terça-feira, 27 de agosto de 2013

O mundo bão de Sebastião: o Gênesis preto, branco e Salgado

Sebastião Salgado é pop. Isso se traduziu não muitas pessoas que visitavam a exposição Gênesis no Museu do Meio Ambiento no Rio de Janeiro. São 245 fotografias em preto e branco de locais de difícil acesso no planeta. As imagens estão reunidas em seções: planeta sul, santuários, África, Terras do Norte, Amazônia e Pantanal.

A intenção do autor é mostrar que ainda existem lugares intocados, que a eminência de um colapso terrestre deve ser repensado a partir da observação dos paraísos fotografados. Imediatamente pensei: quem financia esta exposição tão pop? mas, antes de falarmos sobre isso, há um engano em pensar na existência de lugares intocados, uma natureza pristina. Quando vemos uma paisagem aparentemente selvagem, isto é, que não experimentou transformações promovidas pelos humanos, pode ser engano.

Muitas vezes, paisagens aparentemente intocadas foram transformadas em algum momento da história da Terra, logo, esse argumento de Sebastião Salgado pode ser repensado a partir dessa observação que é muito própria da história ambiental: os valores atribuídos à uma paisagem são socialmente construídos.

Outra questão que me chamou atenção foi a ideia de santuário. Essa forma de pensar parece ser um pouco complicada para alguns lugares onde é necessário que os seres humanos transformem o ambiente, com uma agressão mínima.

Gênesis conta com o apoio da Vale do Rio Doce, que tem atuado de maneira comprometedora no planeta. Pareceu-me uma forma de destacar o excesso do mundo, a existência de recursos inesgotáveis. Estamos muito distantes do Gênesis - infelizmente. Para além de uma análise chata, a exposição é muito bem montada e as fotografias são impressionantes.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O que você queria ser? Ou, As aventuras de Kon Tiki

Tenho uma teoria que revela o segredo que motiva o trabalho dos historiadores. Esses indivíduos queriam ser alguém e não foram - consciente ou inconsciente. Descobrimos quem eles gostariam de ser a partir da identificação de seus objetos de pesquisa, ou para ser mais direto, conhecendo os personagens de sua investigação. Não sei se isso vale para todos, mas é uma teoria tão absurda que só reparo em quem colabora com meu argumento.

Aqui vão alguns exemplos: aqueles que estudam a história da ciência, médicos e a psiquiatria, queriam ser, na verdade, médicos, psiquiatras, químicos, etc. Por isso leem uma historiografia mais densa, hard (como gostam de dizer), sabem falar alemão, ou apenas se apresentam de uma forma mais séria, como se fossem prescrever um medicamento, escrevem com a verdade de um laudo ou uma receita médica. Aqueles que pesquisam no campo da história social da arte, a cultura visual, museus, tem uma alma parisiense, tiram fotos do por-do-sol, e queriam ter sido pintores, atores, mecenas e não foram, tem estilo ao se vestir e escrevem como quem grafita, sem deixar que seu trabalho perca a densidade dos argumentos.

Historiadores do esporte queriam ser atletas, técnicos e não foram. Colonialistas queriam ter trabalhado nos gabinetes do conselho ultramarino, para analisarem as remessas, assinarem documentos e não foram. Historiadores da música queriam ter tocado com Luiz Gonzaga, Renato Russo ou mesmo ter sido um deles, e não foram. Historiadores ambientais queriam ter encontrado aquela espécie desconhecida, ter salvado outras da extinção, e não foram. E que fique bem claro, não há nenhum problema em não sido isso.

O post de hoje era pra falar que eu assisti o filme "As aventuras de Kon Tiki" e além da sua relação com as discussões de história e natureza, me fizeram pensar ainda mais sobre essa teoria do "porque sou historiador?". 

O drama foi baseado na história real de Thor Heyerdahl e mostra a expedição Kon-Tiki. Em 1947, Thor acreditava que a Polinésia tinha sido ocupada primeiro pelos povos da América do Sul, e não pelos povos vindos da Ásia, como diziam os livros. Para comprovar que essa versão da história era possível, ele construiu uma jangada, com os mesmos materiais encontrados no período pré-contato, e chamou cinco tripulantes inexperientes para partir com ele em uma viagem de três meses. A viagem é perigosa, o oceano Pacífico é tratado com uma dose de magia, os homens enfrentam problemas com tempestades, tubarões, baleias, recifes de corais e com a própria jangada.

