quinta-feira, 4 de outubro de 2012

São Francisco de Assis e a ecologia

Se acha que hoje, o cachorro entrou na igreja só porque encontrou a porta aberto - você corre o risco de estar enganado. 

Em 29 de Novembro de 1979, na bula «Inter Sanctos», o Papa João Paulo II proclamou S. Francisco de Assis como Padroeiro dos cultivadores da Ecologia:

"Entre os santos e os homens ilustres que tiveram um singular culto pela natureza, como magnífico dom feito por Deus à humanidade, inclui-se justamente S. Francisco de Assis. Com efeito, ele teve em grande apreço todas as obras do Criador e, com inspiração quase sobrenatural, compôs aquele belíssimo “Cântico das Criaturas”, através das quais […] rendeu ao omnipotente e bom Senhor o devido louvor, glória, honra e toda a bênção.»

Hoje, comemora-se o dia de São Francisco, e este post é para refletir sobre como a religião católica, em 1979, oficializou esse padroado que nos parece significar um reconhecimento não apenas sobrenatural e divino da relação humana com o mundo natural (e é claro que o cristianismo sempre percebeu essa relação) mas também um discurso oficial do líder da igreja chamando atenção para a discussão ecológica posta naquele momento.

Interessante notarmos como os fiéis se apropriaram desse padroado. Ao meu ver mais aplicado aos animais de estimação do que em relação a própria crise ambiental, que mais tarde o Papa Bento XVI chamará atenção. Soa também como uma resposta aos fiéis que sempre, de maneira até mesmo subversiva, criavam por conta própria a relação de seus animais com o sagrado - buscando cura para enfermidades ou mesmo sua entrada no reino celeste.

Este é um bom dia para pensarmos em como as instituições respondem - mesmo que de maneira tardia - às demandas do seu público e como estes reelaboram os discursos oficiais. E um ultimo ponto: como a religião e a religiosidade se utilizam da percepção de natureza e até a ideia de ecologia em seus discursos.

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