quinta-feira, 25 de julho de 2013

Exposição "Gernot Minke - Bioconstrucción"

(Buenos Aires)  Estava caminhando pela Av. del Libertador, em Buenos Aires, e me deparei com um prédio estreito em meio a um jardim com esculturas em ferro. Me aproximei e vi que se tratava de um museu, mais especificamente de arquitetura e desenho.


Entrei e havia um balcão de recepção onde imediatamente me perguntaram se eu queria visitar o museu ou a "exposición de Minke". Respondi que queria ver todo o museu e então me orientaram que no primeiro pavimento estava a exposição "5x4: veinte casas en el territorio argentino"; no segundo pavimento uma exposição do arquiteto Gernot Minke que, segundo o rapaz que me recebeu, "hace casas con materiales naturales, de adobe"; e no terceiro pavimento e jardim estava a exposição de esculturas de Fernando Iglesias Molli. Sim, um museu sem acervo, cuja a proposta é privilegiar a variedade de exposições simultâneas dos temas do museu, evidenciados em seu nome.

Comecei, então, a visitar o Museo de Arquitectura y Diseño (MARQ), que pertence à Sociedad Central de Arquitectos (SCA). O prédio do museu - depois soube - é de 1915 e era a antiga torre de água pertencente ao complexo do terminal ferroviário de Retiro, bairro onde está situado - o que explica a umidade do lugar e a adaptação das escadas.

Quando cheguei ao segundo pavimento entendi o porquê da pergunta se queria ver especificamente "aquela exposição". Montada de forma simples, o único texto que possui está junto à porta, antes de entrar na sala. Ali explica quem é o arquiteto, sua filosofia de vida e trabalho, bem como a jornada de eventos que havia realizado na Argentina entre abril e maio deste ano.


Eu, que não conhecia seu trabalho, antes de entrar na exposição propriamente, fiquei sabendo que o arquiteto e engenheiro alemão Gernot Minke é uma referência em bioconstrução e sustentabilidade de forma geral. Que nos quarenta dias que precederam a mostra esteve em várias cidades da Argentina dando cursos e conferências, o que foi chamado de Tour de Bío-constucción e que gerou, inclusive, um material audiovisual. Esse tour contou com um plano de bolsas voltadas para representantes comunitários, o que mostra preocupação com o alcance social do evento.
Portanto, entrei na sala munida não só de informações sobre a arquitetura que iria ver, mas do conceito de toda uma prática de trabalho preocupada com a sustentabilidade.

Dentro da sala havia pequenos painéis com fotos das construções, de seu processo de realização e legendas que falavam do material utilizado e onde se localizavam. Ao centro, uma mesa com várias espécies de materiais naturais e ao lado da mesa, duas pessoas trabalhando em uma escultura de argila dispostas também a esclarecer qualquer dúvida sobre os materiais e processos de produção.
Como forma de expor, achei interessante a proposta. Não só a apresentação das matérias primas diversificadas e o atelier montado no espaço, mas também o fato de os dois artistas serem, de certa forma, os mediadores da exposição. Numa época em que o maior chamariz para exposições é a interatividade e o uso da tecnologia para auxiliar a passagem de informações, achei a montagem desta condizente com todo o conceito trabalhado por Minke.

Visitei ainda a exposição de esculturas, mas fiquei com a imagem de algumas casas ecológicas na cabeça. Como leiga que sou no assunto, ao sair do museu fui procurar ler mais sobre o arquiteto e sobre arquitetura bioconstrutiva - e, para mim, despertar o interesse de seus visitantes para o tema apresentado é sinônimo de sucesso para qualquer exposição.

Portanto, para quem, como eu, tiver curiosidade sobre Gernot Minke e seu trabalho, recomendo:

A exposição ficou aberta ao público até o dia 21 de julho, no MARQ:

Marq. Museo de Arquitectura y Diseño Julio Keselman

Avda. del Libertador 999 esquina com Callao, Buenos Aires
De quarta a domingo de 14 às 20h; terça de 16 às 20h;
Entrada livre e gratuita. Bono contribución $10
+54 11 4800-1888
museo@socearq.org
www.socearq.org

Por Moema Alves

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