Uma dos pontos que queria destacar é que o questionamento de Thor não foi bem vindo pelos professores doutores. Ainda hoje, alguns intelectuais sacralizam determinados autores, tornando dogmas algumas perspectivas dentro da academia. Frases como "os sábios nem sempre tem razão" e "que a comissão científica vá pro inferno", nos ajudam a repensar algumas coisas da caminhada da pesquisa.

Outro ponto que me chamou atenção foi como o diretor apresenta o protagonista inserido politicamente na sociedade, algo importante para ser destacado em nossos trabalhos. Thor percebe que a experiência do lugar, vivenciar a concretude das coisas é algo enriquecedor para a pesquisa, portanto, concordo que deveríamos fazer um esforço para visitar, caso não seja possível passar mais tempo, o lugar que pesquisamos.

Há no filme a possibilidade de pensarmos sobre como animais e plantas chegaram em continentes estranhos aos de sua origem. Pensar como os personagens precisam ser analisados considerando suas emoções e sentimos, por mais que os documentos não garantam profundidade nessa percepção. E como o mundo não humano concede a experiência do imponderável. e por fim, como a água tem uma importância fundamental ao longo do tempo e foi considerada como caminho e fronteira na história da Terra.

Recomendo o filme pelas muitas coisas que ele suscita, especialmente se você é pesquisador.   Talvez meu entusiasmo pelo filme seja tão somente por falar de viagens de exploradores. Ou porque me fez ver que eu queria ser um desses exploradores, embarcados em navios, que tinham como endereço os portos do mundo, e não sou. Daí minha pesquisa sobre os comissários demarcadores de limites? Segundo minha teoria, sim. E você, o que queria ser e não é? Ainda dá tempo.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

No lugar das demarcações: retorno a Manaus e o embarque para Barcelos

Na manhã de domingo (14/07)13), me preparei para retornar à capital do Amazonas, novamente cruzando o grande rio. Primeiro deveria chegar na cidade de Itacoatiara para dali pegar o ônibus que me levaria até Manaus. O sol já acorda  com toda sua força na floresta tropical. Fiquei com saudade do por-do-sol, do peixe assado e principalmente do creme de araçá - delicioso!

Detalhe no teto do Museu da Cidade - Manaus AM. Garças sob a vitória régia

Cheguei naquela tarde em Manaus para me preparar para na terça-feira embarcar rumo ao alto Rio Negro, o destino principal, a cidade de Barcelos-AM. Antes, portanto, fui até o local onde, provavelmente, começou a capital amazonense, antes chamada de Forte da Barra, um ponto de referência militar durante o século XVIII. 

Urna mortuária encontrada na estrutura do Museu da Cidade - Manaus-AM.
Está numa sala exposta para o público
Hoje, há uma praça, o arquivo público do Amazonas, que se encontra bastante abandonado apesar de estar funcionando, e o Museu da Cidade, que ainda não está funcionando completamente. Ali serviu de escritório administrativo para o governador e outros departamentos do Estado. Os elementos da floresta inspiram a arquitetura e os desenhos no interior do prédio, como podemos notar na fotografia do teto da sala onde estão expostas as memórias dos governadores do Amazonas.
O porto de onde saí para Barcelos-AM. 

Na terça-feira, ao final da tarde, estávamos preparados para embarcar rumo a cidade de Barcelos-AM. Navegaríamos 12 horas pelas águas tantas vezes visitadas pelos personagens investigados em minha pesquisa. Olhava cada paisagem pensando nos relatos de viagem desses atores setecentistas. O barco ainda atrasaria 3 horas por causa de problemas no motor, o que nos impediu de assistir o pôr-do-sol à caminho.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Zarafa: o Sudão e a França do alto de uma girafa

Zarafa é um filme de animação francês dirigido por Rémi Bezançon e Jean-Christophe Lie que foi lançado em fevereiro de 2012, na França e só agora chegou em alguns cinemas do Brasil. A crítica do jornal O Globo dizia que havia um quê de Bambi no filme, mas o que encontrei foi o contrário, uma animação que cumpre a função de divertir crianças mas também nos permite perceber algumas questões de fundo bem importantes.

