domingo, 31 de agosto de 2014

Luminária: fotografia por Mayra Biajante

O post de hoje é sobretudo visual, o texto é da própria fotógrafa, Mayra Biajante, confira: 

A fotografia “Luminária” foi premiada na Exposição Olhar: Uma Visão de Edifícios, Obras e Transportes Terrestres sob a Ótica das Lentes.
Realizada pela Fatec Victor Civita, a exposição envolveu os cursos de Processos Fotográficos e Comunicação Visual de seis ETECs da capital paulista.
Ao todo, foram 240 imagens inspiradas em edifícios, obras e transportes terrestres.

A ETEC de Carapicuíba escolheu mostrar a arquitetura da Aldeia de Carapicuíba, patrimônio histórico da cidade e fundada em 1580.
O local, formado por pequenas casas geminadas feitas em taipa de mão, foi tombado em 1974 e, segundo a história oficial, era utilizado para catequizar os índios e protege-los da escravidão.

Atualmente conta com uma igreja, um centro cultural, um teatro de arena e o moto-clube do Maluco Beleza, local onde a fotografia foi feita.
Foi num final de tarde, o moto-clube havia acabado de abrir as portas e estava praticamente vazio.
Ao caminhar por ali, gostei muito do desenho que a luz da luminária fazia na parede e, ao observar um pouco mais, notei que a mesma luz se refletia numa mesa de madeira, molhada por causa da chuva, e registrei a cena.

Mayra Biajante


sábado, 30 de agosto de 2014

História Ambiental na China: professora Shen Hou

prof. Shen Hou
Shen Hou é professora de História da Universidade Renmin, de Pequim, a pesquisadora esteve no Rio para o simpósio Diálogo em História Ambiental: Brics. A entrevista é de FLÁVIA MILHORANCE

“Tenho 37 anos e cursei História na China. Na faculdade, li um livro de Donald Worster traduzido pela minha mãe sobre a história ambiental dos EUA. Fiquei fascinada de saber que a História poderia ser escrita de uma forma totalmente diferente. Por isso, inscrevi-me e fui aceita para estudar em sua equipe no Kansas”

Conte algo que não sei.

Existe um mito de que a China — assim como civilizações antigas em geral — tinha uma relação harmoniosa com a natureza no passado. Os próprios chineses gostam de se enganar sobre isso, dizendo que os problemas ambientais foram causados pela influência do Ocidente e da industrialização, mas não é verdade. A China tem uma longa tradição de esgotar seus recursos naturais.

Pode citar um exemplo?

Na Dinastia Tang (618-907), a capital era Chang'an, que está a oeste. Depois mudou-se para Luoyang, a leste. A razão principal foi buscar uma parte menos explorada do país. Todas as florestas foram cortadas, o que levou à erosão do solo e às frequentes inundações. Também já não havia plantações suficientes, e era preciso trazer alimentos de outras partes do país. Ou seja, mesmo no século VII a China vivia uma crise ambiental.

Isso seria por causa do tamanho da população?

Certamente é um dos fatores. A população chinesa sempre foi muito grande. No final do século XIX, já eram 400 milhões de pessoas. E a população é uma grande razão para todos os tipos de problemas ambientais.

A China é um dos países com altos níveis de poluição, exploração de recursos naturais e da biodiversidade etc. Você, como chinesa, sente cobrança internacional sobre esse panorama?

Considero boas as críticas. A China precisa delas. É por causa delas que o governo vem dando mais ênfase em regulação ambiental. Mas a China é a fábrica do mundo, produz bens não só para si, mas para diversos países. Não podemos culpá-la por todos os problemas ambientais, é injusto com a população chinesa.

Quando os chineses começaram a ter maior consciência ambiental?

Principalmente no século XXI. Os Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, tiveram um papel muito importante. Quando a China soube que seria sede, alguns anos antes, a poluição em Pequim já era uma questão alarmante para a comunidade internacional. O governo chinês teve que tomar medidas, e o slogan se tornou “Olimpíadas verdes”. A questão ambiental ganhou então maior importância na sociedade. O poder da internet intensificou isso, porque o governo chinês não poderia mais cobrir os problemas. Essa parte se tornou mais transparente. Ainda há muita coisa encoberta, mas o governo hoje promove o debate.

