(Buenos Aires) Estava caminhando pela Av. del Libertador,
em Buenos Aires, e me deparei com um prédio estreito em meio a um jardim com
esculturas em ferro. Me aproximei e vi que se tratava de um museu, mais
especificamente de arquitetura e desenho.
Entrei e havia um balcão de recepção onde
imediatamente me perguntaram se eu queria visitar o museu ou a "exposición
de Minke". Respondi que queria ver todo o museu e então me orientaram que
no primeiro pavimento estava a exposição "5x4: veinte casas en el
territorio argentino"; no segundo pavimento uma exposição do arquiteto
Gernot Minke que, segundo o rapaz que me recebeu, "hace casas con materiales naturales, de adobe"; e no terceiro
pavimento e jardim estava a exposição de esculturas de Fernando Iglesias Molli.
Sim, um museu sem acervo, cuja a proposta é privilegiar a variedade de
exposições simultâneas dos temas do museu, evidenciados em seu nome.
Comecei, então, a visitar o Museo de Arquitectura y Diseño (MARQ), que
pertence à Sociedad Central de Arquitectos
(SCA). O prédio do museu - depois soube - é de 1915 e era a antiga torre
de água pertencente ao complexo do terminal ferroviário de Retiro, bairro onde
está situado - o que explica a umidade do lugar e a adaptação das escadas.
Quando
cheguei ao segundo pavimento entendi o porquê da pergunta se queria ver
especificamente "aquela exposição". Montada de forma simples, o único
texto que possui está junto à porta, antes de entrar na sala. Ali explica quem é
o arquiteto, sua filosofia de vida e trabalho, bem como a jornada de eventos
que havia realizado na Argentina entre abril e maio deste ano.
Eu,
que não conhecia seu trabalho, antes de entrar na exposição propriamente,
fiquei sabendo que o arquiteto e engenheiro alemão Gernot Minke é uma
referência em bioconstrução e sustentabilidade de forma geral. Que nos quarenta
dias que precederam a mostra esteve em várias cidades da Argentina dando cursos
e conferências, o que foi chamado de Tour
de Bío-constucción e que gerou, inclusive, um material audiovisual. Esse tour contou com um plano de bolsas
voltadas para representantes comunitários, o que mostra preocupação com o alcance
social do evento.
Portanto,
entrei na sala munida não só de informações sobre a arquitetura que iria ver,
mas do conceito de toda uma prática de trabalho preocupada com a
sustentabilidade.
Dentro
da sala havia pequenos painéis com fotos das construções, de seu processo de
realização e legendas que falavam do material utilizado e onde se localizavam.
Ao centro, uma mesa com várias espécies de materiais naturais e ao lado da
mesa, duas pessoas trabalhando em uma escultura de argila dispostas também a
esclarecer qualquer dúvida sobre os materiais e processos de produção.
Como
forma de expor, achei interessante a proposta. Não só a apresentação das
matérias primas diversificadas e o atelier montado no espaço, mas também o fato
de os dois artistas serem, de certa forma, os mediadores da exposição. Numa
época em que o maior chamariz para exposições é a interatividade e o uso da
tecnologia para auxiliar a passagem de informações, achei a montagem desta
condizente com todo o conceito trabalhado por Minke.
Visitei
ainda a exposição de esculturas, mas fiquei com a imagem de algumas casas
ecológicas na cabeça. Como leiga que sou no assunto, ao sair do museu fui
procurar ler mais sobre o arquiteto e sobre arquitetura bioconstrutiva - e,
para mim, despertar o interesse de seus visitantes para o tema apresentado é sinônimo
de sucesso para qualquer exposição.
Portanto,
para quem, como eu, tiver curiosidade sobre Gernot Minke e seu trabalho,
recomendo:
http://www.youtube.com/watch?v=8ZDlCg6wBBk
(entrevista em espanhol)
A exposição ficou aberta ao público até
o dia 21 de julho, no MARQ:
Marq. Museo de
Arquitectura y Diseño Julio Keselman
Avda.
del Libertador 999 esquina com Callao, Buenos Aires
De quarta a domingo de 14 às 20h; terça de 16 às 20h;
Entrada livre e gratuita. Bono contribución $10
+54 11 4800-1888museo@socearq.org
www.socearq.org
Por Moema Alves
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