das cinco nações BRICS discutirão sobre história ambiental.

Á medida que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (as nações BRICS) expandem suas economias, o meio-ambiente desses países é cada vez mais agredido, com implicações significativas para os humanos.

O propósito deste simpósio é explorar as dinâmicas que envolvem as ações desses países em desenvolvimento em uma perspectiva histórica.

O encontro dará a estudantes e pesquisadores brasileiros uma oportunidade única para interagir com importantes pesquisadores, e em especial com historiadores de regiões com pouca tradição de debate com a historiografia brasileira.

Diante da limitação do espaço, há a necessidade de inscrição prévia.

Os resumos (em inglês) dos participantes já estão em parte disponíveis no website.

Depois do evento, estarão também disponíveis os arquivos em video das sessões.

Fonte: http://brics-he.historia.ufrj.br/index.php

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Congresso mundial de história ambiental: Guimarães - Portugal

Estamos participando do segundo encontro mundial de história ambiental. Desde o dia 7 de Julho em Guimarães estão reunidos pesquisadores de todos os continentes apresentando suas investigações e comentando os trabalhos dos colegas. A cidade é muito agradável e acolhedora. Localiza-se na região norte de Portugal.

painéis na entrada do congresso

As comunicações foram reunidas em grupos de apresentação com alguma afinidade temática. A organização tem sido impecável. Só esqueceram de usar menos papel, as árvores agradeceriam. A programação foi entregue com fonte grande e largo espaçamento, poderiam ter entregue em um pen drive, por exemplo. Entregaram em uma daquelas bolsas. Pensei que fosse só no Brasil que essa repetição acontecia. Se você um dia for organizar um congresso, experimente ser criativo e dê outra coisa, aquelas mochilas pequenas de tecido são boas opções!

professora Lise Sedrez realizando sua comunicação
Os trabalhos são todos muito interessantes. Há uma boa representação de brasileiros além de estrangeiros estudando as relações entre história e natureza no Brasil. Em Portugal há ótimas pesquisas em andamento com o objetivo de investigar os animais na história no período do descobrimento - eu gostei muito.

coro e orquestra da universidade do minho

O encontro ainda vai atá sábado pela manhã. Ontem, às 21h30, assistimos um bela apresentação da orquestra dos alunos de musica da Universidade do Minho em uma Igreja Colonial. Foi muito especial e empolgante. As fotos que publico aqui são do segundo dia de atividades.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Os animais no centro da história latino americana

O post de hoje é mais uma notícia sobre uma obra muito interessante sobre a as relações entre humanos e os outros animais no passado da América Latina. Centering animals in Latin American history procura colocar esses outros seres vivos dentro de uma narrativa sobre o período colonial e pós-colonial nessa região.

A obra discute como as interações entre seres humanos e outros animais são significativas para as narrativas e o entendimento da cultura latino-americana. Os autores discorrem sobre as implicações metodológicas para uma história que integra animais no centro dos trabalhos, procurando incluir os animais não-humanos como atores sociais na história do México, Guatemala, República Dominicana, Porto Rico, Cuba, Chile, Brasil, Peru e Argentina.

Os ensaios discutem temas que vão desde batismos caninos, casamentos e funerais no México até macacos importados usados ​​em experiências médicas em Porto Rico. Alguns participantes examinam  o papel dos animais nos esforços de colonização. Outros exploram a relação entre os animais, medicina e saúde. Finalmente, ensaios destacando o período pós-colonial sobre a política da caça, a mercantilização de animais, suas partes e proteção deles e do meio ambiente, além dos simbolismos políticos.

Clique aqui para ler uma resenha do livro

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Natureza ninfomaníaca: somos todos bichos


O filme "Ninfomaníaca" está baseado nas lembranças de Joe, a protagonista, que em diálogo com Seligman (um velho judeu) nos apresenta suas justificativas para a sentença: "eu sou uma pessoa má". Joe conta detalhes e episódios de sua vida, reconhecendo ser viciada em sexo. Seligman procura interpretar e comentar o que ela apresenta, deitada em uma cama, bastante machucada.

A portagem de hoje é a tentativa de destacar a ligação que o diretor dinamarquês Lars von Trier estabeleceu com a natureza ao contar a história de Joe ou nas conceituações elaboradas por Selingman. O filme é dividido em capítulos e o primeiro deles faz referência a sedução como um ato de pescaria, na qual a mulher joga o anzol, o homem seria o peixe e a isca seria o instrumento de sedução ou a modalidade do ato sexual. 

