terça-feira, 12 de novembro de 2013

Revista Cantareira: chamada para dossiê 'história e meio ambiente'

Chamada para publicação na 19ª edição da Revista Cantareira

É com muita satisfação que a Revista Cantareira, publicação discente do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (ISSN 1677-7794), passa a receber propostas de artigos para compor o dossiê "História e meio ambiente” a ser publicado no primeiro semestre de 2014.

A partir de uma abordagem interdisciplinar as pesquisas que investigam as relações entre a História e a natureza, em seu sentido mais amplo, ganharam força nos últimos anos. Motivada por esse impulso a Revista Cantareira esta aberta a receber contribuições nessa área.

Desde o final do século XIX e princípios do século XX, o chamado “determinismo geográfico” era uma corrente científica influente em vários países da Europa, com repercussões também no Brasil. “Os Sertões” (1902) de Euclides da Cunha talvez seja o exemplo mais marcante dessa influência entre os intelectuais brasileiros. Nas primeiras décadas do século XX esse determinismo também começava a ser revisto. Os estudiosos fizeram uma releitura passando a destacar não como o meio determinava o desenvolvimento das sociedades, mas o quanto ele influenciava. A publicação de “O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II” de Fernand Braudel em 1946 foi um passo importante nessa releitura, mas antes dele Marc Bloch e Lucien Febvre já haviam dado contribuições nesse sentido. Mais uma vez, os historiadores brasileiros acompanhariam de perto esse processo ainda que, neste momento, não se possa estabelecer uma relação direta entre a produção intelectual na França e no Brasil. Gilberto Freyre com “Nordeste” (1937) tratava do impacto da cana de açúcar na destruição do meio ambiente e suas implicações sociais, assim como Sérgio Buarque de Holanda alguns anos mais tarde abordaria com “Monções” (1945), como a expansão das bandeiras paulistas também esteve condicionada aos regimes fluviais.

A partir de meados do século XX as investigações sobre o tema ganharam grande sofisticação com os trabalhos de Emmanuel Le Roy Ladurie – “L’Histoire du climat depuis l’na mil” (1967) – na França e de Keith Thomas – “O homem e o mundo natural” (1983) – na Inglaterra. O historiador francês procurou relacionar o surgimento das doenças, como pestes, e as transformações de ordem natural, enquanto Thomas demonstrou o surgimento de novas sensibilidades do homem em relação as plantas e os animais na época moderna.

Ainda relacionada a esta temática é preciso se referir ao livro “A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira” (1996) de Warren Dean que tratou da história das relações entre o homem e a Mata Atlântica e da devastação desse ecossistema único no mundo.

Trata-se, portanto, de um campo que continua a florescer e, assim, a Cantareira tem em vista receber trabalhos originais na área.

Além das contribuições para o dossiê, a revista aceitará também artigos livres, resenhas e transcrições comentadas sobre temas diversos. Os interessados devem seguir as normas de publicação disponíveis em: http://www.historia.uff.br/cantareira.

O prazo para recebimento de artigos do dossiê e das diferentes seções da Revista encerra-se em 16 de dezembro de 2013.
http://www.historia.uff.br/cantareira
www.historia.uff.br

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