quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Editorial - fim de ano - 2015 (vídeo)

Prezad@s amig@s,

Esta postagem é para agradecer a todos que colaboraram e acessaram o HN ao longo deste ano de 2015. Desejo a todos um Feliz Ano Novo e que em 2016 possamos contar mais histórias felizes sobre a relação entre os humanos e o mundo natural. 


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Hóspedes ilustres: os animais e o nascimento de Jesus

adoração dos pastores (1609) - Caravaggio
E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. Evangelho de Lucas 2:7

Entre os cristão a  história do nascimento de Jesus Cristo é central e motivo das comemorações de Natal. Ao longo do tempo, os mais deferentes artistas retrataram esse episódio tornando a estrebaria um lugar agradável e aconchegante. O post de hoje é para pensarmos na presença dos animais nessa cena tão emblemática para o cristianismo.

Assim como no quadro pintado por Caravaggio, a presença dos animais é pouco notada quando essa história é contada, afinal, devido não ter vaga na estalagem, Maria deu à luz na garagem do hotel, insto é, no estábulo, onde os hospedes guardavam os animais que lhes servia de transporte.

O relato bíblico é bem claro ao dizer que Jesus nasceu na manjedoura, local onde se colocava os alimentos dos animais. Então, foi na companhia de cavalos, burros e quem sabe bois (e outros animais que poderiam habitar o estábulo como insetos) que se passou um dos episódios mais importantes do cristianismo. Esses animais ocupavam um papel muito importante na palestina, pois serviam de transporte de carga e também de humanos. O estábulo os protegiam do frio e do ataque de animais ferozes.

A leitura atenta da Bíblia nos mostra a importância dos animais nos episódios que fundamentam a fé de milhões de cristãos. Uma pergunta que volta e meia me faço é em que momento, diferente de outras religiões como o hinduísmo, o cristianismo deixou de perceber a importância da Natureza ? Para mim, a descrição do nascimento de Jesus nos chama atenção para estarmos atentos a nossa interação com os animais, tratando com respeito as outras espécies. 

Ao contrário de tudo isso que escrevemos, o Natal se transformou em uma festa do consumismo, onde uma quantidade gigantesca de lixo é produzida. O capitalismo desvirtuou esse que poderia ser um evento para pensarmos nossa condição de moradores que compartilham o plante com outras espécies. Nossa leitura apressada muitas vezes não nos permitem perceber o burrinho no fundo da estrebaria. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Delimitações espaciais e a história ambiental: dossiê

Com prazer divulgamos o dossiê 'As delimitações espaciais na pesquisa em história ambiental' publicado na Revista de História Regional.

SUMÁRIO

Bacias hidrográficas, história ambiental e temporalidades
Gilmar Arruda

A Mata Atlântica e a Floresta Amazônica na construção do território brasileiro: estabelecendo um marco de análise
José Augusto Pádua

Paisagens através de outros olhares
Dora Shellard Corrêa

Fruto da terra e do trabalho humano”: paleoterritórios e diversidade da Mata Atlântica no Sudeste brasileiro 
Rogério Ribeiro de Oliveira

Florestas em territórios de fronteira: Sul do Brasil e Misiones na Argentina
Eunice Sueli Nodari

Problematizando as representações do mundo natural como delimitação espacial em História Ambiental: Entre a Araucarilandia e a Floresta Ombrófila Mista
Ely Bergo de Carvalho

A problemática espacial e a história ambiental
Haruf Salmen Espindola

Um conjunto de montanhas e de práticas culturais como escala de pesquisa em história ambiental
Alessandra Izabel de Carvalho

Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/rhr

sábado, 19 de dezembro de 2015

Vastos sertões: história e natureza na ciência e na literatura

Considero a organização desta coletânea muito bem-sucedida. Uma bem-aventurança, no sentido de que todos os autores contribuíram para o resultado final da obra. Procuraram esclarecer importantes perguntas comuns. Como podemos entender o sertão? E especialmente o Cerrado, que ocupa grande parte da obra e aparece em diálogo frequente com questões ambientais? Como a literatura e a historiografia ajudam a compreender o povoamento dessa região? Como podem ser interpretados os processos de expansão da fronteira Oeste na história mais ampla do Brasil? (Prefácio, por Sterling Evans).

