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MAC - Niterói-RJ |
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein"
As palavras acima são de Oscar Niemeyer, o mais importante arquiteto brasileiro. Não se preocupe, não vou escrever louvores prolongados aqui. Mesmo assim, não posso deixar de concordar que seus trabalhos marcaram a arquitetura mundial por sua originalidade, e é aí que, na minha opinião, está seu valor.
A frase que abre o post de hoje revela que estava na natureza a inspiração para seus trabalhos, todavia é curioso que ao falar de curvas, Niemeyer não cita aquela que já nasce curva: a árvore. Como diria Mário Quintana: "onde já se viu uma árvore ridiculamente simétrica?"
Peço a você a licença da palavra democrática para dizer que as obras de Niemeyer me lembram concreto, cimento e nenhuma árvore. Aquele cinza cinzento que eu não gosto de ver. Uma distância tão grande do natural que não encontro a curva que ele viu nas montanhas, ou nas ondas do mar. Penso que o universo curvo de Einstein não tem tanto concreto assim.
Em Belém, quantas vezes eu cruzei o Memorial à Cabanagem, monumento assinado por Niemeyer, e me perguntei, onde estão as árvores? E todo aquele cimento no chão de Brasília? No Museu de Arte Contemporânea em Niterói, lá não há espaço pra viver sequer uma formiga (as fotos revelam isso?).
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Espaço Memorial da Cabanagem em Belém-PA |
Durante as décadas de 1950 e 60, quando temos muitas fundações de Escolas de Engenharia, o concreto tem seu auge, é nesse período que Niemeyer realiza inúmeros trabalhos e me parece que estabelece seu estilo. É um momento em que há uma valorização de espaços cinzas diretamente relacionados com o desenvolvimento. Gramados a perder de vista e espelhos d'água.
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Brasília |
Esse post não quer desmerecer o arquiteto Oscar Niemeyer, longe disso, reconheço sua importância. Quis apenas destacar que sua arquitetura é a expressão de um tempo em que o concreto significava progresso, uma estética desenvolvimentista, uma escolha que, na minha opinião, inspira-se na curva das montanhas mas preferiu apartar as árvores. E isso se perpetuou por meio de seus trabalhos, agora, espero que a originalidade de Niemeyer inspire novos trabalhos...mas não esqueçam das árvores!