quinta-feira, 30 de junho de 2016

Ensaios de imagens


Apresentação
Gianne Chagastelles

Os textos preparados para esta antologia se referem aos estudos sobre cidades. Apesar dos ensaios serem independentes, a escolha dos textos teve um critério básico: o uso das imagens como fonte, fossem elas fotografias, desenhos, charges, ilustrações, pinturas ou objetos estéticos ligados às experiências sensoriais. Estão aqui reunidos pesquisadores e professores de várias instituições, de diversos estados, de níveis diferenciados de titulação, e também, de distintas concepções metodológicas. Essa diversidade abre para diferentes olhares e percepções sobre a cidade, que é pensada como o espaço ˗ de sociabilidades, de encontros, de circulação ˗ que é apropriado pelas pessoas. Tais representações demonstram hábitos mentais, posicionamentos ideológicos, éticos e morais, resultantes de condições de interações e imposições, resistências e incorporações, destacando dessa maneira a atenção para as forças criadoras de habitus inerentes a cada grupo, em uma determinada época.
 Nesse contexto, a cidade começa a ser entendida como lugar de controle, codificação e regulação do conjunto de práticas sociais que nela se realizam, bem como da racionalização de seus espaços a serviço de um projeto global de organização social. A cidade comunica e informa seus processos. Reflete e é atravessada por representações e símbolos que traduzem hegemonias e contra-hegemonias. Max Weber e Sombart, Pirenne e Braudel são unânimes em apontar a centralidade do fenômeno urbano como sintoma e determinante das grandes transformações sociais, políticas, econômicas, culturais e psicológicas que vão marcar o Ocidente moderno. As cidades significam um novo padrão de sociabilidade, permitem novas relações políticas e econômicas, moldam novos costumes, sensibilidades, mentalidades. Trata-se de reconhecer que a cidade é dominação, como quer Braudel, capacidade de comando, espaço de exercício do poder; e muito mais é a cidade: é memória coletiva, no sentido de Halbwachs, é língua, é artefato, é índice do desenvolvimento histórico global. Há também um sentido econômico na realidade urbana. Werner Sombart vê a cidade como resultado da concentração de riqueza, como espaço formado pelo luxo, pelo consumo, pela busca da fruição do prazer.
Ao resgatar as paisagens mais representativas das cidades através das imagens, possibilita-se a construção de representações e significações que o espaço urbano contém. Acreditamos, ainda, que mediante seleção e interpretação dessas paisagens seja possível mapear possibilidades de reconhecer a cidade em seus múltiplos e dinâmicos significados históricos, e assim possibilitar ao cidadão exercitar a competência política e a capacidade de resistência. A coletânea apresenta-se, como seu título indica, com o propósito de estimular a renovação dos rumos da história das cidades, campo de estudos que tem crescido e despertado um interesse sem fronteiras nos últimos anos, seja no âmbito das ciências sociais, seja na história da arte. A cronologia não foi priorizada, pois buscamos uma sequência através das linhas de pesquisa – história cultural, história política e história da arte – e dos tipos de fontes e temáticas.
Na primeira parte do livro, destacam-se os ensaios ligados à história cultural que trabalham com fotografia, algumas vezes fazendo diálogo com outras fontes, como por exemplo, ilustrações, charges, música e história oral. Escrevi Um Rio frenético: o ambiente urbano e o lazer na era Vargas. Estou acompanhada nesse segmento do livro pelos artigos Cidade e imprensa – Belo Horizonte através das revistas ilustradas da primeira metade do século XX de Carla Corradi; e Às margens da linha do trem: representações imagéticas do subúrbio carioca de Andrea Vizzotto. 