A questão da escravidão na África no início do século XIX é abordado é um dos muitos aspectos históricos do filme. A utilização dos animais no transporte desses escravos é apresentado como informação valiosa para pensar as dificuldades dos deslocamentos nessas áreas. Mas o ponto o mais importante, ao meu ver, é como por meio de Zarafa, a jovem girafa oferecida ao rei da Fraça, é possível conhecer não apenas a sociedade do Sudão, mas também a sociedade francesa.

O interesse pelos animais exóticos e a tentativa de domestica-los, além de transformá-los em atração para o público francês, é um dos cenários de "Zarafa". Além do rei francês, o naturalista Saint-Hilaire também é um dos personagens, realizando a intermediação desse novo mundo natural e a nobreza. Recomendo o filme, pois diverte e apresenta esses e outros aspectos para reflexão das relações entre história e natureza.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

No lugar das demarcações: minha expedição na Amazônia

Este é o primeiro dos posts sobre a viagem que fiz ao Amazonas com o objetivo de conhecer a cidade de Barcelos-AM. Minha pesquisa de doutorado trata das ideias de natureza dos comissários demarcadores de limites e outros personagens envolvidos nesse contexto, como os clérigos e governadores. A análise das fontes históricas me levavam especialmente a dar atenção para a aldeia de Mariuá, que seria mais tarde chamada de Barcelos.

Rio Amazonas e a sensação de ser um grande mar
Minha pesquisa, assim como este blog, se inscreve nos pressupostos da História Ambiental, que destaca dentre suas orientações, a importância de sentirmos a realidade bio-física do lugar onde se passaram os acontecimentos analisados, por isso decidi sair do Rio de Janeiro no dia 10 de Julho de 2013 rumo ao Amazonas.
Beira do Rio Amazonas

Antes de partir para Barcelos fui até a cidade de Itacoatiara (que fica a 4 horas de Manaus) para de lá pegar um barco e descer o Rio Amazonas até a cidade de Urucurituba. No século XVIII havia um trânsito intenso por todo o grande rio. Já havia feito algumas vezes esse percurso, mas agora foi diferente, vivi a travessia pensando em tudo que li nos documentos históricos. As cores da floresta nas margens, o céu como retratados nas vistas, e a quantidade assustadora de água.

Algumas vacas e bois pastando na beira do Rio Amazonas
Ao chegar em Urucurituba pude contemplar o por-do-sol no Rio Amazonas e toda sua grandiosidade. Além disso, pude conhecer não apenas a beira desse lugar mas também adentrei em direção contrária ao grande rio e encontrei lagos, banzeiros, brejo, percebendo outras tantas paisagens que contribuem para compor um cenário de diversidade e riqueza ecológica. Aqui nesse post publico algumas fotografias desse trecho.

Lago do arrozal e as atividades do sábado à tarde. Ao fundo uma estrada que serve para dar acesso a casas de farinha, plantações de mandioca e criação de gado.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Alegoria na arte brasileira, por Gianne Chagastelles

Este livro de Gianne Chagastelles toca em uma herança fundamental da arte brasileira, até hoje pouco estudada. Se o Barroco é o estilo da alegoria, nosso Barroco, especificamente, é a alegoria da alegoria: uma resposta híbrida, corrompida, metafórica, àquilo que já é um outro de si mesmo. Além da obra de Aleijadinho, há outros indícios deste Barroco mestiço e deliciosamente desvirtuado em todo o país. Gianne nos mostra, neste livro, que a matriz barroca é uma fonte que nunca cessa, irrigando a arte brasileira até hoje. Gianne envereda na obra de artistas importantes como Arthur Bispo do Rosário; Leda Catunda, Beatriz Milhazes, Adriana Varejão e Jorge Duarte dos anos 1980; e Jarbas Lopes, Marcos Cardoso e Edmilson Nunes dos anos 1990. Em todos estes trabalhos, há a criação de uma narrativa de suspensão, que nos leva ao mesmo tempo a um estado de abrigo e reconhecimento, mas também à repulsa e ao exílio, próprio da alegoria, reinventada em roupagem pós-moderna*.

Lançamento do livro Alegoria na arte brasileira (1980-2000) de Gianne Chagastelles, dia 20 de agosto, terça-feira, às 18 horas, no Espaço Multifoco, na Avenida Mem de Sá, 126- Lapa- Rio de Janeiro-RJ. 