Seligman, ao ouvir os relatos de Joe, procura conceitar, organizar, e equacionar suas palavras. Na comparação com a pescaria, relaciona o sexo oral como a melhor isca para pegar os peixes maiores e mais difíceis em um rio onde as águas são revoltas. Essa isca ideal seria uma mosca na fase embrionário.

Essa é outra ligação muito interessante do filme, quando Joe descobre que na parede do quarto de Seligman há uma ninfa, isto é, uma mosca na tal fase embrionário. Esse é o primeiro de várias relações que o diretor estabelece com elementos do mundo natural. Uma espécie de masturbação feminina na tenra infância é relatada por Joe com cenas de pererecas pulando em um lago, em seguida ela repete o mesmo movimento.

A ligação da protagonista com seu pai acontece a partir de histórias e cenas relacionadas com a natureza, especialmente sobre o Freixo, uma árvore que no inverno deixava cair as folhas sem perder sua identidade por conta de um sinal que lhe diferenciava das demais árvores.

Por fim, a cena mais interessante no âmbito do que estamos a falar aqui é quando Joe descreve as características de três parceiros com quem praticava sexo (em um universo de 7 a 8 homens). Um deles, o G, é comparado a um gato, que é calmo e "como se depois de a porta ter sido aberta ele tivesse todo o tempo do mundo" entra em sua casa. Mas é a cena do caminhar deste amante, comparada ao dos felinos que achei muito boa, intercalada com a imagem dos passos de uma onça. "Mas ele era mais que um gato, ele era como um jaguar , ou um leopardo, ele se mexia que nem eles, o que me excitava infinitamente, ele estava no comando, era desse jeito".


Para além dos questionamentos da moral e da hipocrisia que o diretor quis apresentar, Ninfomaníaca - volume I, não é vulgar e eu recomendo. Pensar no ato sexual pode nos ajudar a refletir sobre nossa condição tão próxima dos outros animais. Pode nos ajudar a lembrar das conexões que temos com outras espécies e principalmente abandonar os julgamentos que porventura queiramos fazer de outros seres vivos (principalmente de nossa espécie) que conduzem a vida de forma diferente.

domingo, 25 de maio de 2014

O touro, os humanos e a história

Pela primeira vez em 35 anos, a Tourada de Madri foi suspensa. Isso porque três toureiros foram bastante machucados pelo animal, um deles teve sua perna perfurada e o outro a coxa e a axila. O acontecimento fez suscitar novamente os questionamentos no que se refere a prática da tourada nos dias de hoje.

Nos jornais, em seguida a narrativa da notícia, uma observação se repetiu: " As touradas fazem parte da cultura espanhola há séculos, e lotam arenas até hoje". O post de hoje não é para questionar a legitimidade dessa prática. Eu gostaria de pensar um pouco sobre esse confronto, sobre o ring formado para a luta entre o humano e o touro e quanto de história e natureza podemos retirar dessa disputa.
O toureiro é gerado - de Pablo Picasso

Tauromaquia, por Goya (1815-16)
Temos registros históricos que nos levam a saber de práticas utilizando touros ainda na Idade do Bronze  e ao longo da história por diversas regiões como Portugal, Espanha, China, Peru, México e até na Índia. O que nos mostra como a relação com esse animal que simboliza força e coragem parece ter despertado nos humanos sentimentos que os levaram a desafiar o touro em uma arena. Na Espanha há notícias dessa prática no século XII ganhando grande vulto até os dias de hoje.


Os documentos que relatam sobre as tourada no Império Romano nos permitem saber da extinção de uma raça bovina chamada Uros, participando também das lutas de gladiadores. O touro era simboliza aqui o reagente da valentia, coragem, qualidades necessárias ao nobre, cavaleiro, ao mesmo tempo em que diverte aos espectadores.

O deus Mitra matando o touro
O deus Mitra, um dos mais mais importantes da antiguidades provava sua força e poder, expressas nas esculturas, matando a um touro. Goya e Picasso representaram as touradas por diversas vezes em seus quadros. Estive a pensar sobre como essa prática se tornou interessante a políticos, como entretenimento; como fez parte da dimensão sobrenatural, no caso mitraísmo e também inspirou os artista de diferentes períodos.