Sumário

PARTE I
História e natureza na interpretação da ocupação dos sertões e do Oeste

A natureza na interpretação do Oeste: sertão e fronteira no pensamento brasileiro 
Lucia Lippi Oliveira

Da História da Fronteira à História do Oeste: fragmentação e crise na Western History norte-americana no século XX 
Arthur Lima de Avila

A construção simbólica do Oeste brasileiro (1930-1940) 
Sandro Dutra e Silva, Giovana Galvão Tavares,
Dominichi Miranda de Sá e José Luiz de Andrade Franco

A natureza nos conflitos da atividade de mineração do ouro nos sertões das Minas Gerais 
Carolina Marotta Capanema

Os outros são o atraso: populações rurais e modernização agrícola em Minas Gerais (1950-1960) 
Claiton Marcio da Silva

PARTE II
História e natureza na ciência na imensidão do Cerrado, a [in]domável natureza: sertão, fronteira e viajantes em Goiás na primeira metade do século XIX 
Fabíula Sevilha de Souza

Entre o mar e o sertão: a expedição biológica do belga Jean Massart ao Brasil, em 1922-23 
Alda Heizer

Capistrano de Abreu e Friedrich Ratzel na história da ocupação dos sertões brasileiros 
Ricardo Alexandre Santos de Sousa

A nova capital do Brasil: ciência e política nas comissões de estudos do Planalto Central
das décadas de 1940 e 1950 
Tamara Rangel Vieira e Nísia Trindade Lima

A ecologia do Planalto Central do Brasil: as pesquisas de Henrique Pimenta Veloso nos anos 1940 
Magali Romero Sá e Dominichi Miranda de Sá

A civilização da mandioca sob os cuidados da Nutrição: escritos sobre a alimentação da Amazônia 
Rômulo de Paula Andrade e Gilberto Hochman

PARTE III
História, natureza e literatura

O sertão ao redor do mundo: escritos portugueses do século XVI 
Victoria Saramago

A vida sertaneja entre a ficção e o testemunho: os “Quadros e Costumes do Nordeste” de Graciliano Ramos 
Thiago Mio Salla

“O ambiente perdido do distante sertão”: homem e natureza na prosa de Bernardo Élis 
Luciana Murari

Ermos sertões, distantes gerais: o Cerrado goiano na literatura de Bernardo Élis 
Sandro Dutra e Silva, Aurea Marchetti Bandeira e
Tálliton Túlio Rocha Leonel de Moura

Colonialismo no grande sertão: os jagunços de Bernardo Élis 
Wilma Martins de Mendonça e Thiago Fernandes Soares Ribeiro

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Salvaremos o planeta ? Chico Mendes, socialismo e ecologia

No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade
Chico Mendes
O post de hoje é para lembrar Chico Mendes, nascido em 15 de dezembro de 1944, em Xapuri - Acre. A frase acima destacada nos faz refletir sobre nossa incapacidade de salvar o planeta. Recentemente, em Paris, foi assinado um acordo para reverter o aquecimento global. O discurso dos diplomatas considera que esse acordo é histórico e salvará o mundo.

Chico Mendes já percebia que nossas ações ecológicas não poderiam salvar o planeta, mas sim a existência dos seres humanos. Mais uma espécie que habita a Terra. Outra marca deixada pelo sindicalista é a crítica ao capitalismo e a agressividade desse sistema diante das florestas. Para ele a devastação ambiental estava diretamente ligada a exploração do grande capital. Michael Löwy chama esse tipo de abordagem de: ecossocialismo.

 Dessa forma, Chico Mendes agiu além dos limites do sindicalismo e do ecologismo, propondo ações do Estado que levassem em consideração o contexto cultural e social das comunidades agrárias, sem deixar de lado a relação desses personagens com a floresta, como forma de garantir a existência não apenas dessas populações mas da humanidade como um todo.

Chico Mendes morreu buscando construir instrumentos de lutas políticas e sociais, utilizando argumentos sofisticados que questionavam o capitalismo e as consequências devastadores desse sistema para o meio ambiente. Assim, é preciso encontrar um outro caminho para a continuidade da espécie humana no planeta. 

domingo, 13 de dezembro de 2015

Da lama ao caos: música, história e natureza

Em 1994 a banda pernambucana Chico Science & Nação Zumbi lançava o álbum 'Da Lama ao Caos' misturando rock com maracatu. O grupo já chamava atenção para a relação desastrosa entre os humanos e o mundo natural. O posto de hoje é para lembrar esse registro musical e a tragédia ambiental provocada pela Vale no Rio Doce. 

A Nação Zumbi já chamava atenção para as transformações prejudiciais provocadas pelos humanos no ambiente habitado pelos aratus, caranguejos e chiés, especialmente nos manguezais. Além disso, a música 'Da Lama ao Caos" nos remete também a degradação social dos humanos em sua convivência urbana. Um trecho da canção:

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um caranguejo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Outros artistas também protestaram por meio de músicas e vídeo clips, podemos citar Michael Jackson, em Earth Song; O Rappa, em Tribunal e rua e tantos outros.  Vanessa da Mata, com a música Absurdo reclama:

Havia tanto pra respirar
Era tão fino
Naqueles rios a gente banhava

Recentemente o cantor Thiago Delegado lançou uma música que denuncia especificamente o que aconteceu com o Rio Doce:

Quem Vai Pagar o Que Não Tem Preço? (Thiago Delegado e Marcio Borges)

