sexta-feira, 14 de junho de 2013

As hiper mulheres: música, oralidade e natureza

'As hiper mulheres' é um filme pra se divertir enquanto somos convidados a refletir sobre o cotidiano de uma outra cultura. Um excelente trabalho dos diretores Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro que foram além de uma narrativa interessante, para nós que não conhecemos a vida dos indíginas a funda, é sobretudo um filme revelador.

O filme conta a história de um velho que, temendo a morte da esposa idosa, pede a seu sobrinho que realize o maior ritual feminino do Alto Xingu, para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente. 
Enquanto isso, a narrativa apresenta o processo de perpetuação dos cantos sagrados (o ritual feminino do Jamurikumalu) aos mais novos. Mas Kanu, aquela que realmente conhece todos os cantos, está doente, e trazer de outra aldeia alguém capaz de exercer a função é inviável. Sem exageros, o sexo é tratado de maneira simples, com uma sensualidade divertida.



Os atores pertencem a etnia Kuikuro, do Alto Xingu, e nos permitem conhecer como a música tem papel indispensável não apenas para a construção histórica desse povo mas para acessar o mundo espiritual do presente. Em várias cenas é possível se deliciar com belos panoramas e perceber como essa comunidade mescla diversas culturas e tradições, inclusive dos brancos.

A cultura material também está presente nas cenas de 'As hiper mulheres', o solo, a floresta, a caça aos peixes e os instrumentos também revelam como a natureza faz parte de um cotidiano que parece não ter abusado dos recursos disponível no mundo. O mundo natural compõe ão apenas as música, mas também a memória dos Kuikuro. Uma sociedade em que as mulheres tem papel diferente daquele  que nós conhecemos. Mas, sobretudo, é um outro tipo de cinema que também diverte e nos faz refletir. Recomendo!

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