* Por Daniela Name

domingo, 11 de agosto de 2013

Reflexos e Reflexões sobre Viagens, Viajantes e suas Obras no Museu Nacional


Celebramos no mês de julho o aniversário de uma notável instituição de memória: a Biblioteca do Museu Nacional.

Por isso, os convidamos a participar no dia 19 de agosto de 2013 do "Seminário Especial 150 anos da Biblioteca do Museu Nacional. A Coleção de Obras Raras da Biblioteca: Reflexos e Reflexões sobre Viagens, Viajantes e suas Obras",
com a seguinte programação:

09:30 – Palavras de boas-vindas
10:00 – A Comissão de Exploração Científica, Profa. Lorelai Kury (Fiocruz)
10:50 – Paula M. A. C. de Mello, Coordenadora do SiBI
11:15 – Prof. Emérito Arnaldo Coelho
11:30 – Profa. Claudia Rodrigues-Carvalho, Diretora do Museu Nacional/UFRJ
12:00 – 14:00 - Almoço
Mediador: Prof. Antonio Carlos Sequeira Fernandes (Museu Nacional/UFRJ)
14:00 – Viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, Prof. Ronald Raminelli (UFF)
14:50 – A história natural de Piso, Prof. Dante Teixeira (Museu Nacional/UFRJ)
15:40 – Perguntas
15:50 – Coffee Break
16:10 – Descrição do Egito, Prof. Antonio Brancaglion Jr. (Museu Nacional/UFRJ)
16:50 – Perguntas
17:00 – Encerramento

O objetivo principal do Seminário é promover uma reflexão sobre as pesquisas e estudos realizados na atualidade, a partir das obras raras e antigas da Biblioteca do Museu Nacional, estabelecendo assim uma dualidade entre o antigo e novo, o passado e presente.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tabu: animais na colonização portuguesa na África

O filme "Tabu" é uma produção do diretor português Miguel Gomes que conta a história de Aurora, uma senhora idosa que divide o apartamento em Lisboa com sua empregada cabo-verdiana e uma vizinha dedicada a causas sociais. Quando Aurora morre, as outras duas descobrem uma história de amor e crime vivida no continente africano.

O enredo foi inspirado no livro de F.W. Murnau e Robert Flaherty intitulado "Tabu" (1931). Nos chama atenção a forma como o cineasta prepara o espectador para viver em uma fronteira de colonização, onde o exotismo dos animais e das plantas é o símbolo da conquista, do contro como diferente. É também a a história do início do fim do império português no continente africano (século XX).

O Jacaré é o animal em destaque que simboliza esse mundo novo, conquistado e que é perseguido pelos europeus no intuito de domesticá-lo e organizá-lo. O sentimento de aventura na fronteira se mistura com o constante desejo de viver os costumes europeus. É poético, muito bem contado e recomendo com certeza.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Colóquio Internacional “Em benefício do povo”. Obras, governo e sociedade na cidade colonial


Organizado com a participação do grupo de pesquisa “Asia and Europe in a Global Context” da Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg, Alemanha, e apoiado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo (DWIH-SP) no âmbito da Temporada “Alemanha + Brasil 2013-2014″.

Colóquio Internacional “Em benefício do povo”. Obras, governo e sociedade na cidade colonial
07 a 09 de agosto de 2013
Campus do Gragoatá, Auditório 209, Bloco O – Universidade Federal Fluminense – Niterói – RJ

O Colóquio Internacional reúne historiadores brasileiros e internacionais, para estudar o relacionamento entre as obras urbanas coloniais e o desenvolvimento da sociedade colonial. Procura-se abordar uma imagem do convívio da população a partir da análise histórica das suas obras em termos de conceituação, planejamento, implementação e aproveitamento. Com a noção de “obras”, entende-se edificações de defesa, sistemas de abastecimento de água, calçamentos de ruas, construções de pontes e outras. Não só se analisará a atuação dos diversos agentes envolvidos no desenvolvimento da paisagem urbana, mas também se tenta entender como a materialidade das obras foi responsável pela formação de um certo tipo de cidadania colonial.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Resultado do sorteio do livro "Cidade das Mangueiras"


Muito obrigado a todos que participaram. Esperamos em breve ter novas promoções!

