A intenção do autor é mostrar que ainda existem lugares intocados, que a eminência de um colapso terrestre deve ser repensado a partir da observação dos paraísos fotografados. Imediatamente pensei: quem financia esta exposição tão pop? mas, antes de falarmos sobre isso, há um engano em pensar na existência de lugares intocados, uma natureza pristina. Quando vemos uma paisagem aparentemente selvagem, isto é, que não experimentou transformações promovidas pelos humanos, pode ser engano.
Muitas vezes, paisagens aparentemente intocadas foram transformadas em algum momento da história da Terra, logo, esse argumento de Sebastião Salgado pode ser repensado a partir dessa observação que é muito própria da história ambiental: os valores atribuídos à uma paisagem são socialmente construídos.
Gênesis conta com o apoio da Vale do Rio Doce, que tem atuado de maneira comprometedora no planeta. Pareceu-me uma forma de destacar o excesso do mundo, a existência de recursos inesgotáveis. Estamos muito distantes do Gênesis - infelizmente. Para além de uma análise chata, a exposição é muito bem montada e as fotografias são impressionantes.
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