Em Um Rio frenético, apresento uma leitura histórica sobre as práticas, complexas, múltiplas, diferenciadas de apropriação do lazer no Rio de Janeiro, na era Vargas. O texto propõe um poder de conversa entre as entrevistas com pessoas que vivenciaram o lazer na era Vargas, as fotografias e as charges de J. Carlos das revistas ilustradas que circulavam na cidade. Naquela época, surgia uma nova forma de lazer e de sociabilidade no Rio de Janeiro ˗ carnaval, banhos de mar, footings, esportes, prostituição e cocaína ˗ assim como também, um novo modo de vida e uma nova cidade que resultou das próprias transformações dos propósitos humanos diante das experiências da modernidade. A cidade espetacular e de lazer mostrava-se ao mundo, concorrendo com outras metrópoles. O ambiente da cidade se tornava cada vez mais abarrotado, caótico e estimulante, tanto pelo aumento da população urbana quanto pela intensificação da atividade comercial, a proliferação dos sinais, o acréscimo da densidade do trânsito nas ruas e das atividades de lazer oferecidas ao consumo. A cidade tornava-se hiperestimulante e hiperlotada, enfim, uma metrópole delirante, recreativa e frenética. Entretanto, mesmo nos momentos de lazer, persistia um intuito homogeneizador dos corpos, a normalização da disciplina dos indivíduos andava junto com a modernização da cidade, destacando assim a relação entre o lazer e as formas de controle do espaço e do corpo do sujeito na nova urbe, em que se operava uma expansão infinita da força e do vigor. 
Carla Corradi também descreve as transformações da cidade na primeira metade do século XX. Ela trabalha com fotografias e ilustrações das revistas em seu ensaio que tem como objetivo recuperar de certa forma o mercado do impresso na cidade. Ela discute as ideias entre tradição e modernidade da cidade de Belo Horizonte, através da relação intrínseca entre imprensa e cidade. Ela estuda como a cidade-capital foi representada em diversas revistas mineiras; e como o periodismo ilustrado produziu e disseminou sentidos sobre a cidade-capital dentro de um quadro de transformações técnicas e sociais. A autora ressalta que o conceito de cidade será considerado para além do espaço físico, pois os meios de comunicação criam novas formas de interação humana, dissociadas do ambiente físico-espacial. 
Andrea Vizzotto trabalha com o diálogo de fontes: música e fotografia. Discute a ideia de subúrbio na cidade do Rio de Janeiro na imagem oferecida pelas fotografias de Marcelo Feitosa e nos versos da poesia de Chico Buarque. Ela afirma que esse artigo não propõe a leitura paralela dessas duas expressões artísticas, mas uma conversa sobre esses diferentes olhares sobre a cidade. O que está em jogo em seu texto são profundas mudanças ocorridas na cidade, mais especificamente, no que se conhece como subúrbio carioca. A autora ressalta que seu ensaio versa sobre a cidade na produção musical de Chico Buarque, que como um cronista não só descreve o cotidiano, como também a ele acrescenta a subjetividade do narrador que observa e vivencia, aproximando-se do fato que narra. A autora propõe uma abordagem onde a fotografia é trabalhada como uma expressão artística que interpreta, cria e constrói realidades. Em relação às canções, a discussão pretende ir além das representações para discutir também a sua circulação social e presença na cidade e no imaginário popular. O subúrbio que Vizzotto problematiza não trata-se do entorno da cidade frequentado por classes sociais mais abastadas, mas refere-se às localidades proletárias e pobres que margeiam a linha ferroviária. 
A preocupação com os menos favorecidos economicamente e com estudos de cunho político presentes no ensaio de Vizzotto aparece de outras maneiras nos ensaios O olhar artístico do PCB sobre as favelas cariocas no Tribuna Popular (1945-1947) de Karina Pinheiro; O movimento estudantil da transição nas imagens da cidade de Gislene Lacerda; e Disputas por espaço na paisagem: experiências e trajetórias de artistas de rua na história recente de Florianópolis de Débora Daniel.
Karina Pinheiro estuda como uma imagem das favelas cariocas foi criada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) através das artes plásticas, especificamente das ilustrações veiculadas no jornal Tribuna Popular, ligado ao partido. São desenhos que mostram o ambiente, os barracos, as dificuldades do cotidiano das pessoas que sobreviviam nestas áreas precárias na cidade do Rio de Janeiro. A autora ressalta que a década de 1940 foi marcada pelo grande aumento da população pobre na cidade e, consequentemente, na extensão e criação de favelas. Estes espaços foram ocupados na região central da cidade e na zona sul. Buscava-se estar próximo ao trabalho. No entanto, as condições de moradia eram extremamente precárias: faltavam estrutura e serviços públicos mínimos para a sobrevivência digna desta população. As providências tomadas pelo poder público seriam a remoção das favelas das áreas que passaram a se valorizar, como o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo. Desta forma, apesar de toda dificuldade do cotidiano dessas pessoas, o governo primava pela manutenção dos privilégios da elite econômica que expandia seus empreendimentos imobiliários. Nessa perspectiva, Pinheiro problematiza o contexto no qual estas ilustrações são produzidas e a relação com a atuação do PCB e do poder público na vida dos moradores, ou seja, abarcar os possíveis sentidos destas representações na cidade. 