O touro é retirado de seu habitat, domesticado e passa a fazer parte desses espetáculos. Antes de encerrar, gostaria de compartilhar convosco a Taurocapsia e o registro revelado no afresco de Creta, na Grécia. Tratava-se de demonstrações de agilidade humana, ao pular e dar piruetas a frente do touro. Note como o animal é representado bem maior que o saltador, parece estar em movimento de combate e se impõe de maneira indomável, valorizando a participação do homem.


Assim, percebe-se como os animais participam de dimensões artísticas, políticas, esportivas, religiosas e tantas outras esferas que formam nossa sociedade. Poderíamos contar a história de diversas civilizações a partir da relação do touro com as sociedades. Isso é uma forma de narrar o passado valorizando o que chamamos de natureza, neste caso o touro e sua interação com os humanos.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

A natureza no Museu Nacional da Índia

Elefante de bronze (2000 a.C)
Na viagem que fiz a Índia, o primeiro lugar que visitei foi o Museu Nacional, em Nova Delhi. Posso relatar que foi um dos pontos altos das minhas andanças por lá. O post de hoje é para compartilhar um pouco sobre a natureza nas coleções desse importante museu, que está sob direção do que eles chamam de Serviço Arqueológico.

Antes de escrever sobre as plantas e os animais que compõem os acervos, gostaria de registrar como foi bom apreciar um estilo artístico diferente do ocidental. Ao mesmo tempo em que não parava de pensar nas conexões com o que vi na Grécia, meses atrás, especialmente a arte decorativa e os bustos, mas isso eu pretendo escrever em outro post.

O Museu Nacional da Índia apresenta 2000 anos de história em suas coleções. Há peças de osso, pedra, terracota, marfim, estuque, e você precisaria de um dia inteiro para perceber tudo com calma, mas lá fora tem tanta coisa te esperando que você fica ali por volta de 3 horas apenas.

batente de uma porta (X d.C)
As figuras de animais representam lendas, narrativas históricas, passagens religiosas ou representando divindades, marca essa das mais eloquentes na História da Índia, que nos deixa fascinados. Os elefantes compõem a adornam objetos religiosos, ao mesmo tempo em que fazem parte da própria divindade. Outras vezes, eles são representados como força de trabalho, transporte, tornando-os sagrados.
animais de bronze da cultura Harappan (2500 a.C)

Cães, vacas e bois também são representados contando o cotidiano da civilização que habitou o sub continente indiano. Leões protegem palácios, cavalos transportam os guerreiros. Os cavalos estão por toda parte, desempenhando um papel extremamente importante nesse vasto território que os grupos dominantes buscavam dominar.

figuras de bronze (2000 a.C)
As divindades representadas na coleção do Museu sempre estão acompanhadas de flores e sendo transportadas por peixes, leões, cavalos, e outros animais. Apesar de os catálogos do Serviço de Arqueologia da Índia não destacarem essa presença marcante de plantas e animais no acervo, gostaríamos de registrar que os humanos são minoria principalmente nas peças que formam as primeiras três salas, isto é, até o período medieval.

No website do Museu Nacional, as peças destacadas são todas de figuras humanas. Quis destacar isso para pensarmos como apesar da predominância de figuras animais, as ciências humanas ainda tem certa dificuldade em evidencias essa relação com as plantas e animais.

cão de bronze (2500 a.C)
A coleção do Museu, nos permite perceber como desde os primeiros registros arqueológicos as plantas e os animais são considerados importantes forças da vida no sub-continente indiano. Como transporte, alimentos, para acessar o mundo espiritual e de tantas outras formas. Essa estreita ligação entre humanos, animais e plantas presente nas peças exibidas ali nos aponta para uma sociedade que tinha consciência da importância dessa relação.

As figuras de bronze, em sua maioria, foram encontradas no Vale do Indo, ao Norte do sub continente indiano, relacionadas com a civilização harpeana, uma das mais antigas de que se tem notícia a partir dos trabalhos arqueológicos. Isso nos mostra como desde os primeiros assentamentos as plantas inspiravam os artefatos produzidos por essas civilizações, tornando-se ao longo do tempo prática recorrente nessa região.