quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ao paraíso vestido de elefante: distância entre homens e bichos

Tendo provado que os corpos de homens e seres brutos são de um só tipo, é quase supérfluo considerar as mentes. Charles Darwin

Keith Thomas, na obra O homem e o mundo natural, utiliza como uma das epígrafes que abre o capítulo III, Homens e Animais, frase de Darwin. Seu objetivo é discutir como a experiência real dos homens com os bichos transformou a visão dos seres humanos sobre a fauna. Mas não é bem sobre isso que quero escrever neste post, mas sobre como o clip da canção Paradise do grupo britânico Coldplay me faz pensar sobre essa relação humanos x outras espécies.

Primeiro, vamos ao clipe:

Parece que diferente de Darwin, Mat WhiteCross (diretor do clipe) quis não só provar a semelhança entre corpos brutos e humanos, mas também que suas mentes são "do mesmo tipo". a busca pelo paraíso se confunde com o sentimento de liberdade, esse é um ponto que, na minha opinião, aproxima a mente de "brutos e humanos" - e ainda ontem conversava com uma grande amiga questionando: "E esses pobres cachorrinhos aprisionado nas coberturas da Zona Sul carioca, são realmente felizes?".E esses pobres seres humanos aprisionados na primeira classe das aeronaves, nos metrôs, escrevendo em blogs...são realmente felizes? Falando sobre os bichos, Keth Thomas monstra que ao longo da história houve muitos conflitos na Inglaterra a respeito da exclusividade humana da inteligência e até mesmo a imortalidade da alma dos animais - isto é, sobre as aproximações entre homens e bichos. E o paraíso? Onde está para os humanos? E para os elefantes?

Essa vontade que temos de enxergar nossos sentimentos em outras espécies movimenta o clipe e os passeadores de cães pelas ruas das cidades. Mas se vestir de elefantes parece ser uma boa saída pra descobrir o paraíso - natureza, amizade com os da mesma espécie - somos mais elefantes do que pensamos, animais brutos de pelúcia.

Quis apresentar os argumentos de Keith Thomas, refletir sobre como a cultura se apropria da figura animal e como há uma historicidade em tudo isso - não consegui. Para não cansar quem leu até aqui, termino destacando a cena que me fez escrever tudo isso: o suspiro do elefante na jaula (0:15s). Para mim, ali estão humanos e bichos, orgânico e psicológico - como é uma respiração profunda. Ali nasce o paraíso. ..Diante disso, "é quase supérfluo considerar" OS CORPOS - fico com as mentes.

A roda e a borboleta

Life goes on/ It gets so heavy / The wheel breaks the butterfly
Every tear, a waterfall / In the night, the stormy night
She'll close her eyes / In the night / The stormy night/ Away she'd fly


Me chamou atenção o trecho " The wheel breaks the butterfly" e me parece que o autor quis fazer uma relação com a expressão "Who breaks a butterfly upon a wheel?", que segundo pesquise na internet é uma citação - às vezes mal interpretado com "on" no lugar de "upon" - de Alexander Pope's em sua " Epístola ao Dr Arbuthnot "de Janeiro de 1735.

Pode ser tomado como se referindo a colocar enorme esforço para conseguir algo menor ou sem importância, e alude a " quebra na roda ", uma forma de tortura em que as vítimas tiveram seus ossos longos quebrado por uma barra de ferro enquanto amarrado a "roda de Catherine" uma máquina torturadora usada desde a Idade Média até o século XIX na Europa (imagem ao lado).

Sobre o Clipe
O clipe foi gravado na África do Sul e em Londres e foi dirigido por Mat WhiteCross. A música é o segundo single do álbum "Mylo Xyloto", que foi lançada em outubro de 2011 e é a canção mais tocada no Reino Unido.

Dados (In) dispensáveis:
1. Gosto muito da música e do clipe.
2. Acho o elefante um animal muito maneiro.
3. Sempre tive vontade de me fantasiar desses bichos de pelúcia.

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