segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um Django Livre no Distrito Federal: faroeste caboclo e o sujeito histórico

Passado em Brasília, 'Faroeste Caboclo' é um filme baseado na música, com mesmo título, de Renato Russo que para além de cumprir o papel de divertir, pode ser entendida como um relato sobre o cotidiano da década de 1980 na capital brasileira e suas conexões com outras regiões do país.

João, o protagonista da trama, decidi (ou a vida faz assim) se mudar de Santo Cristo, suposta cidade baiana, para Salvador. Ali fica sabendo das oportunidades que o Distrito Federal poderia lhe proporcionar. É uma crônica do mundo urbano brasileiro e o impacto que ele causa na vida de um jovem vindo do interior com o cuidado de tratar os personagens como sujeito de sua própria história.

O diretor do filme, René Sampaio, fez sua estreia em grande estilo. Apesar de cometer alguns erros para acelerar as passagens de tempo no início da película, é extremamente feliz quando decidi dar um tom de Django Livre para seu filme, isto é, assumi tomadas típicas de histórias do faroeste americano, contando o complexo mundo das drogas, as diferenças e preconceitos sociais, as continuidades entre campo e cidade e outros temas mais.

O ponto alto do filme é a independência de João do Santo Cristo na trama. Ele é um sujeito histórico, isto é, não é passivo no contexto que vive, ao contrário, faz escolha. Herói quase indestrutível, que não se comprava no final, combatendo SEUS vilões apenas a partir de seus próprios interesses. Como todos nós somos e  como alguns historiadores insistem em  não aceitar em suas narrativas que constroem personagens heróis até o fim ou indivíduos altruístas que lutariam por uma causa sem pretensões. Vale a pena assistir!

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