domingo, 11 de outubro de 2015

Elefantes e reis: uma história ambiental


O post de hoje é sobre um trabalho extraordinário de Thomas Trautmann, professor emérito da Universidade de Michigan - conhecido na Índia e mais conhecido ainda em Tamil Nadu por sua pesquisa sobre a vida e obra de Francis W. Ellis. Trata-se da análise da relação entre elefantes e reis na Índia. O texto encaminha o leitor para perceber como essa relação ajudou a preservar tanto a espécie como o ambiente. O autor diz: "O antigo reino indiano foi amarrado à floresta pela instituição do elefante de guerra", uma observação muito importante, especialmente na perspectiva sofisticada da História Ambiental.

Os reis usaram o elefante como um símbolo de poder e, por causa de seu tamanho, tornou-se um objeto de admiração e glória. Ao mesmo tempo que não era economicamente viável criá-los desde o nascimento. Apenas na idade adulta se tornariam úteis. Para domesticá-los, os reis indianos os capturavam já adultos selvagens e os treinou. Isso ajudou a preservação das florestas como foi nas florestas que os elefantes. Assim, o estudo assume uma perspectiva da história ambiental. Capturar esses animais não era uma tarefa fácil, exigindo grande mão de obra só podendo ser custeada pelos monarcas. Trautmann traça a história da relação entre elefantes e reis indianos e de outros países orientais.

Assim, o estudo conecta o papel dos elefantes na dimensão militar, política e cultural desse período, não esquecendo da relação com as florestas e seus moradores. É nesse contexto que esses humanos e as florestas foram protegidos. Em uma observação interessante, Trautmann explica como a Índia tem chegou ao número de 31 reservas florestais. Ele começa a partir de Arthasastra e passa pelo A'in Akbari (1598), onde há uma grande quantidade de informação disponível sobre esses animais, investigando citações dos relatos de viajantes europeus.

Ele cita bastante a literatura sânscrita - especialmente os épicos Ramayana e Mahabharata - que falam sobre elefantes de guerra. A história que impressiona é quando Rama pergunta de seu irmão Bharata sobre o bem-estar dos elefantes e da floresta. O elefante de guerra ideal deveria ser um macho com grandes presas, no auge de sua força e com sessenta anos de idade. Aqui entendemos que os elefantes tinham um grande valor para os reis, como consta nos versículos em sânscrito, que um elefante de 60 anos de idade estava entre os presentes mais ricos.

Os textos védicos levam a conclusão de que os elefantes se colocavam como elementos de importância religiosa. O autor ainda compara com os usos dos carros e cavalos nesse contexto de conquistas do mundo indiano antigo. 

Ele termina de maneira otimista, dizendo que "a julgar pelo aumento do número de elefantes selvagens na Índia, parece que o Estado-nação pode garantir o futuro dos elefantes". Outro poto auto as imagens que comparam elefantes de diferentes áreas. Esse livro uni a história dos reis e dos animais. Um trunfo para a biblioteca dos amantes de animais e do meio ambiente.

Fonte: www.thehindu.com

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