Quem vai dizer fim da esperança
essa herança irracional
que outros filhos terão
lama letal
lamaçal
água da gente beber
o dragão
arrastou na lama
quem vai pagar tão imenso mal
matou o rio afinal
o que era doce acabou
Antes da lama tocar meu blue
o verde vale era azul azul blue
a plantação queria dar
o peixe só queria
nadar
e eu também 
ser alguém feliz então 
cantar
Mas quem vai pagar o que não tem preço
me devolver o que não tem mais
quem vai virar o que está ao avesso
quem vai salvar o meu blue



 

Esse tipo de material pode ser aproveitado para introduzirmos esse tipo de discussão em sala de aula, utilizando a música para falar de um tema tão atual. Pensamos nessas sugestões que podem ser aproveitadas por professores de biologia, geografia e história para o debate sobre os problemas ambientais. 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Cores do Marajó

[por Mayra Biajante - SP]
Já faz um tempo que eu fui pro Pará.
E também faz um tempo que não escrevo para o HN. Tanta coisa acontecendo!
Mas como dizem, o tempo é rei, não é?
E esse tempo foi importante até pra poder falar dessas fotos.
Às vezes, um período é necessário pra gente poder digerir as coisas e enxergar o que ficou nas entrelinhas. Talvez seja a hora certa pra falar de lá!

Cores, sabores, arte, música, muito calor e aquela chuva linda no meio da tarde!
Conhecer o Pará foi uma mistura de experiências e sensações.
Açaí com peixe e farinha d’água, rio que parece mar, cachaça de jambu, tecnobrega, carimbó e guitarrada, búfalos na rua, mototáxi...égua! Tudo é tão diferente e tocante ao mesmo tempo.

E além de todas essas delícias, o que mais encantou o coração foi o jeito das pessoas. 
Próximas e atenciosas, os paraenses tem orgulho da sua cultura e tradição e te tratam com tanto carinho, como alguém da família. E eu achei isso lindo.


Eu conheci muita gente naqueles dias. Gente de lá e de outros lugares também.
Pessoas que viraram amigos e agora também fazem parte da minha vida. 
Pessoas que me falaram coisas importantes e sensíveis e que eu guardo até hoje dentro de mim. 
Pessoas que já reencontrei, que eu vejo quase toda semana e que quero muito ver de novo.
E isso é o que faz valer. Além das fotografias e recordações, eu trouxe comigo a amizade, que é tão valiosa.

Conheci alguns lugares no Pará, todos apaixonantes, mas escolhi mostrar o que me fez entrar em contato comigo mesma: Joanes, na Ilha de Marajó.
A Ilha de Marajó fica ao norte do Pará, distante 90 km de Belém, é o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, formado cerca de três mil ilhas e ilhotas, e uma área de proteção ambiental.
Joanes é distrito de Salvaterra, um dos 16 municípios que formam a Ilha de Marajó.
Há cerca de 4 séculos, os padres da Companhia de Jesus chegaram ao local e construíram a Igreja do Rosário para catequizar os índios da região, cujas ruínas podem ser visitadas até hoje.


Por estar hospedada em Soure, um município vizinho, fui a Joanes de mototáxi, junto com Marina, uma portuguesa que conheci em Belém. Sim, três na mesma moto. Foi uma aventura!
Passamos o dia encantadas com a beleza e peculiaridade do lugar.
Sentamos sob a sombras das árvores que ocupam toda a praia, aproveitamos a água daquele rio sem fim, tivemos conversas incríveis sobre a vida. Observamos os búfalos se banhando, caminhamos pela areia e, às vezes, um barquinho de pesca passava. Era um dia de semana e o lugar era só nosso!
Joanes tem uma energia incrível, transmite calma e paz. Uma serenidade que renova.

Bom , o Pará é maravilhoso! Quem vai pra lá se apaixona.
E agora, depois desse tempo que passou, sinto saudade e alegria por tudo que eu vivi alí. Ainda volto pra lá!

Mayra Biajante é colaboradora deste blog. Para saber mais sobre seu trabalho clique aqui.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Sustentabilidade na universidade: um diálogo transdisciplinar


O livro "Sustentabilidade na universidade: um diálogo transdisciplinar" trata sobre a questão da gestão ambiental em uma perspectiva do ensino superior. 


Os artigos discutem questões como a consciência ambiental e educação. Destaco o texto da prof. Dayana de Oliveira Formiga com o título "História ambiental: sobre o meio ambiente e a graduação em história". Outros autores desenvolvem reflexões sobre o ensino interdisciplinar tendo como referência o tema do meio ambiente.

Nesse sentido, o livro conta com debates sobre tecnolonia da informação, desenvolvimento sustentável, teologia, tradução e gerenciamento de resíduos químicos. Destaco também o texto "Contabilidade e meio ambiente", do professor Waggnoor Macieira Kettle, que aborda questões como a importância das ciências contábeis para os estudos de natureza ambiental.

O tema 'meio ambiente' guarda um potencial muito importante para discussões transdisciplinares. Esse livro é um exemplo de como isso é possível.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015