quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Os muitos rios do Rio de Janeiro: transformações e interações entre dinâmicas sociais e sistemas fluviais na cidade do Rio de Janeiro (1850-1889)


Tese de doutoramento apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pósgraduação em História Social do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.

Autor: Bruno Capilé 

Resumo

A partir de uma perspectiva interdisciplinar e multitemática com a história como principal eixo, esta tese analisa como os rios urbanos participaram da história da cidade do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. A sociedade urbana interagiu de maneira heterogênea com a diversidade fluvial composta de nascentes, cachoeiras, várzeas, vales, foz, ou, nos termos desta tese, alto, médio e baixo curso dos rios. No alto curso, o Estado imperial se apropriou do ambiente florestal legitimado pela necessidade hídrica para a cidade. Reflorestamentos, estradas, desvios de rios, e outras modificações domesticaram a paisagem florestal para o abastecimento e outras atividades, como passeios, banhos, descanso para cura. No médio curso, os subúrbios também foram idealizados, transformados e incorporados ao território urbano. A persistente ruralidade foi reprimida e inviabilizada pelas ideias da medicina social. Estas teorias foram a base para o planejamento urbano dos engenheiros do Império, e concebiam os corpos de águas estagnadas como principais focos de doenças. Na sequência, no baixo curso, ocorreram o aterro e a drenagem de ambientes biofísicos originais que resistiam ao crescimento urbano, como foi o caso do manguezal de São Diogo e outras áreas alagadas. A resiliência das bacias hídricas podia ser percebida na força das águas dos rios, em caso de inundações, pontes derrubadas, margens deslizadas. Na interface entre a sociedade urbana e os ambientes fluviais, outras espécies interatuaram no desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro: cavalos, burros, agrião, árvores, porcos, mosquitos e muitos outros. Esta tese conta uma história ambiental da cidade do Rio de Janeiro que desloca para o centro da narrativa estes vários agentes não-humanos conectados pelos muitos rios do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: história do Rio de Janeiro – Império, história ambiental urbana, história; urbana, rios urbanos, natureza urbana.


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