Quando Ariano Suassuna faleceu, eu pensei em escrever um post sobre as formas como esse pernambucano insubstituível utilizou a natureza em sua produção artística - especialmente em "A Pedra do Reino" e a comparação do homem como um piolho no lombo de uma onça. Desisti do posto porque tive a certeza de não dar conta do tamanho da importância de Suassuna neste blog e do vazio que tomou conta da minha alma no instante que li a notícia de sua morte.
Hoje morreu Manoel de Barros, e pensei a mesma coisa, apesar de nunca ter assistido esse poeta do Mato-Grosso pessoalmente. Suas poesias sempre me tocaram muito pelo fato de o valor que os animais, plantas, rios e tudo mais desse tipo ganham em seus poemas.
Diante disso, minha homenagem será publicar aqui a poesia que eu mais gosto e que sempre falo por aí, trata-se dos versos em que ele explica como os conceitos enfeiam as coisas. Você já pensou nisso ? Como nomear plantas, rios ou animais esvazia de poesia tudo isso ? Você sabia que cada vez que usa a nomenclatura de Lineu muitas plantas murcham e muitos pássaros deixam de voar se espatifando no chão ?
Mas, deixemos falar Manoel de Barros isso que sentimos em nosso coração:
atrás da nossa casa
era a imagem de um vidro mole...
Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem".
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