Em abril, foi aprovada uma nova lei de proteção ambiental para combater a poluição. O país está encontrando o seu caminho?


A China tem leis ambientais perfeitas se fossem comparadas a qualquer país. O problema é implementá-las. O governo federal aprova as leis, mas os governos locais têm sua própria estratégia e se preocupam mais com interesses econômicos.

É possível, no caso chinês, pôr na mesma frase “crescimento econômico” e “sustentabilidade”?

Essa não é só uma preocupação chinesa, mas da maioria dos países. Não acredito que qualquer país possa realmente fazer isso. É preciso sacrificar um lado: ou o crescimento econômico ou o meio ambiente.

Conhecendo o passado ambiental chinês, qual é sua visão do seu futuro?

Sou essencialmente pessimista (risos). Claro que há aumento da consciência, e este simpósio no Rio é um exemplo. Mas não sei se teremos tempo para implementar mudanças. Acredito que vamos encontrar novas fontes de energia, ter regulação para frear a poluição, mas não sei se podemos lidar com a tendência de extinção da biodiversidade, da destruição da paisagem natural. E não queremos viver num mundo com um aspecto desolador, sem natureza, não queremos algo totalmente criado ou controlado pelo homem.

Fonte: O globo

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Diálogo BRICS: abertura

Começou hoje, no Rio de Janeiro, o Simpósio Diálogo em História Ambiental: BRICS. Um solenidade envolvendo representantes das instituições apoiadores do evento discursaram dando boas-vindas a todos os participantes.

Todos os professores participantes do BRICS

Os professores William Beinart e Ravi Rajan dissertaram sobre a proposta que é o motivo do encontro: o Diálogo entre as diferentes histórias e historiografias. Beinart destacou as diferenças entre os países e como as semelhanças podem compor um rico panorama para escrever a história.


palestra do prof. William Beinart

Muito bem humorado, o professor Ravi Rajan falou sobre o conceito de  BRICS, seu nascimento e as possibilidades para a história desse grupo de países. Destacou as relações entre Brasil, Índia, China e África do Sul no que se refere a geopolítica e como essa "aliança" se encerra no campos do comércio. A noite contou com a tradução para o português da Professora Lise Sedrez. O seminário prossegue nos dois dias seguintes.

Prof. Ravi Rajan palestrando


Agradeço ao apoio fotográfico de Jason Castro.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Diálogo em História Ambiental: BRICS (programação)

A Fundação Casa de Rui Barbosa, o Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde (COC/Fiocruz) e o Rachel Carson Center for Environment and Society (Munique, Alemanha) organizam entre 27 e 29 de agosto o Simpósio Diálogo em História Ambiental: BRICS. O evento, com entrada franca, acontece em duas instituições: dia 27/8 - UFRJ - na sala do Trono (sala 200) do prédio IH/IFCS (UFRJ - Instituto de História - Largo de São Francisco de Paula, 1 - Centro - Rio de Janeiro)- e dias 28 e 29/8 - e no auditório da Fundação Casa de Rui Barbosa (Rua São Clemente, 134 – Botafogo, Rio de Janeiro).

As nações BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – enfrentam o duplo desafio de expandir suas economias e enfrentar o consequente custo ambiental, com implicações significativas para seus cidadãos. Com base nos dados disponíveis, as projeções indicam prováveis crises de recursos naturais, crescente poluição e problemas crônicos de saúde, além do imenso desafio representado pela urbanização. Se e como esses países vão lidar com isso dependerá da capacidade de seus estados para administrar essas questões e de quão vibrantes e capazes são suas sociedades civis. 

O propósito deste simpósio é explorar essas dinâmicas com uma perspectiva histórica. O seminário congregará 16 pesquisadores nacionais e estrangeiros das nações BRICS com o objetivo de discutir como a historiografia, o Estado e a sociedade civil destas nações têm entendido e transformado historicamente as relações entre sociedade e meio ambiente. O encontro dará a estudantes e pesquisadores brasileiros uma oportunidade única para interagir com pesquisadores de ponta em todo o mundo, e em especial com historiadores de regiões com pouca tradição de debate com a historiografia brasileira.