Assim como Pinheiro, Gislene Lacerda desenvolve um ensaio ligado à esquerda política. Lacerda ressalta que o seu artigo busca analisar a cidade de São Paulo como espaço de mobilização política do movimento estudantil no ano de 1977, através das imagens produzidas por fotógrafos de jornais de grande circulação que, a partir de sua lente e seu prisma, captaram formas de ver a cidade como espaço de prática social e onde uma nova cultura política se construía a partir da ocupação das ruas por uma geração de estudantes que desempenhou grande protagonismo no processo de transição democrática (1974 – 1985) vivido no Brasil. O AI-5 de 1968 marca o silenciamento das vozes das ruas acompanhado pelo medo, controle e repressão. Entretanto, 1977 rompeu com este silêncio e marcou a retomada das ruas das cidades como espaço de mobilização social. O primeiro momento desse movimento, protagonizado pelo movimento estudantil paulistano, consistiu na realização de uma passeata no dia 30 de março, com a participação de cerca de cinco mil estudantes que saíram de dentro dos muros da USP e seguiram até o Largo de Pinheiros. As imagens de fotojornalismo registram a ousadia estudantil expressa na faixa, levada à frente da passeata, com os dizeres “Pelas Liberdades Democráticas” e apresentam o olhar do fotógrafo para o confronto, indicando as disputas de diferentes grupos na cidade. A violência da ditadura, antes ocorrida de forma “silenciosa” e mascarada, passou a ser levada para a esfera pública e apresentada frente ao confronto registrado e divulgado em imagens do fotojornalismo.
Débora Daniel problematiza as disputas entre grupos sociais, políticas de preservação da memória e convenções estipuladas pelo poder do que seja arte pública. Ela discute o lugar que artistas de rua vêm ocupando na história recente de Florianópolis, a partir de suas experiências, trajetórias e desejos que foram e são atravessados por disputas com o poder público por espaços na paisagem da cidade. Ela mostra como a questão do projeto urbano de Florianópolis se confronta com o conceito de arte pública, pois segrega do espaço urbano certos atores considerados indesejados. Estando estes atores em sua maioria ligados à arte de rua, seja na produção de peças artesanais ou na execução de arte circense, o artigo questiona tanto o que é arte pública para os gestores municipais como o lugar que a mesma ocupa na imagem desejada da cidade. No caso específico de Florianópolis, a autora lembra que sob a justificativa de ordenação do espaço urbano, a prefeitura proibiu a apresentação de malabaristas nos semáforos da cidade. Conforme afirmaram, à época, os gestores municipais, a medida foi tomada com a finalidade de limpar a cidade e dotá-la de noção de organização administrativa. Através da análise de fotografias de obras de arte, articulada à legislação municipal e aos depoimentos de artistas, a autora pretende mostrar as disputas em relação ao conceito de arte pública e o resultado estético das medidas proibitivas da prefeitura na paisagem urbana.
O livro traz também um segmento com ensaios mais diretamente ligados às artes visuais: Sobre livros e labirintos - Arte e narrativa nas obras públicas e coletivas de Lygia Pape, Amelia Toledo e Hélio Oiticica, de Daniela Name; e Viagens de artistas e o trânsito das pinturas de paisagem no início do século XX, de Moema Alves. 
