segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Mata Atlântica e a Floresta Amazônica na Construção Histórica do Território Brasileiro: por José Augusto Pádua

A Mata Atlântica e a Floresta Amazônica na Construção Histórica do Território Brasileiro

Palestrante: Professor José Augusto Pádua (Universidade Federal do Rio de Janeiro)


A palestra apresenta uma comparação sintética dos processos histórico-sociais de ocupação dos dois grandes complexos de florestas tropicais que marcam a paisagem do atual território brasileiro: A Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. O período focalizado será o de meados do século XX ao momento atual. A diferença nos níveis de desmatamento agregado desses dois complexos – cerca de 91% na Mata Atlântica e 20% na Floresta Amazônica, são reveladores do padrão geográfico da história ambiental do Brasil, indicando tempos e contextos históricos diversificados na construção das múltiplas fronteiras de territorialização ao nível das várias regiões.

As histórias da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica não devem ser pensadas de maneira isolada, pois estão inseridas nos movimentos complexos de construção do território brasileiro. Os agentes do grande desflorestamento ocorrido na Amazônia entre 1970 e 2000, nesse sentido, vieram principalmente das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Eles chegaram na Amazônia a partir das atividades sociais e das práticas culturais que os constituíram enquanto atores sociais no contexto geográfico e histórico da Mata Atlântica. Nessa perspectiva, o estabelecimento de um "arco do desmatamento" na Amazônia se deu através do avanço de migrações populacionais e empresariais vindas de regiões da “outra” floresta, levando para a Amazônia as dinâmicas de desmatamento elaboradas na Mata Atlântica.

Na apresentação, será discutido também a “virada cultural” na imagem e na geopolítica das florestas tropicais a partir das últimas décadas de século XX, tanto ao nível internacional quanto nacional. Essa mudança conceitual fundamentou as novas políticas públicas de conservação da Mata Atlântica, a partir de 1993, e de forte redução no desmatamento na Amazônia a partir de 2003. O destino da Mata Atlântica vem servindo como contraexemplo para pensar o futuro da Amazônia.

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