Mais informações no site do evento: brics-he.historia.ufrj.br/ 

:: Inscrições: Para painéis de manhã e tarde dos dias 28 e 29 de agosto, diante da limitação do espaço, haverá a necessidade de inscrição prévia. Os inscritos receberão um certificado de que assistiram ao simpósio e poderão participar dos espaços de debate contidos nos painéis. Para garantir a vaga, escrever para Bruno Capilé brcapile@gmail.com e Natascha Otoya nataschaotoya@gmail.com

:: Dia 27 de agosto
19h - Abertura Sala do Trono (sala 200) do prédio IH/IFCS, UFRJ – Presença dos representantes das instituições participantes: Manolo Florentino (Casa de Rui Barbosa), Magali Sá (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz), Monica Grin (Programa de Pós-graduação em História Social/UFRJ) e Christof Mauch (Rachel Carson Center).

20h30 - Encerramento do primeiro dia

:: Dia 28 de agosto:
10h - Primeira Sessão - Historiografia
Brasil: “História Ambiental no Brasil: aventurando-se entre o novo e o velho” – Lise Sedrez e Eunice Nodari
Russia: “História Ambiental da Rússia” - Julia Lajus
Índia: “Escrevendo Histórias Ambientais do Sul Asiático na Época do Antropoceno” – Rohan D'Souza
China: “História Ambiental da China” - Hou Shen

12h10 - Almoço

13h30 - Segunda Sessão – Historiografia
Africa do Sul: “Os historiadores do leão - História ambiental no Sul da África.”
Debate sobre historiografia.

15h20 - Terceira Sessão – Estado
África do Sul: “Estado, Apartheid e meio ambiente na África do Sul” – William Beinart
China: “O papel dos estados da China na proteção ambiental” - Mei Xueqin
Índia: “O estado na história ambiental da Índia” - Ravi Rajan
Rússia: “O Estado e a transformação da natureza na Rússia do século XX” - Paul Robert Josephson

17h30 - Encerramento do segundo dia

:: Dia 29 de agosto
10h - Primeira Sessão – Estado
Brasil: “Estado e meio ambiente no Brasil” – Regina Horta
Debate sobre Estado.

11h15 - Segunda Sessão – Sociedade Civil
Brasil: “Sociedade civil e meio ambiente no Brasil” – José Augusto Pádua
Índia: “Sociedades civis: diversidade cultural e ambiental na Índia” - Shiv Viswanathan

12h - Almoço

13h30 - Terceira Sessão – Sociedade Civil
China: “Sociedade civil e movimento ambientalista chinês: uma perspectiva histórica” - Fei Sheng
Russia: “Sociedade civil na história ambiental da Rússia contemporânea” – Nikolay Dronin 
África do Sul: “Sociedade civil, raça e meio ambiente na África do Sul” – Farieda Khan

16h - Quarta Sessão – Sociedade Civil
Debate sobre Sociedade Civil.

17h - Plenária final 
Moderadores: Ravi Rajan e Lise Sedrez

19h - Encerramento do Simpósio

Fonte: http://www.casaruibarbosa.gov.br

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Natureza e urbanismo com Gareth Doherty: palestra na PUC-RJ

Gareth Doherty é Professor da Harvard University Graduate School of Design. Doutor em Projeto pela Harvard University em 2010. Sua pesquisa foca em epistemologia do projeto de paisagismo e urbanismo. Próximos livros incluem: "Is Landscape...? Contemporary Essays on the Identity of Landscape", editado por Charles Waldheim (Routledge, 2015), e "Landscape as a Way of Life: Lectures by Roberto Burle Marx" (Lars Müller Publishers, 2015). 

É editor fundador do periódico "New Geographies" e editor chefe do "New Geographies 3: Urbanisms of Color" (2011). É co-diretor do projeto de pesquisa "Sustainable Future for Exuma" com Mohsen Mostafavi, com quem editou "Ecological Urbanism" (2010), recenetemente traduzido para o chinês, espanhol e português e editado pela Gustavo Gili (2014).

Nos últimos anos, esteve envolvido em projetos que aliam ecologia com urbanismo. Ecologia é empregada como uma maneira de transformar o urbanismo com o argumento de que se para atingir a sustentabilidade as cidades devem, na verdade, possuir uma visão ecológica muito mais abrangente do que a usual, incluindo aspectos ambientais, sociais e estéticos. 