Daniela Name desenvolve um ensaio sobre as obras públicas e coletivas de Lygia Pape, Amelia Toledo e Hélio Oiticica que, segunda a autora, se relacionam com uma noção de narrativa e literatura, especialmente a partir do convite à experiência do observador em formas orgânicas (ovos, teias), espirais e labirintos. Ela ressalta que as espirais e os labirintos, tão presentes na trajetória destes três criadores, se aproximam de uma noção de biblioteca, e da capacidade infinita que elas têm de sobrepor camadas de informação e de percepção. Diz ela: “como as bibliotecas, labirintos não são lugares, são experiências”. Seu texto discorre sobre as obras destes artistas que mantêm diálogo constante com a cidade, caso do penetrável Magic Square, de Oiticica, que tem versões no Museu do Açude, no Rio de Janeiro, e no Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Ela escreve que esta obra pode ser síntese do desejo de Oiticica de levar a experiência da cor para o espaço e de emular o labirinto das ruas estreitas das favelas cariocas. O texto também problematiza as intervenções de Amelia Toledo para as estações de metrô Brás, em São Paulo, e Cardeal Arcoverde, no Rio de Janeiro, além do conjunto de esculturas Sete Ondas e o Parque das Cores do Escuro, que estão no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Name lembra que estes trabalhos levam para a escala monumental elementos reincidentes não apenas na trajetória da própria Amelia, mas de toda a sua geração. A terceira artista que Name estuda é Lygia Pape. Ela explica que as noções de teia e do ato de tecer percorrem muitas das obras da artista, como a experiência e a série de gravuras Tecelares e a instalação Tteia. Name ressalta que Lygia criou uma série de trabalhos experimentados coletivamente ao ar livre, caso de Ovo e Divisor.
Moema Alves também trabalha com as artes visuais, porém em seu ensaio procura, a partir dos estudos de caso de viagens feitas pelos pintores Antonio Parreiras e Francisco Aurélio de Figueiredo por diferentes cidades do Brasil, problematizar como, através da imagem e de seu trânsito, essa paisagem brasileira, entendida num sentido amplo, de vistas, cidades e natureza, sempre tão diversificada, era conhecida e apresentada nas diversas regiões do país. A autora busca ressaltar aquelas imagens que representam as cidades e o urbano. Alves defende que, se a partir da instauração da República travou-se um debate sobre o reconhecimento de uma arte nacional e de disputas por novos mercados, essa disputa levou muitos artistas brasileiros a investirem em viagens pelo país em busca de compradores para suas obras e reconhecimento para seu trabalho. A partir, então, desse trânsito de artistas, passamos a ter maior trânsito também de imagens e, consequentemente, como estilo de pintura bastante valorizado à época, de paisagens.
O livro contempla ainda uma parte ligada à cultura da moda que pode ser vista através do ensaio: Fluxos Visuais: as narrativas entre modas e modos dos cariocas de Copacabana de Christiane Arcuri. A autora desenvolve um artigo que versa sobre os fluxos visuais no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Seu texto volta-se às narrativas imagéticas intermitentes no espaço da cidade - das modas nas vitrines das lojas aos modos do comportamento dos moradores de Copacabana. A autora, que acabou de se mudar para o bairro, se coloca como turista tentando desvendar as imagens e identidades que são construídas sobre o carioca copacabanense. Ela trabalha com imagens estereotipadas expostas nas vitrines em que os designers deslocam fragmentos das ruas do bairro, como por exemplo, ondas das calçadas da praia de Copacabana e coqueiros, e até fragmentos que não são do bairro, mas que ajudam a criar a ideia do que é ser carioca, como o Pão-de-açúcar e o Cristo Redentor, formando uma cidade imaginária e fantástica dentro de suas caixas expostas. Apesar de toda a diversidade social, econômica e cultural do bairro, as vitrines analisadas exportam para os turistas um fluxo de imagens homogeneizadas e clichês que formam a moda carioca de Copacabana. A autora ressalta que a moda é avaliada como um código imagético, um conjunto de representações coletivas ou um sistema de linguagem visual que contribui para decifrar significados e inúmeras interpretações subjetivas. Percebe-se como determinados objetos estéticos engendram os processos narrativos absorvidos por diferentes classes sociais e grupos culturais de faixas etárias díspares, apesar de pertencerem ao mesmo bairro.
Apostando na diversidade de temas, Ensaios de imagens: cidades reúne um time de pesquisadores preocupados em levantar questões, problematizar e enriquecer a reflexão e perspectivas dos leitores sobre as cidades; atendendo aos anseios dos estudiosos, ou interessados nas questões das cidades, traz, portanto, textos inéditos e esclarecedores sobre esse tema. 