A voz da primavera, por Elenita Pereira


Meu blog pessoal, dedicado a divulgação de textos de minha autoria (acadêmicos e de divulgação) e de outros autores, eventos e atividades na área de história ambiental. Além disso, a proposta do blog é reunir conteúdo de diferentes suportes sobre história ambiental: entrevistas em áudio e vídeo com historiadores ambientais brasileiros e de outras nacionalidades; filmes com temática ambiental; links para sites e blogs interessantes na área, e outros tipos de materiais que fui garimpando na internet, ao longo dos últimos anos. A ideia é reunir um pequeno banco de dados para pesquisas futuras, sem a pretensão de ser definitivo – algo impossível – mas, pelo contrário, sempre em construção.

O título “A voz da primavera” é inspirado no livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson (publicado originalmente em 1962). A ideia surgiu no início dos meus estudos sobre o movimento ambientalista gaúcho, em 2005, quando foi possível perceber a importância desse livro no contexto do surgimento do ambientalismo em todo mundo, na virada dos anos 1960-70. Eu pensei, então, que esses movimentos traziam uma esperança de acabar com o silêncio pensado por Carson (a ausência do canto dos pássaros, devido às aplicações de agrotóxicos); denunciando os problemas ambientais e propondo uma nova ética humana perante a natureza; eles representavam, no sentido oposto, uma voz na primavera. Daí vem o título. Eu continuo pesquisando o movimento ambientalista, porém de forma indireta, através da escrita de biografias, sob a perspectiva da história ambiental. O título é bonito e ainda faz sentido nas minhas investigações, por isso decidi deixá-lo registrado no blog.

 Elenita Malta Pereira
Historiadora. Doutoranda em História na UFRGS

Secretária do GT História Ambiental Anpuh-RS

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A Comissão Brasileira Demarcadora de Limites, seus demarcadores e suas ‘coisas’: palestra no MAST



“Demarcar é aproximar”, dizia o almirante Brás Dias de Aguiar, que, entre 1929-1947, atuou como chefe do setor norte da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites. O verbo aproximar, para além da metáfora diplomática, sintetiza bem o objetivo das demarcações levadas a cabo pelos comissionários e seus diferentes objetos de trabalho e sobrevivência: fixar marcos nas ‘aproximadas’ linhas de fronteira. Seguindo algumas aproximações, pretendo dar a conhecer, em linhas gerais, o funcionamento da ‘máquina Comissão’ e o seu modo de produzir os limites internacionais brasileiros.

Carlos Gomes de Castro é doutorando em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (PPGAS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Antropologia Social pela mesma instituição. Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua nas áreas de Antropologia Simétrica e Antropologia e História.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Nossa ideia de natureza no filme "A espuma dos dias"

Quando fiquei sabendo que o diretor de "Brilho eterno..." havia dirigido a adaptação do livro de Boris Vian "A espuma dos dias" pensei que seria no mínimo instigante assistir esse filme. E foi. O post é a indicação do filme de Michel Gondry: "L'ecume des jours". 

Poderíamos dizer que é a história de Colin, um rapaz simpático, rico e desocupado, que se apaixona por Chloé, portadora de uma rara doença. Mas o filme é muito mais do que isso. Mas cuidado, se você gostar de como essa história é contata correrá o risco de desgostar dos filmes passados em Nova Iorque cheios de romances previsíveis. Gosto de histórias que me levam a conhecer uma realidade diferente daquela que vivo. "A espuma dos dias é assim".

É um surrealismo que faz o expectador pensar para muito além da história. Pensar na vida, na sobrevivência e como os sinais da natureza fazem parte da nossa existência.  O autor procurar explicar como nossa memória insiste em preservar o qu
e gostamos e queremos. A nostalgia que é vizinha da história.

Destaque para o rato cinza que faz parte de toda a história. Ele vive com Colin, o protagonista. Com o passar do tempo, a casa vai encolhendo e tornando-se cada vez mais escura (escurece e encolhe dependendo do humor e os pensamentos de Colin). É o ratinho que se preocupa em tornar aquele lugar mais leve. Mas ele falha em sua luta desigual, e acaba cometendo suicídio nas presas de um gato. 

Entre muitas coisas abordadas no filme, nos faz pensar como a natureza que percebemos também uma construção das experiência que acumulamos em toda nossa vida. É o clima, os relacionamentos, a saúde, os cheiros, tudo isso contribui para formularmos nossa visão do mundo que nos cerca e como encaramos essa realidade física. Recomendo.