O que essa abordagem significa em termos de projeto? A palestra apresenta um trabalho em andamento, adaptado da antropologia, na qual arquitetos e urbanistas podem se engajar em múltiplas ecologias simultaneamente para projetar e planejar arquiteturas, paisagens e cidades mais bem sucedidas.
A palestra conta com os seguintes apoios:

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura (PPGArq/PUC-Rio)

Instituto de Pesquisas em Infraestrutura Verde e Ecologia Urbana (INVERDE)

Associação Nacional de Paisagismo (ANP)

Iniciativa Latinoamericana del Paisaje (LALI)

Society for Urban Ecology (SURE)

Data: 13.08.14
Horário: 19:00 às 20:30
Local: PUC-Rio, Campus Gávea - auditório B8, Edifício Frings, 8o. andar 
Informações: gradarq@puc-rio.br

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O que o HSBC pensa sobre natureza ?

Não há nada nesse mundo tão lucrativo quanto os Bancos. Essas empresas que nos taxam e sobretaxam. Cobram juros como lhe parecerem por bem. O governo brasileiro é uma grande mãe para seus sócios. O post de hoje é para expressar minha indignação com as propaganda do HSBC.

Já faz tempo que eu queria escrever isso, mas pensava que iria dar muito cartaz pro HSBC, até que estive no aeroporto de Londres e fiquei impressionado com a quantidaaade de propaganda por toda parte. Mas era anúncios de muuuito mal gosto. Vejam o slogan: "In the future, nature and technology will work as one", e completam dizendo que está surgindo um novo mundo.

O que o sistema capitalista tem proporcionado é exatamente o contrário. Os humanos, por meio da tecnologia, tem cada vez mais se colocado de costas para a natureza, explorando-a sem responsabilidade, como se ela fosse inesgotável. 

São muitos os anúncios do HSBC nessa mesma perspectiva. Para mim, soa como um cinismo, como se não percebêssemos que os bancos fazem parte desse grande sistema que esgota os recursos naturais. Aqui colocamos dois anúncios, curiosamente um deles é com uma abelha, que tem tido mutos problemas pelo mundo.

Já não gostava do HSBC por conta de suas altas taxas, com essa campanha aumentou minha repulsa. Colocar código de barra em um peixe é de muito mal gosto. O cinismo do HSBC pode ser interpretado também como uma tentativa de criar a sensação de que o tipo de modelo exploratório capitalista está criando um futuro sustentável, o que sabemos não ser verdade. O que empresas como o HSBC tem contribuído é com projetos que cada vez mais afastam o mundo natural do humano - o que sabemos não ser possível, já que nossa existência depende de uma certa harmonia pois somos parte da natureza.

Você pode ver as propagandas que citei neste link http://datacide.c8.com/what-is-this-future/

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dossiê "História Ambiental" na revista Historia 2.0

A sétima edição (2014) da revista Historia 2.0 apresenta um dossiê sobre História Ambiental, com destaque para o passado hispano americano. Um resumo apresentado pela revista diz assim:

"El universo, el tiempo, las partículas más pequeñas y las galaxias, son partes del mundo natural con las que nos relacionamos inevitablemente y sin ningún tipo de agencia, pues tan sólo quedan a nuestro alcance por la cognición; pero a su vez nos enfrentamos a otros innumerables elementos, de igual forma inevitablemente, ante los cuales tenemos diferente magnitud de agencia, entre ellos podríamos enumerar los más obvios: animales, plantas, minerales, océanos, paisajes, etc. Entre aquella suerte cosmiquista y esta otra histórica nuestra especie, nuestras sociedades y nuestros individuos se desenvuelven, en este sentido la historiografía así como la historia natural trata la relación del hombre –sin más– con la naturaleza, es decir lo que no es producto de su creación, manufactura o industria. Lo anterior me recuerda las palabras de un célebre historiador latinoamericano, para quién una historia que narraré las relaciones del hombre con el mundo natural podría convertirse en la historia general de la humanidad".

A revista está on line e pode ser acessa em: http://historia2.0.historiaabierta.org/index.php/revista/issue/view/7