Marlison Souza Moraes
Considerada a obra prima do autor Albert Camus (1913-1960), “A Peste” (1947) publicada ao final da primeira metade do século XX, aborda questões que refletem diretamente no próprio contexto pandêmico em que vivemos.
O livro discute sobre a história da cidade de Oran, localizada na Argélia, onde os moradores são pegos de surpresa ao ver o local onde moram ser atingido de forma significativa e cruel por uma peste. Camus constrói a narrativa da obra em torno dessa cidade, pois ao longo das primeiras páginas, ele narra que a localidade em questão possui um estilo de vida muito monótono, marcado pela “mesmice” da população que encara com estranheza a chegada da peste no território. No começo da epidemia, os principais vetores constituíam-se por ratos que eram encontrados mortos pelas ruas e demais cantos da cidade. Porém, posteriormente ela atinge também a própria população local que tem suas vidas totalmente modificadas por conta desse impasse.
Além disso, vale ressaltar que a obra é considerada uma própria alegoria à ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial, por isso o autor é tão minucioso em descrever temas sobre a vida urbana, impacto político e cultural da peste, assim como a incógnita que fica em meio à epidemia. Contudo, em meio ao caos instalado, os trabalhadores descobrem a solidariedade em meio à peste que assola a cidade, uma vez que individualismo é uma característica recorrente nessas situações. Por isso, o livro é bem feliz em fazer uma reflexão sobre a importância de ajudarmos uns aos outros num período tão difícil.
Dessa forma, o que podemos esperar do livro A Peste? Definitivamente, uma obra que retrata de maneira crucial e sensível a questão do impacto da peste que atinge uma cidade tranquila, construindo uma metáfora em torno do Nazismo durante a Segunda Guerra Mundial e seus efeitos negativos. Pois, como disse o autor: "...o bacilo da peste não morre, nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis, na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada... viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz..." Ou seja, a peste não escolhe gênero, raça, ou classe social, se não nos atentarmos para o passado e para as medidas de prevenção, teremos várias Oran no mundo.
Marlison é estudante do curso Licenciatura em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA) Campus Ananindeua. É membro do Grupo de Pesquisa CNPq História e Natureza. Atualmente desenvolve pesquisa sobre os temas: História, Literatura e Gênero na Amazônia durante o período Civil Militar.
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