Sebastião Salgado é pop. Isso se traduziu não muitas pessoas que visitavam a exposição Gênesis no Museu do Meio Ambiento no Rio de Janeiro. São 245 fotografias em preto e branco de locais de difícil acesso no planeta. As imagens estão reunidas em seções: planeta sul, santuários, África, Terras do Norte, Amazônia e Pantanal.
A intenção do autor é mostrar que ainda existem lugares intocados, que a eminência de um colapso terrestre deve ser repensado a partir da observação dos paraísos fotografados. Imediatamente pensei: quem financia esta exposição tão pop? mas, antes de falarmos sobre isso, há um engano em pensar na existência de lugares intocados, uma natureza pristina. Quando vemos uma paisagem aparentemente selvagem, isto é, que não experimentou transformações promovidas pelos humanos, pode ser engano.
Muitas vezes, paisagens aparentemente intocadas foram transformadas em algum momento da história da Terra, logo, esse argumento de Sebastião Salgado pode ser repensado a partir dessa observação que é muito própria da história ambiental: os valores atribuídos à uma paisagem são socialmente construídos.
Outra questão que me chamou atenção foi a ideia de santuário. Essa forma de pensar parece ser um pouco complicada para alguns lugares onde é necessário que os seres humanos transformem o ambiente, com uma agressão mínima.
Gênesis conta com o apoio da Vale do Rio Doce, que tem atuado de maneira comprometedora no planeta. Pareceu-me uma forma de destacar o excesso do mundo, a existência de recursos inesgotáveis. Estamos muito distantes do Gênesis - infelizmente. Para além de uma análise chata, a exposição é muito bem montada e as fotografias são impressionantes.
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