terça-feira, 11 de março de 2014

Pompeia: à sombra de um poder maior

Escondida durante 1600 anos, a cidade italiana de Pompéia foi reencontrada no ano de 1599, quando realizavam escavações para o desvio de um rio. Por conta de uma grande erupção do Vulcão Vesúvio, Pompéia e Herculano foram encobertas e destruídas por uma chuva de cinzas, o que nos possibilita hoje conhecer inúmeras cenas do cotidiano daquela civilização.


Trágico e curioso, o fim dessa cidade motiva o enredo do filme "Pompeia", que tem recebido duras críticas principalmente daqueles que procuram nas películas uma "História Fiel e Verdadeira", que sabemos estar ausente até mesmo de muitos livros escritos por historiadores. Longe de querer defendê-lo, parece-me claro que é um baita blockbuster, produzido para divertir através de cenas de ação, efeitos especiais e romance. 

O que me motivou a escrever sobre o filme foi uma frase que acompanha o título nos cartazes publicitários que anunciam ao público o romance: "Um império à sombra de um poder maior". Eles poderiam ter colocado algo do tipo: "o amor em erupção". Brincadeiras à parte, isso nos chama atenção para a importância de contarmos a história considerando os elementos não humanos, os fenômenos naturais, ou como quisermos chamar esses acontecimentos imponderáveis que enriquecem a narrativa sobre o passado.

O último dia de Pompeia, de Karl Bryullov (1830-33)
O filme acaba apresentando em certa medida as relações estabelecidas entre aquela sociedade e o vulcão, por exemplo a dimensão religiosa, como um deus adormecido que possui sentimentos e vontades, que fertiliza o solo e concede riqueza aos moradores ao redor. Podemos pensar também no risco que os humanos decidem correr ao longo do tempo, ainda hoje isso se repete em lugares como o extremo oeste estadundense, onde é sabido haver risco de um grande terremoto, áreas de morro em algumas cidades do Estado do Rio de Janeiro, como Petrópolis, onde as chuvas causam deslisamentos ou tantas outras cidades litorâneas.

Não vou dizer que os publicitários do filme tiveram sensibilidade para escrever a frase, mas digo que foram felizes em perceber a imponência da cidade de Pompéia no período em que era uma região rica economicamente e sua vulnerabilidade diante de "poderes maiores". Que tal estarmos atentos, ao escrevermos sobre o passado, nessas relações entre humanos e o mundo natural, mesmo que não pareçam tão trágico como foi em Pompéia. Que tal perceber nossa vulnerabilidade e o imponderável em nossa vida cotidiana?

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