segunda-feira, 27 de junho de 2016

ANPUH 2017

CRONOGRAMA

15/08/2016: Data prevista para inauguração do site do SNH 2017.

14/10/2016: encerramento do prazo para inscrição de propostas de Minicursos e Simpósios Temáticos. Os Simpósios Temáticos podem ter até dois coordenadores, mas somente um será financiado pela ANPUH;

16/11/2016: divulgação do resultado das avaliações das propostas de Simpósios Temáticos e Minicursos;

06/03/2017: prazo final para inscrição de apresentação de trabalhos nos Simpósios Temáticos;

07/03/2017 a 07/04/2017: avaliação das propostas para apresentação nos Simpósios Temáticos;

11/04/2017: divulgação do resultado das avaliações dos trabalhos a serem apresentados nos Simpósios Temáticos;

14/07/2017: prazo final para inscrição nos Minicursos.

Atenciosamente,

Comissão Organizadora do XXIX Simpósio Nacional de História

domingo, 19 de junho de 2016

As tartarugas e a Amazônia nos tempos do império

Spix e Martius, Escavação e preparo dos ovos de tartaruga. In: Viagem pelo Brasil.

O Laboratório de História Ambiental - UFPA convida para a palestra:

"Rude, imprevidente e sem método: aspectos da crítica ambiental nos discursos imperiais sobre o extrativismo animal da tartaruga da Amazônia", que será proferida pelo prof. Msc. Diego Ramon Silva Machado (UEPA).

Resumo
No norte do império do Brasil a crítica ambiental sobre a indústria extrativista animal foi marcada por uma série de discursos de presidentes das províncias do Pará e Amazonas, relatores de viagem, deputados, intelectuais e legisladores que fizeram considerações enfáticas sobre o assunto. A sensibilidade destes sujeitos históricos na Amazônia é identificada constantemente durante o reconhecimento dos recursos naturais disponíveis na região, o estimulo à agricultura local e estabelecimento de normas de controle sobre a coleta dos recursos naturais às margens dos rios, lagos e praias amazônicas, sendo estes mais contundentes quando se tratou do caso da pesca do peixe boi, pirarucu, tartaruga da Amazônia e a coleta dos seus ovos para a produção da manteiga de tartaruga. Grande parte desta crítica é encontrada nos documentos oficiais tais como relatórios dos presidentes da província, roteiros de viagem de vapores para reconhecimento ou exploração de rios, mapas comerciais de exportação importação, balanços da fazenda e numa coleção de leis elaboradas naquele período, além de serem encontrados também em obras escritas e artigos de personagens como Barão de Sant'anna Nery, José Veríssimo e João Martins da Silva Coutinho. Sendo assim, a presente comunicação pretende discutir a construção da crítica ambiental sobre a tartaruga da Amazônia, um destes recursos naturais mais explorados nas localidades do rio Amazonas e seus tributários, abordando os diagnósticos, argumentações, opiniões e posicionamentos sobre seus extrativismo e tentativas de controle em relação ao declínio da espécie, desde 1839, momento da primeira lei de regulação da pesca destes animais, até 1881, quando várias praias da Província do Amazonas tiveram a atividade de produção da manteiga dos ovos de tartaruga e captura das fêmeas proibidas.


A exposição do palestrante será baseada em um de seus capítulo em formação que fará parte de sua sua tese de doutoramento que pode ser lida clicando aqui. O capítulo também está disponível na xerox do bloco B na UFPA (bloco de história). Após a fala do prof. Diego, teremos a oportunidade de debater o capítulo apresentado.

Data: 23 de junho de 2016
Horário: 14:00
Local: Prédio do laboratório de história (PPHIST-UFPA)
Haverá emissão de certificado ao final do semestre. Não é preciso inscrição prévia.

Informações: labham.ufpa@yahoo.com

Sobre o palestrante

Diego Ramon Silva Machado

Professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA), desde 2012, onde atua nas disciplinas de história e epistemologia da ciência para os cursos de ciências naturais e história da mesma instituição. É doutorando do programa de pós-graduação em história da ciência e da saúde da Casa de Osvaldo Cruz (COC), orientado pela Professora Magali Romero Sá. Ultimamente tem desenvolvido pesquisa no âmbito da história da ciência e epistemologia do conhecimento científico  em interface com o ensino de ciências, história das instituições cientificas e história ambiental, com ênfase nas história da prática extrativa animal na Amazônia.

domingo, 12 de junho de 2016

Laboratório de história ambiental UFPA recebe prof. Diogo Cabral

No ultimo dia 09 de junho, realizamos a abertura das atividades deste semestre do Laboratório de História Ambiental - UFPA. A discussão aconteceu em torno do artigo "O Brasil é um grande formigueiro': território, ecologia e a história ambiental da América portuguesa" de autoria do prof. Dr. Diogo Cabral (Geógrafo da Coordenação de Geografia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

Um dos alunos fazendo uma pergunta ao prof. Diogo


Estavam presentes graduandos, pós-graduandos e professores que tiveram a oportunidade de ouvir o professor Diogo Cabral em tempo real por meio de vídeo conferência. Além de escutarmos atentamente sua apresentação pudemos debater com o autor abrindo para que os participantes perguntassem sobre o tema em questão. 


Um dos pontos mais importantes discutidos foi a importância de desenvolvermos narrativas históricas para além do antropocentrismo, atentando para a importância de compreendermos a construção da ideia de território como um processo que envolve agentes humanos e não-humanos. 


O evento ocorreu no CTIC-UFPA


O laboratório de história ambiental - UFPA contará neste semestre com discussões sobre a relação história e o mundo natural, trazendo para o debate pesquisas que se debruçam sobre essa perspectiva. A proposta também consiste no diálogo interdisciplinar com o objetivo de ampliar a perspectiva histórica.